O Que Significa Dois Pontos - [Resposta exata] CLT Livre

O Que Significa Dois Pontos

O Que Significa Dois Pontos

O que significa colocar dois-pontos?

Os dois-pontos são um sinal de pontuação usado para separar dois períodos que estão muito relacionados entre si. Os dois-pontos deixam explícito que há, entre esses dois períodos, uma pausa breve que representa uma relação de explicação, enumeração ou, mesmo, uma citação, Leia também: Uso da vírgula — afinal, como e quando utilizar adequadamente esse sinal?

O que significa dos pontos?

Dois-pontos são um sinal de pontuação caracterizado por uma pausa breve antes de uma citação, uma fala de personagem, um aposto enumerativo, uma oração apositiva, uma explicação e após o vocativo em uma correspondência. Assim, eles indicam uma interrupção em frase ainda não finalizada. Leia mais: Coesão textual — refere-se à articulação entre os elementos do texto, no que a pontuação ajuda

O que significa dois pontos em cima da letra?

Novo acordo ortográfico: trema, um sinal a menos O trema, sinal gráfico de dois pontos usado em cima do u para indicar que essa letra, nos grupos que, qui, gue e gui, é pronunciada, será abolido. É simples assim: ele deixa de existir na língua portuguesa. Vale lembrar, porém, que a pronúncia continua a mesma.

COMO É HOJE COMO VAI FICAR
agüentar aguentar
eloqüente eloquente
freqüente frequente
lingüiça linguiça
sagüi sagui
seqüestro sequestro
tranqüilo tranquilo
anhangüera anhanguera

NO ENTANTO, o acordo prevê que o trema seja mantido em nomes próprios de origem estrangeira, bem como em seus derivados. Exemplos: Bündchen, Müller, mülleriano, : Novo acordo ortográfico: trema, um sinal a menos

O que significa três pontos em uma conversa no whatsapp?

Os três pontinhos se chamam reticências e são usados, num texto, para indicar interrupção do pensamento (por ficar, em regra, facilmente subentendido o que não foi dito), ou omissão intencional de coisa que se devia ou podia dizer, mas apenas se sugere, ou que, em certos casos, indica insinuação, segunda intenção,

Quais são as regras de uso dos sinais de pontuação?

Resumo

Sinais de pontuação Usos
Dois-pontos Introduzir discurso direto Introduzir citação Introduzir comentários, explicações ou enumerações
Ponto de interrogação Introduzir frases interrogativas diretas
Ponto de exclamação Indicar exaltação na fala de personagens

Pode colocar dois pontos na redação?

Dois pontos ( : ) – Os dois pontos são muito usados para introduzir uma enumeração, exemplificação, um comentário ou esclarecimento sobre o que vem antes. Exemplo: “O problema tem nome: a desigualdade”.

Quando É usado trema?

Trema – Wikipédia, a enciclopédia livre Nota: Se procura gênero botânico, veja,

Esta página, mas que todo o conteúdo, Ajude a, Conteúdo não pode ser,— Encontre fontes: • ( • • ) ( Agosto de 2020 )

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/td> Relacionados

O trema ( ¨ ), às vezes chamado de diérese, é um sinal usado em diversas línguas para alterar o som de uma vogal, ou para assinalar a independência dessa vogal em relação a uma vogal anterior, constituindo-se às vezes em uma vogal própria e distinta no alfabeto.

Onde o trema ainda É aceito?

A única exceção do uso do trema será para os nomes próprios estrangeiros e seus derivados, como Hübner, Müller, etc. Entretanto, conserva-se o acento agudo nas palavras oxítonas e nas monossílabas tônicas terminadas em ‘éi’, ‘éu’ e ‘ói’.

É possível usar dois pontos duas vezes em uma mesma frase?

Uma possibilidade estilística do código literário 2 de maio de 2012 2 mai.2012 12K A repetição de dois sinais de dois pontos na mesma frase é ou tem sido possível, pelo menos, em textos literários, embora se trate de um uso muito marginal que a maioria dos prontuários, das gramáticas de referência ou dos guias gramaticais não chega a mencionar 1,

Há, no entanto, algumas pistas históricas que permitem um juízo normativo mais consistente. Comecemos por quem considera que a norma atual já não aceita o uso em questão. Tereza Moura Guedes, em Falar Melhor, Escrever Melhor (Lisboa, Seleções do Reader’s Digest, 1991, p.122), assinala-o como alternativa ao ponto e vírgula em certos textos oitocentistas: “O emprego deste sinal é dos que mais têm variado com os tempos e as modas.

Camilo Castelo Branco e Eça de Queirós, por exemplo, empregavam-no em vez do ponto e vírgula. Abster-nos-emos, no entanto, de transcrever passagens deste autores que exemplificariam essa utilização, dado tratar-se de textos do século XIX. É apenas a norma actual que nos deve preocupar.” Esta posição encontra apoio em M.

Said Ali, que, na sua Gramática Secundária da Língua Portuguesa (São Paulo, Edições Melhoramentos, 1965, pág.232), declarava (mantenho a ortografia original): “Antigamente dava-se aos dous pontos aplicação mais lata. Ainda nas obras de Herculano vemo-los empregados frequentemente; mas na maioria desses casos preferimos colocar ou ponto e vírgula ou ponto final.” Contudo, a repetição de dois pontos na mesma frase não é exclusiva de autores do século XIX.

Com efeito, Manuela Parreira e J. Manuel de Castro Pinto, no Prontuário Ortográfico Moderno (Editorial Asa, 1985, p.182), consideram correta a ocorrência de dois grupos de dois pontos na mesma frase, dando exemplos: «Em escritores já considerados clássicos, ou até em modernos, aparecem por vezes, com bom gosto e justeza de aplicação, dois grupos de dois pontos na mesma frase: Sacudiu o avental desceu ao quarto de Luísa: o seu olhar esquadrinhador avistou logo sobre o toucador as chaves esquecidas da despensa: podia subir, beber um trago de bom vinho, engolir dois ladrilhos de marmelada Eça de Queirós, O Primo Basílio Depois deixei de a ver: quando uma outra vez a encontrei, ela falava-me como se eu mal a conhecesse: decerto a nossa entrevista, confirmo-o hoje, recordando o que depois aconteceu, tinha acabado para sempre.

Vergílio Ferreira, Aparição » Se sobre o exemplo de Eça de Queirós pode recair a suspeita de a pontuação reproduzir um uso que já não vigora, a citação de Vergílio Ferreira, que é mais recente, põe em dúvida as afirmações de Tereza Moura Guedes e de M. Said Ali. Na verdade, Vergílio Ferreira (1916-1996), autor do romance Aparição, publicado em 1959, também utilizou «os dois pontos dentro dos dois pontos» e não está assim tão afastado da nossa contemporaneidade.

Não é, pois, de excluir que o escritor tenha pontuado assim por intenção estilística, fazendo eco da escrita oitocentista; por outro lado, a consulta da 30.ª edição de Aparição, publicada em 1996 com a chancela da Bertrand Editora, mostra que essa repetição, se era erro, continuava por corrigir não há muito tempo.

Como explicarei mais adiante, não me parece ser esta a razão, pelo infiro que, ainda em meados do século XX, não se encarava a repetição de dois pontos na mesma frase como um claro erro de pontuação. Poderia objetar-se que as ocorrências de «os dois pontos dentro de dois pontos» mais não são do que o resultado de distração autoral, aliada à negligência de muitos editores.

Mas a ocorrência do uso em questão em diferentes autores, ao longo de mais de cem anos, em livros publicados em diferentes casa editoras, sugere mais a reprodução de um padrão do que um lapso à espera de um bom revisor. Com efeito, as edições das obras de Eça apresentam várias ocorrências do caso em apreço, entre elas, a apresentada pelo consulente: (1) “Estava precioso: tinha fígado e tinha moela: o seu perfume enternecia: três vezes, ferverosamente, ataquei aquelle caldo.” A abonação em (1) é retirada da página 213 da 1.ª edição (póstuma) de As Cidades e as Serras, datada de 1901 (digitalização disponível no arquivo do “site” da Biblioteca Nacional Digital http://purl.pt/234/3/l-5818-v_PDF/l-5818-v_PDF_08-G-R0600/l-5818-v_0000_anterrosto-xxiv_t08-G-R0600.pdf, consultado em 26/04/12).

  • É curioso verificar que, muitos anos depois, a edição que Helena de Cidade Moura realizou nos anos 70 do século passado para a editora Livros do Brasil, baseando-se quer nos manuscritos queirosianos quer na 1.ª edição (póstuma) de 1901, também não altera a pontuação desta curta passagem.
  • Se este exemplo fosse isolado, facilmente se diria que a Helena Cidade Moura escapou um erro de Eça de Queirós.
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Mas não é assim. Entre outras publicações oitocentistas que atestam a repetição de dois pontos na mesma frase 2,2 assinale-se a edição de 1854 de Os Mistérios de Lisboa de Camilo Castelo Branco (1825-1890): (2) «Esta resposta fez-me corar. Olhei a fysionomia delle: era sempre a mesma fysionomia: severa e fria, triste e um não sei que de desprezadora.» Camilo Castelo Branco, Mistérios de Lisboa, tomo I, edição de 1854 (cf.

digitalização do tomo I desta edição Biblioteca Nacional: http://purl.pt/21823/2/res-4001-p/res-4001-p_item2/res-4001-p_PDF/res-4001-p_PDF_24-C-R0150/res-4001-p_0000_capa-capa_t24-C-R0150.pdf, consultado em 21/04/2012) Acontece que, nas Obras Escolhidas de Camilo Castelo Branco, recolha publicada pelo Círculo de Leitores em 1981, se mantém inalterada a pontuação de 1854.

O responsável pela edição, Alexandre Cabral, não comenta os critérios seguidos na edição do texto, apenas se depreendendo que a ortografia foi atualizada; a pontuação manteve-se como no original, pelo menos, no exemplo em discussão. Outro caso encontra-se nas obras de Almeida Garrett, em cujas Memórias Biográficas, publicadas em 1881 por Gomes de Amorim (pág.301; texto digitalizado disponível em http://ia600202.us.archive.org/16/items/garrettmemoriasb01amoruoft/garrettmemoriasb01amoruoft_bw.pdf, consultado em 26/04/12), ocorre uma frase pontuada do seguinte modo: (3) É uma hora da tarde: estâmos a salvo: ancorámos na angra de Portland.

Seja (3) a imagem fiel da pontuação dada por Garrett ou a marca da intervenção de Gomes de Amorim nos finais do século XIX, parece-me que a probabilidade de, aí, a repetição de dois pontos resultar de um engano não poderá ser maior do que a de o exemplo atestar um uso intencional, que também se acha em Eça e em Camilo.

Acrescente-se que, à semelhança das edições mais tardias já referidas, uma edição de 1983 ( Obras Completas de Almeida Garrett, Lisboa, Círculo de Leitores) deixa intocada a pontuação da frase impressa um século antes. Estas observações levam-me a propor que a prática dos «dois pontos dentro de dois», aqui brevemente documentada, terá tido alguma voga entre escritores e editores dos séculos XIX e XX, sem que tal tenha sido objeto de censura normativa.

  • Não creio que se trate da transmissão ou da coincidência de vários lapsos por parte dos escritores e editores atrás mencionados, porque mesmo as fontes normativas que reprovam a repetição de dois pontos na mesma frase concedem que esse uso é característico de certa época.
  • Em suma, o facto de, em meados do século XX, um texto de Vergílio Ferreira também apresentar o uso em referência indica que se trata — ou tratava — de uma possibilidade estilística do código literário, ainda que alguns autores normativos já a considerassem antiquada.

Quem hoje quiser declarar sem hesitações que é incorreta a repetição de dois pontos na mesma frase deve reconhecer ao menos que está a tomar uma decisão normativa inovadora que penaliza não um lapso, mas um uso provavelmente circunscrito no tempo a um tipo de texto.1 Este uso não se encontra comentado nas seguintes obras: Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa: Edições João Sá da Costa, 1985; Rodrigo de Sá Nogueira, Guia Alfabético de Pontuação, Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1989; Vasco Botelho do Amaral, Grande Dicionário de Dificuldades e Subtilezas do Idioma Português, 1958; Evanildo Bechara, Moderna Gramática Portuguesa, Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2002.

Agradeço a Eunice Marta e a Miguel Moiteiro o apoio prestado no acesso às obras de Sá Nogueira e Botelho do Amaral.2 A identificação dos exemplos a seguir discutidos deve-se à consulta do blogue Assim mesmo, http://letratura.blogspot.pt/2010/09/dois-pontos-repetidos.html de Helder Guégués.3 Em francês, desaconselha-se a repetição de dois pontos, conforme se lê em http://www.la-ponctuation.com/deux-points.html (“site” consultado em 26/04/2012): « Remarque : On évitera fortement de répéter les deux-points dans une même phrase soit en reformulant soit en les remplaçant le cas échéant par « car » ou « parce que ».»,

Cf. Dois-pontos de de dois-pontos + Ao arrepio da norma

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Qual É O nome dos dois pontos?

Dois Pontos (:) – Esse sinal gráfico é utilizado antes de uma explicação, para introduzir uma fala ou para iniciar uma enumeração. Exemplos do uso de dois pontos :

Na matemática, as quatro operações essenciais são: adição, subtração, multiplicação e divisão.Joana explicou: — Não devemos pisar na grama do parque.Descobri onde estava o livro: na mochila.

O que significa dois pontos É uma barra?

Ainda o uso da barra (/) Etimologicamente, a única informação que consigo dar-lhe é que o termo deriva do latim: `barra´ travessa, tranca. Começo por precisar que o que vou dizer se refere à barra com inclinação para a direita: /, simplesmente barra, e não à barra com inclinação para a esquerda:, designada no ing.

por “backslash” e por mim barra esquerda. Tradicionalmente, a barra tem sido utilizada para substituir o sinal horizontal nos números fraccionários (barra de fracção, ex.: ½), ou para abreviaturas (barra de abreviatura, ex.: a/c, s/, etc.) Além disso, a barra passou também a ser usada com função disjuntiva (ou).

Exemplo no da Texto Editora: «no/a terraço/sala (dois locais) → o banquete far-se-á no terraço ou na sala». É uma utilização diferente da do hífen, que tem função aditiva. Exemplo no mesmo trabalho: «na sala-auditório (um só local) → uma sala que também é auditório».

  • Assim, no seu ponto 1, uma grafia do tipo «O uso de lápis/caneta/borracha» poderia significar que se poderia usar lápis ou caneta ou borracha.
  • Claro que esta associação parece ter falta de coerência na estrutura profunda.
  • Seria preferível o conjunto: `lápis/borracha´/caneta.
  • Reparar que lápis/borracha é diferente de lápis-borracha.

Quanto ao ponto 3, não está formalmente errada uma grafia do tipo «sócio-político-histórico-cultural», se houver uma aderência de sentidos nos quatro elementos da palavra composta. Estilisticamente, porém, eu preferiria `sócio-político e histórico-cultural´, com substituição do segundo hífen pela conjunção (também aditiva) e,

NOTA : Como muito bem me observou o nosso competente revisor, a palavra sócio-político já aparece dicionarizada com fusão dos dois constituintes: sociopolítico, logo, neste caso, sem acento. Ao seu dispor,

: Ainda o uso da barra (/)

Qual a diferença entre ponto e vírgula É dois pontos?

O ponto e vírgula é um sinal ortográfico que indica uma pausa maior do que a da vírgula em textos. Assim como o sinal dois-pontos, o ponto e vírgula pode ser usado em enumerações. É empregado também para realizar a separação de orações coordenadas e de considerandos de leis, de decretos etc.

É possível usar dois pontos duas vezes em uma mesma frase?

Uma possibilidade estilística do código literário 2 de maio de 2012 2 mai.2012 12K A repetição de dois sinais de dois pontos na mesma frase é ou tem sido possível, pelo menos, em textos literários, embora se trate de um uso muito marginal que a maioria dos prontuários, das gramáticas de referência ou dos guias gramaticais não chega a mencionar 1,

  1. Há, no entanto, algumas pistas históricas que permitem um juízo normativo mais consistente.
  2. Comecemos por quem considera que a norma atual já não aceita o uso em questão.
  3. Tereza Moura Guedes, em Falar Melhor, Escrever Melhor (Lisboa, Seleções do Reader’s Digest, 1991, p.122), assinala-o como alternativa ao ponto e vírgula em certos textos oitocentistas: “O emprego deste sinal é dos que mais têm variado com os tempos e as modas.

Camilo Castelo Branco e Eça de Queirós, por exemplo, empregavam-no em vez do ponto e vírgula. Abster-nos-emos, no entanto, de transcrever passagens deste autores que exemplificariam essa utilização, dado tratar-se de textos do século XIX. É apenas a norma actual que nos deve preocupar.” Esta posição encontra apoio em M.

Said Ali, que, na sua Gramática Secundária da Língua Portuguesa (São Paulo, Edições Melhoramentos, 1965, pág.232), declarava (mantenho a ortografia original): “Antigamente dava-se aos dous pontos aplicação mais lata. Ainda nas obras de Herculano vemo-los empregados frequentemente; mas na maioria desses casos preferimos colocar ou ponto e vírgula ou ponto final.” Contudo, a repetição de dois pontos na mesma frase não é exclusiva de autores do século XIX.

Com efeito, Manuela Parreira e J. Manuel de Castro Pinto, no Prontuário Ortográfico Moderno (Editorial Asa, 1985, p.182), consideram correta a ocorrência de dois grupos de dois pontos na mesma frase, dando exemplos: «Em escritores já considerados clássicos, ou até em modernos, aparecem por vezes, com bom gosto e justeza de aplicação, dois grupos de dois pontos na mesma frase: Sacudiu o avental desceu ao quarto de Luísa: o seu olhar esquadrinhador avistou logo sobre o toucador as chaves esquecidas da despensa: podia subir, beber um trago de bom vinho, engolir dois ladrilhos de marmelada Eça de Queirós, O Primo Basílio Depois deixei de a ver: quando uma outra vez a encontrei, ela falava-me como se eu mal a conhecesse: decerto a nossa entrevista, confirmo-o hoje, recordando o que depois aconteceu, tinha acabado para sempre.

  1. Vergílio Ferreira, Aparição » Se sobre o exemplo de Eça de Queirós pode recair a suspeita de a pontuação reproduzir um uso que já não vigora, a citação de Vergílio Ferreira, que é mais recente, põe em dúvida as afirmações de Tereza Moura Guedes e de M. Said Ali.
  2. Na verdade, Vergílio Ferreira (1916-1996), autor do romance Aparição, publicado em 1959, também utilizou «os dois pontos dentro dos dois pontos» e não está assim tão afastado da nossa contemporaneidade.
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Não é, pois, de excluir que o escritor tenha pontuado assim por intenção estilística, fazendo eco da escrita oitocentista; por outro lado, a consulta da 30.ª edição de Aparição, publicada em 1996 com a chancela da Bertrand Editora, mostra que essa repetição, se era erro, continuava por corrigir não há muito tempo.

  1. Como explicarei mais adiante, não me parece ser esta a razão, pelo infiro que, ainda em meados do século XX, não se encarava a repetição de dois pontos na mesma frase como um claro erro de pontuação.
  2. Poderia objetar-se que as ocorrências de «os dois pontos dentro de dois pontos» mais não são do que o resultado de distração autoral, aliada à negligência de muitos editores.

Mas a ocorrência do uso em questão em diferentes autores, ao longo de mais de cem anos, em livros publicados em diferentes casa editoras, sugere mais a reprodução de um padrão do que um lapso à espera de um bom revisor. Com efeito, as edições das obras de Eça apresentam várias ocorrências do caso em apreço, entre elas, a apresentada pelo consulente: (1) “Estava precioso: tinha fígado e tinha moela: o seu perfume enternecia: três vezes, ferverosamente, ataquei aquelle caldo.” A abonação em (1) é retirada da página 213 da 1.ª edição (póstuma) de As Cidades e as Serras, datada de 1901 (digitalização disponível no arquivo do “site” da Biblioteca Nacional Digital http://purl.pt/234/3/l-5818-v_PDF/l-5818-v_PDF_08-G-R0600/l-5818-v_0000_anterrosto-xxiv_t08-G-R0600.pdf, consultado em 26/04/12).

  1. É curioso verificar que, muitos anos depois, a edição que Helena de Cidade Moura realizou nos anos 70 do século passado para a editora Livros do Brasil, baseando-se quer nos manuscritos queirosianos quer na 1.ª edição (póstuma) de 1901, também não altera a pontuação desta curta passagem.
  2. Se este exemplo fosse isolado, facilmente se diria que a Helena Cidade Moura escapou um erro de Eça de Queirós.

Mas não é assim. Entre outras publicações oitocentistas que atestam a repetição de dois pontos na mesma frase 2,2 assinale-se a edição de 1854 de Os Mistérios de Lisboa de Camilo Castelo Branco (1825-1890): (2) «Esta resposta fez-me corar. Olhei a fysionomia delle: era sempre a mesma fysionomia: severa e fria, triste e um não sei que de desprezadora.» Camilo Castelo Branco, Mistérios de Lisboa, tomo I, edição de 1854 (cf.

digitalização do tomo I desta edição Biblioteca Nacional: http://purl.pt/21823/2/res-4001-p/res-4001-p_item2/res-4001-p_PDF/res-4001-p_PDF_24-C-R0150/res-4001-p_0000_capa-capa_t24-C-R0150.pdf, consultado em 21/04/2012) Acontece que, nas Obras Escolhidas de Camilo Castelo Branco, recolha publicada pelo Círculo de Leitores em 1981, se mantém inalterada a pontuação de 1854.

O responsável pela edição, Alexandre Cabral, não comenta os critérios seguidos na edição do texto, apenas se depreendendo que a ortografia foi atualizada; a pontuação manteve-se como no original, pelo menos, no exemplo em discussão. Outro caso encontra-se nas obras de Almeida Garrett, em cujas Memórias Biográficas, publicadas em 1881 por Gomes de Amorim (pág.301; texto digitalizado disponível em http://ia600202.us.archive.org/16/items/garrettmemoriasb01amoruoft/garrettmemoriasb01amoruoft_bw.pdf, consultado em 26/04/12), ocorre uma frase pontuada do seguinte modo: (3) É uma hora da tarde: estâmos a salvo: ancorámos na angra de Portland.

Seja (3) a imagem fiel da pontuação dada por Garrett ou a marca da intervenção de Gomes de Amorim nos finais do século XIX, parece-me que a probabilidade de, aí, a repetição de dois pontos resultar de um engano não poderá ser maior do que a de o exemplo atestar um uso intencional, que também se acha em Eça e em Camilo.

Acrescente-se que, à semelhança das edições mais tardias já referidas, uma edição de 1983 ( Obras Completas de Almeida Garrett, Lisboa, Círculo de Leitores) deixa intocada a pontuação da frase impressa um século antes. Estas observações levam-me a propor que a prática dos «dois pontos dentro de dois», aqui brevemente documentada, terá tido alguma voga entre escritores e editores dos séculos XIX e XX, sem que tal tenha sido objeto de censura normativa.

  • Não creio que se trate da transmissão ou da coincidência de vários lapsos por parte dos escritores e editores atrás mencionados, porque mesmo as fontes normativas que reprovam a repetição de dois pontos na mesma frase concedem que esse uso é característico de certa época.
  • Em suma, o facto de, em meados do século XX, um texto de Vergílio Ferreira também apresentar o uso em referência indica que se trata — ou tratava — de uma possibilidade estilística do código literário, ainda que alguns autores normativos já a considerassem antiquada.

Quem hoje quiser declarar sem hesitações que é incorreta a repetição de dois pontos na mesma frase deve reconhecer ao menos que está a tomar uma decisão normativa inovadora que penaliza não um lapso, mas um uso provavelmente circunscrito no tempo a um tipo de texto.1 Este uso não se encontra comentado nas seguintes obras: Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa: Edições João Sá da Costa, 1985; Rodrigo de Sá Nogueira, Guia Alfabético de Pontuação, Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1989; Vasco Botelho do Amaral, Grande Dicionário de Dificuldades e Subtilezas do Idioma Português, 1958; Evanildo Bechara, Moderna Gramática Portuguesa, Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2002.

Agradeço a Eunice Marta e a Miguel Moiteiro o apoio prestado no acesso às obras de Sá Nogueira e Botelho do Amaral.2 A identificação dos exemplos a seguir discutidos deve-se à consulta do blogue Assim mesmo, http://letratura.blogspot.pt/2010/09/dois-pontos-repetidos.html de Helder Guégués.3 Em francês, desaconselha-se a repetição de dois pontos, conforme se lê em http://www.la-ponctuation.com/deux-points.html (“site” consultado em 26/04/2012): « Remarque : On évitera fortement de répéter les deux-points dans une même phrase soit en reformulant soit en les remplaçant le cas échéant par « car » ou « parce que ».»,

Cf. Dois-pontos de de dois-pontos + Ao arrepio da norma