O Que É Senso Comum?
Contents
- 1 Qual é o significado de senso comum?
- 2 O que é senso comum e suas características?
- 3 Qual é a diferença entre o senso comum é o bom senso?
- 4 Porque o senso comum e superficial?
- 5 Quais as vantagens do senso comum?
- 6 Qual a relação que existe entre a filosofia e o senso comum?
- 7 O que é o oposto do senso comum?
- 8 O que é oposto ao senso comum?
- 9 Quando algo se torna comum?
- 10 Como podemos sair do senso comum?
- 11 O que é um argumento de senso comum?
Qual é o significado de senso comum?
O senso comum pode ser definido como um conhecimento comum a todos, ou seja, é uma forma de raciocinar, entender e pensar sobre algo na qual pessoas de determinados grupos fazem da mesma forma.
O que é senso comum com exemplo?
Exemplos de senso comum – Os conselhos, ditos populares e superstições são exemplos marcantes do que é o senso comum. Eles são tidos como verdades e seguidos por diversas pessoas:
Comer manga com leite faz mal; Deixar as sandálias de cabeça para baixo ou abrir o guarda-chuva dentro de casa é um sinal de mau agouro; Cortar os cabelos na lua crescente para que cresçam mais rápido; Usar cores relacionadas a desejos na passagem do ano novo.
O senso comum também pode ser um reflexo dos preconceitos existentes na sociedade, como em:
As mulheres devem cuidar da casa e os homens devem prover o lar; Uma raça ou etnia é mais apta/capaz que outra para determinadas tarefas; “Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”; Meninas vestem rosa e meninos vestem azul.
O senso comum é uma herança cultural que tem a função de orientar o modo de vida das pessoas. Os resultados desses saberes podem ser tanto positivos quanto negativos para a sociedade. Através do senso comum, por exemplo, uma criança aprende o que é o perigo e a segurança, o que pode e o que não pode comer, o que é o certo e o errado.
O que é senso comum e suas características?
O senso comum é um tipo de conhecimento popular, adquirido pela observação e pela repetição e não foi testado metodicamente. O conhecimento cotidiano, não refletido e não testado, que adquirimos por meio da repetição das experiências e da cultura, de geração a geração, é conhecido como senso comum,
Qual é a diferença entre o senso comum é o bom senso?
Senso comum é o que está muito difundido, enquanto bom senso é o que se oferece como razão meditada. “O bom senso existia, mas estava escondido por medo do senso comum”. –
DURAÇÃO: 00:02:21
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Muita gente confunde bom senso com senso comum. Foto: Pixabay
Qual o sinônimo de senso comum?
3 sinnimos de senso comum para 1 sentido da expresso senso comum : Pensamento comum maioria das pessoas: 1 consenso, bom senso, conhecimento vulgar, Use a nossa Inteligncia Artificial Escreva textos incrveis em segundos com nossa nova ferramenta de Inteligncia Artificial.
Qual a importância do senso comum na vida das pessoas?
O senso comum possui uma importância enorme na história dos problemas filosóficos, sobretudo por estar associado à experiência tradicional. Na história da filosofia, o problema do senso comum sempre foi um ponto de enorme importância e grandes debates.
Como identificar um senso comum?
Quais são as principais características do senso comum? – As principais características do senso comum são:
- É passível de ser aceito ou rejeitado por um grupo social: o senso comum é geralmente baseado nas crenças compartilhadas por uma comunidade ou sociedade, mas pode ser questionado e modificado ao longo do tempo.
- É impreciso e incompleto : o senso comum muitas vezes é baseado em generalizações simplistas ou incompletas, que não refletem adequadamente a complexidade do mundo ao nosso redor.
- É influenciado por fatores subjetivos : o senso comum pode ser influenciado por crenças preconcebidas, emoções, interesses pessoais e outros fatores subjetivos que podem levar a conclusões equivocadas.
- É menos rigoroso e crítico que o conhecimento científico: o senso comum é menos rigoroso e crítico em relação a suas fontes e métodos de validação, e pode ser mais suscetível a erros e vieses,
- É útil e importante para a vida cotidiana: apesar de suas limitações, o senso comum é uma forma útil de conhecimento para a tomada de decisões e a resolução de problemas na vida cotidiana.
O que é senso comum prefiro não definir?
10: O que é o senso comum? Prefiro não definir. Talvez simplesmente dizer que senso comum é aquilo que não é ciência e isto inclui todas as receitas para o dia-a-dia, bem como os ideais e esperanças que constituem a capa do livro de receitas.
Porque o senso comum e superficial?
O senso comum é superficial porque desdenha das estruturas que estão para além da consciência, mas, por isso mesmo, é exímio em captar a profundidade hori- zontal das relações conscientes entre pessoas e entre pessoas e coisas.
Quais são os tipos de senso comum?
O Senso Comum é a soma dos saberes do cotidiano e é formado a partir de hábitos, crenças, preconceitos e tradições. Na filosofia, o termo é utilizado para explicar as interpretações feitas pelos indivíduos à realidade que os cercam sem estudos prévios ou provas científicas.
Quais são as três características do senso comum?
É subjetivo e reflete sentimentos e opiniões; considera experiências do cotidiano; aprendizado informal; expressa uma avaliação qualitativa.
O que é um argumento de senso comum?
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição: Ouça este artigo: Chamamos informatividade as informações veiculadas através dos textos escritos ou visuais, como anúncios, artes plásticas, artigos, dentro outros tipos de textos, O grau de informatividade de um texto é medido de acordo com o conhecimento de mundo das pessoas a que ele se destina.
- Ou seja, dizemos que um texto possui um alto grau de informatividade quando a compreensão mais ampla desse texto depender do repertório cultural do leitor.
- Um texto é mais informativo quanto menor for sua previsibilidade, e vice-versa.
- Para que haja sucesso na interação verbal, é preciso que a informatividade do texto seja adequada ao interlocutor.
Uma grande parcela dos textos de circulação nacional veiculados pela mídia possui um grau médio de informatividade. Desta maneira, eles conseguem prender a atenção do leitor e, ao mesmo tempo, acrescentar-lhe novas informações. Assim, textos contendo relatos de experiência em Química Orgânica, por exemplo, apresentará um alto grau de informatividade, quando direcionado a todos os públicos, pois na verdade ele interessa apenas a um público restrito: aqueles que dominam os conceitos desta área científica.
- No entanto, se a informatividade do texto for muito baixa, o leitor pode desinteressar-se por ele, pelo fato de não apresentar nada de novo ou importante.
- Este tem sido um dos grandes problemas das redações de vestibulares,
- É necessário que estas produções apresentem um grau médio de informatividade, para que o texto não corra o risco de cair na obscuridade ou relatar o óbvio.
Um exemplo de informação óbvia é o que comumente chamamos ” senso comum “. São argumentos aceitos universalmente, sem necessidade de comprovação. Por exemplo: “o homem depende do ambiente para viver”, ou ainda “a mulher de hoje ocupa um papel social diferente da mulher do século XIX”.
Informações como estas já foram comprovadas historicamente, não precisam de justificativa. Por apresentarem um grau de informatividade muito baixo, têm um valor persuasivo menor. Às vezes, o senso comum é confundido com “lugar comum”. Estas são informações obscuras, traduzidas em expressões como “o homem não chora”, “todo político é ladrão”, “mulheres dirigem mal”.
Além de preconceituosas, não têm base científica, mas mesmo assim vêm sendo repetidas como se representassem uma “verdade universal”. Empregada dentro do texto dissertativo, acabam por causar incoerência textual, já que não têm base na realidade. Assim, para que se construa um texto dissertativo que contenha informações relevantes ao leitor, é preciso pesquisar e confrontar diversas fontes sobre a mesma temática, a fim de que o texto apresente argumentos suficientes para levar o leitor a compreender seu raciocínio lógico.
Quais as vantagens do senso comum?
Conceito de Senso Comum – A expressão senso comum (também designado por pensamento comum ou por conhecimento vulgar) corresponde a um dos níveis de conhecimento e designa o conhecimento espontâneo que temos das coisas que nos rodeiam e das quais estamos próximos no nosso dia-a-dia.
Este tipo de conhecimento é precisamente o resultado da familiaridade do indivíduo com uma realidade que enfrenta directamente e que permite pensamento comum. É geralmente muito superficial e com um forte cariz prático, sendo partilhado por todos numa determinada cultura e transmitido de forma acrítica de geração em geração.
Apesar das vantagens do senso comum, nomeadamente porque permite ao homem orientar-se no mundo, manejar as coisas e resolver os problemas mais prementes e imediatos do quotidiano, um conhecimento deste tipo apenas permite captar o “mundo da aparência” e não o “mundo real”.
- De facto, as ideias elementares e os juízos superficiais apenas permitem chegar à aparência das coisas; apenas as ideias abstractas e os juízos mais profundos permitem chegar à sua realidade.
- Avançar da aparência das coisas para a sua realidade constitui assim o grande objectivo do acto de conhecer.
- Se nos ficarmos pelo conhecimento das aparências (o nível do senso comum), o conhecimento será sempre imperfeito e incompleto.
Podemos assim caracterizar o senso comum como o conhecimento que:
parte de analogias que muitas vezes nada têm de lógico; generaliza sem que as suas conclusões ou deduções possam ser consideradas correctas; apesar de ter um objectivo concreto, traduz um conjunto incompleto de actos de conhecimento; não aspira ao conhecimento universalmente válido nem atinge a realidade profunda das coisas.
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Qual a relação que existe entre a filosofia e o senso comum?
Senso comum, ciência e filosofia: elo dos saberes necessários à promoção da saúde
- TEMAS LIVRES FREE THEMES
- Senso comum, ciência e filosofia – elo dos saberes necessários à promoção da saúde
- Common sense, science and philosophy – the links of knowledge necessary for promoting health care
- Ediara Rabello Girão Rios I ; Kristiane Mesquita Barros Franchi II ; Raimunda Magalhães da Silva II ; Rosendo Freitas de Amorim II ; Nhandeyjara de Carvalho Costa III
I Faculdade Christus. Rua João Adolfo Gurgel 133, Papicu.60190-060 Fortaleza CE.
- II Universidade de Fortaleza – UNIFOR
- III Universidade Vale do Acaraú UVA
- RESUMO
No processo de evolução, a humanidade acumulou saberes que foram sistematizados como conhecimentos. A Filosofia nos auxilia nas funções teóricas e práticas a chegar a uma concepção do universo por meio da auto-reflexão.O senso comum contribui para que a ciência progrida.
A partir de problemas do cotidiano das pessoas, surge a necessidade de pesquisar, de aprofundar interpretações dos achados e propor soluções para superar as dificuldades enfrentadas pela população. A ciência existe para esclarecer aspectos problemáticos do senso comum, fornecer respaldo aos questionamentos e fundamentar cada conhecimento produzido em resposta às demandas.
Assim, os conhecimentos envolvidos nesta reflexão pretendem beneficiar uma articulação entre as formas básicas de conhecimento e desenvolver uma compreensão satisfatória da promoção da saúde, numa visão compartilhada e conscientizadora da mudança de paradigmas no sistema de saúde.
Compreendemos que a promoção da saúde constitui um componente indispensável neste processo, tendo como foco central de suas intervenções o indivíduo pertencente a uma comunidade nas suas múltiplas relações, especialmente entre o contexto comunitário e a dimensão subjetiva, propiciando-lhe um resgate da cidadania.
Palavras-chave: Senso comum, Ciência, Filosofia, Promoção da saúde, Educação em saúde ABSTRACT In its evolution, humanity has accumulated data which were systematized as knowledge. Philosophy through self examination helps us in its practical and theoretical functions to reach a concept of the universe.
- Common sense helps science evolve.
- People’s daily difficulties stir up the need for research, for deepening data interpretation and to propose solutions to overcome the population’s problems.
- Science exists to explain difficult aspects of common sense, to support questions, as well as to substantiate knowledge produced as a response to demands.
Thus, knowledge involved in this reflection sets out to foster an articulation between basic forms of knowledge and to develop a satisfactory understanding of the health care process, through a shared and critically consciousness view of the changes in the health system’s paradigm.
We understand that health education is an essential component within this process, provided that it is focused primarily on an individual belonging to a community with its multiple relationships, especially between the community context and the subjective dimension, which can provide citizenship empowerment redemption.
Key words: Common sense, Science, Philosophy, Health promotion, Health education Introdução A história da Humanidade, entendida como a espécie Homo sapiens, remonta há pelo menos seis milênios, quando aceitamos o critério historiográfico clássico que demarca o seu início a partir dos primeiros registros escritos.
- Durante essa trajetória, a Humanidade acumulou uma considerável gama de saberes que foram sistematizados como conhecimentos.
- Reconhecemos que a filosofia nasceu por volta do século VII a.C.
- Entre os gregos e estes produziram uma cultura de vários mitos explicativos da realidade.
- A expansão marítima grega permitiu um confronto entre seus mitos e os de outros povos, levando-os a superar estes através de uma atitude reflexiva diante da realidade, num esforço de compreendê-la racionalmente.
Em síntese, a filosofia surge da necessidade dos gregos adquirirem episteme, um conhecimento fundamentado (racional), para superar a doxa, a opinião. Esse conhecimento pretende ser o mais profundo (radical) possível sobre a realidade analisada. Quanto mais refletirmos sobre esta realidade, mais podemos compreendê-la, levantar questionamentos e sugerir soluções para os problemas relacionados a ela.
Para tanto, a filosofia nos auxilia e, no entender de Hessen 1, constitui-se numa tentativa do espírito humano, através de suas funções teóricas e práticas, de chegar a uma concepção do universo por meio da auto-reflexão. A modernidade caracteriza-se pela racionalização que emerge na Europa, processo iniciado com o renascimento italiano, mas substanciado com a revolução científica no século XVII.
O legado deste período traduz-se no que denominamos ciência moderna ou, simplesmente, ciência. Este artefato teórico permite-nos adquirir conhecimento fundamentado através de pesquisas, estudos e comprovações até chegarmos ao reconhecimento da comunidade científica de que o conhecimento produzido revela a verdade sobre os fenômenos.
Acatamos que essa verdade pode ser redimensionada por um novo conhecimento, algo que provavelmente nos leve a questioná-la, mesmo que tenha se tornado prevalente, o que possibilita reconstrução e renovação contínuas da ciência. No contexto atual, o pensamento dos profissionais de saúde está voltado para considerar conhecimento como aquilo cientificamente comprovado, aquilo que a literatura afirma como verdade, muitas vezes se opondo ou desprezando o senso comum, passando a negar ou tratar como erro o modo como as pessoas comuns, do saber popular, entendem e explicam o mundo, a criar abismos epistemológicos questionáveis.
O senso comum contribui para que a ciência progrida a partir de dificuldades que emergem no dia-a-dia das pessoas. Poderíamos elencar várias situações problemas vividas em contextos sociais que exigem da comunidade científica a necessidade de pesquisar, de aprofundar interpretações dos achados e propor soluções ou indicar caminhos para as dificuldades enfrentadas pela população.
Muito antes de a farmacologia moderna desvendar cientificamente a ação da cafeína sobre o sistema nervoso central (SNC), especialmente seu efeito estimulante, as comunidades indígenas da Amazônia se beneficiavam das propriedades desta substância no alívio da fadiga, através do emprego do guaraná, sem necessariamente compreender sua composição química ou outras possibilidades terapêuticas 2,
Contextos socioculturais diferentes permitem comunidades diversas experimentarem vivências únicas, formularem suas visões de mundo e, a partir destas, desenvolverem maneiras de viver. Reconhecemos a utilidade da ciência para esclarecer aspectos problemáticos suscitados pelo senso comum, ou seja, para responder sob os cânones científicos aos seus questionamentos, bem como garantir a cientificidade das respostas produzidas para aqueles problemas.
Faz-se necessário que os profissionais da saúde compreendam o elo entre a ciência e o senso comum, sob um prisma filosófico, para que, a partir dos dois conhecimentos existentes, possamos construir novos conhecimentos, levando a ciência para a realidade de cada comunidade sem menosprezar o seu saber, seu “senso comum”.
A filosofia pressupõe o conhecimento da realidade a partir de seus fundamentos numa perspectiva racional, posicionando-se epistemologicamente como um saber de segunda ordem porquanto a reflexão é um voltar-se sobre a dimensão teórica do senso comum e da ciência.
- Assim, os conhecimentos envolvidos nesta reflexão pretendem beneficiar a nossa proposta, demonstrando que, a partir de uma articulação entre essas três formas básicas de conhecimento, pode-se desenvolver uma compreensão satisfatória do processo de promoção da saúde mediado pela educação em saúde.
- Discutir o papel da ciência na sua articulação com o senso comum revela-se fundamental para que se compreenda a necessidade de considerar o saber de cada comunidade para o desenvolvimento de pesquisas e de intervenções no que concerne à promoção da saúde sob o enfoque da educação em saúde.
O saber científico deve-se fazer entendido pelo saber popular. A ciência adota uma taxinomia muitas vezes impronunciável pelo senso comum, tornando complicada a compreensão desse tipo de linguagem pelos leigos e, em conseqüência, dificultando a comunicação entre os dois saberes.
É ideal que se busquem estratégias de forma a viabilizar a comunicação entre profissionais da saúde e as comunidades envolvidas nas ações de saúde. Cremos que a criação de metáforas simplifique os termos existentes ou traduza-os, quando necessário, para a linguagem nativa, a fim de que a comunidade trabalhada seja beneficiada com o avanço científico e com os conhecimentos relacionados à saúde.
De que vale o pesquisador se voltar somente para os livros, para o conhecimento científico? Será que cairá ele no erro de não observar novos fatos determinantes na comunidade em estudo? Mesmo que o saber popular entre em divergência com o conhecimento científico, torna-se necessário que o estudioso tenha seriedade para entender o real motivo dessas diferenças.
- Esses fatores poderão ser determinantes ao bom termo da atividade realizada no campo de atuação do cientista, podendo também modificar sua percepção como pesquisador em relação ao seu objeto de investigação.
- Para Fachin 3, o progresso científico, de forma geral, é um produto da atividade humana, para a qual o homem, compreendendo o que o cerca, passa a desenvolvê-lo para novas descobertas.
E por relacionar-se com o mundo de diferentes formas de vida, o homem utiliza-se de diversas formas de conhecimento, por intermédio dos quais ele evolui e faz evoluir seu habitat. Objetivando contribuir para o desenvolvimento de pesquisas voltadas para a educação e a promoção em saúde, procuramos sensibilizar os profissionais da área de saúde sobre a necessidade de fortalecer esse elo de saberes.
- Precisamos examinar e compreender o comportamento das comunidades da maneira mais rigorosa e profunda possível, contemplando a dimensão científica e filosófica.
- Como cada comunidade possui seus saberes próprios em relação a hábitos e crenças para a promoção da saúde, cabe ao pesquisador elucidar os valores e saberes para com eles aprender, vez que há amplos aspectos do senso comum ainda não investigados pelo campo científico.
As experiências de vida de cada comunidade estimulam a resolução dos problemas enfrentados por elas através de opções diversas. Assim, as pessoas são capazes de produzir saberes, organizar e sistematizar pensamentos sobre a sociedade e, dessa forma, fazer uma interpretação que contribui para seu questionamento científico.
Construção compartilhada do conhecimento como instrumento para a promoção da saúde Desde a Antigüidade até a Idade Média, a teoria do conhecimento não pode ser considerada como disciplina filosófica independente, apesar de encontrarmos na Filosofia antiga numerosas reflexões epistemológicas, especialmente na República de Platão 4 e no livro VII, na Metafísica de Aristóteles 5 ; porém, estes princípios de investigação epistemológica estavam ainda englobados nos textos metafísicos e psicológicos.
A teoria do conhecimento, como disciplina autônoma, aparece pela primeira vez na Idade Moderna, devendo considerar-se como seu fundador o filósofo John Locke, que trata de forma sistemática as questões da origem, essência e certeza do conhecimento humano, na sua obra fundamental Ensaio sobre o entendimento humano, em 1690.
- Em seguida, Leibnitz tentou na sua obra Novos ensaios sobre o entendimento humano, editada como póstuma em 1765, uma refutação da epistemologia defendida por Locke.
- Entretanto, considera-se como verdadeiro fundador da teoria do conhecimento dentro da filosofia continental européia Immanuel Kant.
- Na sua obra epistemológica Crítica da Razão Pura (1781), trata essencialmente de dar uma fundamentação crítica do conhecimento científico acerca da natureza, da realidade empírica.
A filosofia de Kant é também chamada de transcendentalismo ou criticismo, visto que utiliza o método transcendental para investigar sobre que bases e pressupostos supremos o conhecimento se assenta 1, O sucessor imediato de Kant foi Fichte, que apresenta a teoria do conhecimento pela primeira vez com o título de teoria da ciência e manifestando uma confusão entre a teoria do conhecimento e a metafísica.
Em oposição a esta forma metafísica de tratar a teoria do conhecimento, surge o neokantismo, que se esforçou para propor uma evidente separação entre os problemas epistemológicos e metafísicos. O neokantismo conseguiu propor essa separação, porém de forma exclusivista, o que depressa fez surgir várias correntes epistemológicas contrárias 1,
A Filosofia está dividida em diversas disciplinas, entre as quais se situa a teoria do conhecimento. A Filosofia, segundo Hessen 1, é uma auto-reflexão do espírito sobre o seu comportamento (capacidades, atitudes, funções) valorativo (valorizador), teórico e prático.
Como reflexão sobre o comportamento teórico, a filosofia é a teoria do conhecimento científico ou teoria da ciência, como afirma Fichte 6, Como reflexão sobre o comportamento prático do espírito, a Filosofia é a teoria dos valores. Por último, a reflexão do espírito sobre si mesmo constitui o caminho para se chegar a uma teoria da concepção do universo.
Portanto, a esfera total da Filosofia divide-se em três partes: teoria da ciência, teoria dos valores e teoria da concepção do universo. Acrescenta-se ainda que a teoria da ciência divide-se em: formal – que é a lógica, e material – que é a própria teoria do conhecimento.
Esta divisão, proposta por Hessen 1, reafirma a posição da filosofia moderna acerca da fundamentação da teoria da ciência, herdeira do imbricamento do racionalismo cartesiano e do empirismo inglês, que ratifica a separação da ontologia clássica entre forma e conteúdo. Enfim, neste sentido, a lógica se ocuparia da forma da ciência, implicando na exigência de correção e rigor do raciocínio, e a teoria do conhecimento, ocupando-se da verdade de seu conteúdo.
Deste modo, indicamos o lugar que a teoria do conhecimento ocupa no conjunto da Filosofia, sendo definida como teoria material da ciência ou teoria dos princípios materiais do conhecimento humano, pois se dirige aos supostos materiais mais gerais do conhecimento científico e pergunta pela verdade do pensamento, isto é, pela sua concordância com o objeto.
- Daí também ser denominada de teoria do pensamento verdadeiro, em oposição à lógica, que seria a teoria do pensamento correto.
- Neste contexto, aparece um dos problemas epistemológicos a serem resolvidos, visto que a epistemologia se limita ao conhecimento científico.
- Existe outro tipo de conhecimento, que não seja científico? O neo-positivismo vienense, e hoje o empirismo lógico que o sucedeu, não reconhecem como válida a teoria do conhecimento senão na medida em que ela se reduz à epistemologia; assim, L.
Rougier, na França, declara que não existe outro conhecimento a não ser o científico 1, Contrário a esse pensamento, Alves 7 e Freire-Maia 8 defendem que o conhecimento científico configura-se apenas numa espécie singular de conhecimento, pois o senso comum, com suas idéias organizadas, explicativas e interpretativas dos fenômenos culturalmente contextualizados em cada sociedade, é um saber que também constitui certas circunstâncias em conhecimento.
- Freire-Maia 8, citando Mattalo Júnior, define senso comum como um conjunto de informatizações não sistematizadas que aprendemos por processos formais, informais e, às vezes inconscientes, e que inclui um conjunto de valorações.
- Essas informações são, no mais das vezes, fragmentárias e podem incluir fatos históricos verdadeiros, doutrinas religiosas, lendas ou partes delas, princípios ideológicos às vezes conflitantes, informações científicas popularizadas pelos meios de comunicação de massa, bem como a experiência pessoal acumulada.
Quando emitimos opiniões, lançamos mão desse estoque de coisas da maneira que nos parece mais apropriada para justificar e tornar os argumentos aceitáveis. Não pretendemos fazer apologia ao senso comum e muito menos subestimar a contribuição da ciência em benefício da Humanidade, mas apenas resgatar o valor do senso comum no processo de produção e socialização do conhecimento, pois, se de um lado consideramos aceitável a idéia de que quando se trata do mesmo ponto, é de se esperar, no entanto, que a ciência seja mais segura, mais exata, mais refinada; não se pode afirmar, porém, que tudo que seja científico seja mais preciso e mais certo do que tudo o que nos vem do conhecimento vulgar 8 ; por outro, não podemos desconsiderar que o senso comum e a ciência são expressões da mesma necessidade de compreender o mundo, a fim de viver melhor e sobreviver.
E para aqueles que teriam a tendência de achar que o senso comum é inferior a ciência, eu gostaria de lembrar que, por dezenas de milhares de anos, os homens sobreviveram sem coisa alguma que se assemelhasse à nossa ciência. A ciência, curiosamente, depois de cerca de quatro séculos, desde que ela surgiu com seus fundadores, está colocando sérias ameaças à nossa sobrevivência 7,
Alinhamo-nos aos epistemólogos continuístas, como Alves 7, defensor da tese de que a ciência traduz-se num saber derivado da busca de superar problemas que emergem da esfera do senso comum: a aprendizagem da ciência é um processo de desenvolvimento progressivo do senso comum.
- Só podemos ensinar e aprender partindo do senso comum de que o aprendiz dispõe.
- Assim, não podemos ignorar e subjugar a “sabedoria popular”.
- Essa reação acontece muito claramente no campo da saúde e da educação.
- Os profissionais tornam-se detentores do saber técnico e científico, inacessíveis à população; então, tornam-se “mestres” que ditam o certo e o errado, bem como impõem comportamentos que julgam eficazes, no caso da saúde, para a melhoria da qualidade de vida e da promoção da saúde.
Ao estudar sobre o assunto, Valla 9 afirma que temos dificuldade em aceitar que as pessoas humildes, pobres, moradoras da periferia sejam capazes de produzir conhecimento, de organizar e sistematizar pensamentos sobre a sociedade e, dessa forma, fazer uma interpretação que contribui para a avaliação que nós fazemos da mesma sociedade.
- É possível afirmar que os profissionais e a população não vivem uma experiência da mesma maneira.
- São sujeitos distintos que têm um objeto em comum, porém o interpretam cada um adaptando-o à sua realidade e contexto histórico, social e político.
- Os saberes da população são elaborados sobre experiência concreta, a partir das suas vivências, diferentemente daquela vivida pelo profissional.
Nós oferecemos o nosso saber por que pensamos que o da população é insuficiente e, por esta razão, inferior, quando, na realidade, é apenas diferente e algumas vezes insuficiente. Daí a importância de se reconhecer no outro (população) a capacidade de captar os fenômenos nas suas diferentes nuances e então ser visto como construtor de conhecimento.
Martins 10, falando do conhecimento produzido pelas classes subalternas, propõe que o saber das classes populares é mais do que ideologia, é mais do que interpretação necessariamente deformada e incompleta da realidade do subalterno. Nesse sentido, também a cultura popular deve ser pensada como cultura, como conhecimento acumulado, sistematizado, interpretativo e explicativo, e não como cultura barbarizada, forma decaída da cultura hegemônica, mera e pobre expressão do particular.
Talvez a tarefa mais intensa para os profissionais da saúde e educação nos contatos que desenvolvem com as classes populares é aceitarem o fato de que o saber também é produzido por aquela classe, e isso se deve à formação escolarizada da classe média, aliada a uma sociedade capitalista e consumista que procura deter em suas mãos os meios de produção, inclusive do conhecimento.
Não estamos defendendo que os técnicos/profissionais/cientistas devam abandonar seus construtos e descobertas, mas sugerimos que haja uma relação simbiótica entre os dois tipos de conhecimento, o científico e o popular. Dessa maneira, a intersubjetividade humana poderia ser mais bem compreendida, ou seja, sem a sobreposição de um saber sobre o outro, mas sim reconhecendo as possibilidades e limitações de cada um, pois, como nos diz Martins 10, a cultura das classes subalternas é uma tentativa de explicar este mundo em que se vive; no entanto, não dá conta de tudo explicar, a ciência tampouco.
Acreditamos que a construção compartilhada do conhecimento é uma estratégia através da qual podemos alcançar a promoção da saúde, definida por Carvalho et al,11 como uma metodologia desenvolvida na prática da Educação e Saúde que considera a experiência cotidiana dos atores envolvidos e tem por finalidade a conquista, pelos indivíduos e grupos populacionais, de maior poder ( empowerment ) e intervenção nas relações sociais que influenciam a qualidade de suas vidas, fruto da relação entre senso comum e ciência.
Nesta perspectiva, está claro que as classes populares precisam ser vistas como sociais, como cidadãos ativos e transformadores da realidade em que vivem. É preciso “empoderá-los” ( empower ) através de políticas públicas que garantam o acesso à alimentação, saúde, educação, lazer e trabalho. Valla & Stotz 12 propõem uma metodologia de ação que pressupõe a transformação da sociedade através de mudanças na concepção dos serviços básicos.
Essa proposta, de inspiração gramsciana, implica a atuação da sociedade civil em momentos de crise e o replanejamento de alguns dos serviços básicos através de uma relação entre movimentos populares e os profissionais de saúde. Os interesses que materializam essa aliança estão relacionados ao uso adequado da verba pública e à qualidade dos serviços.
- Antes, porém, faz-se necessário, como esclarece Thorogood 13, entender o que significa saúde para as pessoas, como acreditam que esta afeta suas vidas e quais as estratégias poderiam realmente facilitar e encorajar uma efetiva mudança para um comportamento saudável.
- No conceito de “construção compartilhada do conhecimento”, os referidos autores 12,13 partem de duas dimensões: educativa e epistemológica.
Na dimensão educativa, o construtivismo é a abordagem adotada, uma vez que entende o conhecimento construído pela reflexão crítica dos sujeitos envolvidos no processo de aprendizagem a partir de suas experiências prévias e das questões consideradas significativas.
É uma teoria que converge para as premissas da pedagogia proposta por Paulo Freire. Na dimensão epistemológica, destaca-se o valor do conhecimento produzido na relação entre conhecimento científico e senso comum. Concordamos com Valla & Stotz 12, quando nos dizem que a imbricação dos conhecimentos técnicos com a experiência de vida da população permite visualizar um outro panorama da situação até então não revelado.
Assim, essa face do fenômeno pode constituir o elemento-chave para as ações de saúde, ratificando nossa posição anterior de que, partindo de uma concepção ampla do processo saúde-doença e de seus determinantes, a promoção da saúde propõe a articulação de saberes técnicos e populares e a mobilização de recursos institucionais e comunitários, públicos e privados para seu enfrentamento e resolução 14,
Esta proposta parece simples de ser desenvolvida pela educação e a promoção da saúde no cotidiano das ações de saúde. Entretanto, reconhecemos que esbarramos em dificuldades de várias ordens, em que problemas de comunicação entre profissionais da saúde e comunidade constituem-se apenas num sintoma. Na verdade, o problema fundamental é epistemológico e remete ao paradigma dominante na ciência moderna, bem como no campo da saúde: o paradigma cartesiano.
A discussão que enfrentaremos no próximo tópico pretende esclarecer as conseqüências do modelo biomédico sobre a medicina moderna e os sistemas de saúde, com vistas à compreensão das dificuldades que os profissionais formados à luz deste modelo enfrentarão ao tentar assumir uma postura teórica e prática que propõe superar este modelo em direção a uma concepção holística 15,
- Influência do paradigma cartesiano sobre a medicina moderna e os sistemas de saúde Retomando nossa discussão sobre o conhecimento científico, faz-se necessário caracterizá-lo como algo racional, generalizável, empírico, conjectural e objetivo, qualidades que o destacam dos demais.
- Podemos, numa definição simplificada, afirmar com Freire-Maia 8 que ciência é um conjunto de descrições, interpretações, teorias, leis, modelos, visando ao conhecimento de uma parcela da realidade, em contínua ampliação e renovação, que resulta da ação deliberada de uma metodologia especial (metodologia científica).
Contudo, como Barreto et al,16 afirmam, o adjetivo (científico) aposto ao substantivo (conhecimento) sugere a idéia de outros conhecimentos possíveis. A epistemologia hegemônica aplicada no cotidiano da atenção à saúde origina-se no paradigma mecanicista e analítico de René Descartes, aliado ao empirismo de Francis Bacon, reforçado pelo positivismo de Augusto Comte, no qual o todo é dado pela soma das partes e a noção de causalidade linear é prevalente, apesar das recentes mudanças ocorridas nas teorias científicas, principalmente provindas da física.
- Vejamos então como o paradigma cartesiano influenciou a medicina científica moderna.
- Antes de 1500, a visão de mundo dominante na Europa, assim como na maioria das outras civilizações, era comunitária.
- As pessoas viviam em comunidades pequenas e coesas, e vivenciavam a natureza em termos de relações orgânicas, caracterizadas pela interdependência dos fenômenos espirituais e materiais e pela subordinação das necessidades individuais às da comunidade.
A estrutura científica dessa visão de mundo orgânica assentava no auge do medievo em duas autoridades: Aristóteles e a Igreja. A natureza da ciência medieval era muito diferente daquela da ciência contemporânea. Baseava-se na razão e na fé, e sua principal finalidade era compreender o significado das coisas e não exercer a predição ou o controle como hodiernamente.
- A perspectiva medieval mudou radicalmente nos séculos XVI e XVII.
- A noção de um universo orgânico, vivo e espiritual foi substituída pela noção do mundo como uma máquina.
- Essa metáfora dominou toda a era moderna e até hoje encontra entre os cientistas seguidores.
- A ciência do século XVII baseou-se num novo método de investigação, defendido vigorosamente por Francis Bacon, o qual envolvia a descrição matemática da natureza e o método analítico de raciocínio concebido por Descartes 17,
Esse fato permitiria construir uma completa ciência da natureza, acerca da qual poderia ter absoluta certeza, uma ciência baseada, como a matemática, em princípios fundamentais com pretensão de validade universal 17,18, Foi quando Descartes se dedicou à construção de uma nova filosofia científica, passando a ser considerado o fundador da filosofia moderna 15,
- A partir dessas considerações, podemos então nos questionar como a filosofia de Descartes influenciou as concepções de saúde e doença, na medicina moderna, e que ainda hoje se mantém imperativa nos sistemas de saúde.
- A influência do paradigma cartesiano, reducionista e mecanicista sobre o pensamento médico resultou no chamado modelo biomédico, que constitui o alicerce conceitual da moderna medicina científica.
Kleinman 19 usa o termo “biomedicina” como sinônimo da medicina ocidental estabelecida sobre estruturas de dominação e poder dos profissionais sobre a população, reconhecendo apenas as causas orgânicas da doença e excluindo as práticas alternativas como a homeopatia e, mais recentemente, a medicina holística.
O corpo humano é considerado uma máquina que pode ser analisada peça a peça; a doença é vista como um mau funcionamento dos mecanismos biológicos, que são estudados do ponto de vista da biologia celular e molecular, e o papel dos profissionais de saúde é intervir, física ou quimicamente, para consertar o defeito no funcionamento de um específico mecanismo enguiçado.
Quatro séculos depois de Descartes, a medicina ainda mantém esse paradigma dominante e centrado numa abordagem hospitalocêntrica, curativista e verticalizada. Ao dissociar o ser humano em mente de um lado e corpo de outro, criou-se um dualismo que dificultou a concepção do homem como parte do universo, negando suas dimensões individuais, sociais, ecológicas, bem como dificultando uma visão sistêmica dos organismos vivos e, conseqüentemente, uma visão sistêmica da saúde.
O corpo (objetivo) foi privilegiado no processo de tratamento e cura, em detrimento da mente (subjetiva), esquecendo-se que o homem é produto do meio em que vive, sendo assim o ser humano na sua totalidade resultante de uma combinação de fatores biopsicossociais, ou seja, o todo é mais do que a soma das partes.
A perspectiva epistemológica da biomedicina é positivista, assentada na pressuposição de encontrar na razão um critério inequívoco de determinação de cientificidade, freqüentemente associado de modo excludente a idéias de verdade e reprodução fidedigna de um mundo real 20,
- Trata-se de estudar o que ocorre na realidade observada de forma objetiva.
- Na abordagem biomédica, o real e o objetivo é a doença, que se tornou o constructo teórico operacional em torno do qual gira toda a lógica hegemônica da biociência.
- É importante lembrar que a doença é vista apenas como fenômeno físico, decorrente da rigorosa divisão que Descartes fez entre corpo e mente, o que propiciou os profissionais de saúde se concentrarem na máquina corporal e negligenciarem os aspectos psicológicos, sociais e ambientais da doença.
Ocorreu um processo de redução da enfermidade à doença; a atenção dos médicos desviou-se do paciente como pessoa total. Enquanto a enfermidade é uma condição do ser humano total, a doença é a condição determinada por parte do corpo e, em vez de tratarem os pacientes que estão enfermos, os médicos concentram-se no tratamento das suas doenças.
Àqueles cabe descobrir a doença, classificá-la de acordo com a nosografia médica e então administrar tratamento atual (em voga na ciência). As doenças, seus critérios diagnósticos e fatores de risco, de intersecção variável com o adoecimento e a vida levada pelos doentes obscurecem um vislumbre sobre a evolução global do paciente.
Este está “esquartejado” epistemologicamente por síndromes e doenças de aparelhos orgânicos (especialistas) bem separados por uma fisiologia e fisiopatologia biomecânica que sabe muito de patologias, microorganismos, moléculas, órgãos, tecidos e sistemas do corpo e pouco das ligações e inter-relações sutis e complexas entre tudo isso e a vida vivida pelo doente 20,
- A partir da segunda metade do século XX, inicia-se uma crise no modelo cartesiano-positivista até então dominante na saúde.
- Os próprios profissionais da saúde identificam a necessidade de mudança no sistema e começam a construir um novo paradigma.
- A epistemologia contemporânea sustenta e embasa essa nova visão através do pensamento de Bachelard, Popper e Kuhn, os quais têm suas reservas ao positivismo e ao dogmatismo dele decorrente.
Bachelard combate o racionalismo puro, através de uma “outra ciência”, possuidora de inelutável caráter social, edificada sobre rupturas e a necessidade de uma nova filosofia, aberta e histórica, em que o filósofo deve ser contemporâneo à ciência de sua própria época.
- Assim, configura-se o racionalismo dialético aplicado de Bachelard.
- Popper, por sua vez, afirma que a ciência nos fornece apenas conhecimentos provisórios, pois está em constante modificação, e assim não há verdade final; toda teoria nova é valiosa; contudo, só será frutífera na medida em que suscitar novos problemas.
Para Thomas Kuhn, a ciência desenvolve-se através de saltos que constituem as mudanças de paradigmas nas diversas áreas do conhecimento e isto distingue as atividades científicas das não-científicas. Segundo Kuhn, o novo paradigma nasce num momento de crise estabelecida da ciência, conduzida por teorias, pesquisas e escolas.
O surgimento de um novo paradigma em qualquer área do conhecimento é a condição básica para o progresso da ciência 21, A expressão “promoção da saúde” foi cunhada pela primeira vez em 1945, quando o historiador e médico Henry Sigerist a mencionou como uma das tarefas da medicina. Sigerist defendia uma ação integrada entre políticos, lideranças sindicais trabalhadoras e patronais, educadores e médicos.
Esta união de esforços objetivava implementar políticas e programas de saúde, que são facilitados quando as necessidades básicas do indivíduo (emprego, saúde, educação, vida social) são satisfeitas 22, Depois de Sigerist apontar o caminho e a direção desse novo modelo de atenção à saúde, vários documentos e eventos importantes foram surgindo e ratificando as propostas anteriores, bem como introduzindo outras.
- Neste sentido, destacam-se: o Informe Lalonde (1974), a Declaração de Alma Ata (1978), o documento um Povo Saudável (1979), a Carta de Otawa (1986), a Declaração de Adelaide (1988), a III Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde (1991) e a Declaração de Jacarta (1997) 14,23,
- A promoção da saúde, como vem sendo entendida nos últimos 25 anos, representa uma estratégia promissora para enfrentar os múltiplos problemas de saúde que afetam as populações humanas atualmente.
Partindo de uma concepção ampla do processo saúde-doença e de seus determinantes, esquecendo a máquina corporal e incorporando uma abordagem holística, propõe a articulação de saberes técnicos e populares, e a mobilização de recursos institucionais e comunitários, públicos e privados através de parcerias para seu enfrentamento e resolução.
Compreendemos que a educação em saúde é um componente indispensável neste processo, focalizando suas intervenções primordialmente no indivíduo pertencente a uma comunidade onde se dão as relações sociais, culturais, econômicas e políticas, envolvendo todo o contexto e a realidade subjetiva e resgatando a cidadania e o direito de “ser e sentir-se gente” 24,
Corroborando nossas reflexões, Thorogood 13 informa que a relação da perspectiva sociológica para a educação em saúde e promoção da saúde é de profunda interdependência. E assim um novo paradigma vem se configurando no setor saúde, contribuindo para o desenvolvimento das ciências da saúde, permitindo ao indivíduo assumir o papel de sujeito cognoscente, em constante interação e interdependência com o mundo.
- Enfim, defendemos que a Filosofia, especialmente sua dimensão crítica, tem muito a oferecer na formação e atuação dos profissionais da saúde.
- Ela contribui, especialmente no campo da educação em saúde, para o exercício de uma reflexão sobre os pressupostos epistemológicos que presidem a formação acadêmica (domínio da ciência) e a atuação no campo (domínio do senso comum), elaborando um esforço para compreender o elo entre os saberes.
Considerações finais O mundo presente se reconhece através de expressões como “sociedade do conhecimento” ou “sociedade da informação e da tecnologia”. A ciência alcançou um desenvolvimento exponencial no século XX em todas as suas áreas. A revolução da microeletrônica, o desenvolvimento de novas fontes de energia e a revolução das biotecnologias alçaram a ciência à condição de um mito moderno.
- Assistimos a uma mistificação da ciência por muitos cientistas, que carecem da lucidez de reconhecer-lhe os limites.
- A preeminência do conhecimento científico é compreensível na medida em que seu poder e prestígio ressoam através dos artefatos tecnológicos produzidos por ele mesmo.
- Neste sentido, talvez os maiores difusores dos seus feitos sejam os meios de comunicação de massa.
Não sem problemas, a unanimidade da ciência torna-se cada vez mais discutível. A Filosofia e mais especificamente seus saberes, como a Epistemologia, a Teoria do Conhecimento e a Filosofia da Ciência têm lançado férteis reflexões sobre a natureza, os limites e possibilidades do conhecimento científico.
Entretanto, o propósito da presente reflexão restringiu-se a demonstrar a necessidade do saber filosófico como instância de reflexão capaz de estabelecer uma visão holística do conhecimento, propiciando a compreensão de que existe um elo intrínseco às formas básicas de conhecimento que precisa ser racionalmente compreendido, de modo que a educação e a promoção da saúde possam ser repensadas para além do paradigma biomédico, cartesiano.
Pode-se ter a falsa impressão de que as discussões suscitadas conduziram a uma desvalorização da ciência em benefício do senso comum e da Filosofia, quando, na verdade, procurou-se resgatar o valor do senso comum, geralmente desvalorizado, na condição de forma básica prática e imprescindível do conhecimento humano, bem como se argumentou a relevância do papel da Filosofia como saber teórico de segunda ordem, que se permite exercer uma crítica radical numa perspectiva da totalidade.
Esperamos que a reflexão apresentada contribua para que os profissionais do campo da saúde, em sua maioria formados no horizonte do paradigma biomédico, cartesiano, sejam capazes de questionar o alcance e limites hegemônicos. Urge buscar novos modelos capazes de enfrentar realidades humanas cada vez mais complexas.
Talvez este exercício de repensar modelos e teorias conduza-os à compreensão de que os desafios que emergem da realidade cotidiana de suas práticas não estão dissociados da forma como tais profissionais são preparados para enfrentá-los. Colaboradores ERG Rios, KMB Franchi e NC Costa contribuíram na revisão bibliográfica acerca do tema e na concretização do artigo.
- Artigo apresentado em 28/02/05
- Aprovado em 20/12/2006
- Versão final apresentada em 25/01/2006
: Senso comum, ciência e filosofia: elo dos saberes necessários à promoção da saúde
Quando usamos de bom senso?
Iremos falar sobre bom senso e, como exemplo, a primeira frase foi para saber se você está bem. O bom senso é basicamente isso, saber que quando se chega em algum lugar é importante cumprimentar a todos, um modo de educação. Agir com bom senso é agir com sabedoria e sensatez.
- Antes de tomar uma decisão, analise o contexto, considere as regras, costumes e pense nas consequências.
- A arte do bom senso é considerada a filosofia da pessoa comum, a maneira como cada um reflete sobre suas decisões.
- Muita gente confunde, mas bom senso é diferente de senso comum.
- O obvio das coisas, algo corriqueiro e presente na sociedade, mas que nem sempre é sensato, o obvio das coisas.
O bom senso é, muitas vezes, esforçar-se para ir além do senso comum. O bom senso começa nas pequenas coisas, na escola, por exemplo, temos a forma de como tratamos as pessoas. Quero fazer com que você reflita como tem sido seu bom senso, no seu emprego, com sua família, na escola, na sociedade,
- O que não precisamos fazer é pagar o mal com o mal, a diferença aflora nosso bom senso, sabia? Nesse mundo atual de pandemia é preciso usar muito do nosso bom senso para entender nosso contexto e o que está por vir, pós pandemia.
- Eu acredito que o bom senso será tão importante que poderá ser uma competência inquestionável em qualquer área.
Aos poucos as coisas estão voltando ao seu lugar, mas com mais exigência, principalmente, no nosso comportamento, O isolamento domiciliar levantou várias questões, como: a importância do diálogo, a presença física, Por isso a importância do bom senso.
- O Centro Universitário Teresa D`Ávila – UNIFATEA teve o início das aulas essa semana, e com toda certeza sabemos que não será a mesma rotina, o nosso comportamento mudará até mesmo pelo contexto que estamos no momento,
- A importância de ouvir o outro, procurar entender tanto o professor quanto o aluno.
Algumas atitudes farão toda diferença no nosso cotidiano para o outro e, principalmente, para nós, pois somos movidos pelo bem. Cada um de nós enfrentamos um tipo de isolamento, por isso seja empático, gentil, respeite, Algumas atitudes simples, e claro, com bom senso faz a diferença onde você estiver:
Cumprimente todos onde quer que esteja; Seja pontual em todos seus compromissos se possível, e se não puder, tudo bem, mas sempre avise ; Elogie um serviço bem feito, isso alegra muito; Ofereça-se para ajudar, pode ter certeza que você vai ficar muito melhor com você mesmo.
Essas são algumas de muitas coisas que podemos fazer, na Bíblia há uma referência que casaria perfeitamente com o bom senso: ” S e você pode fazer o bem, faça “, assim vamos juntos construir uma sociedade melhor eu, Eu que pode parecer tão pequeno perto de tantas coisas que é preciso melhorar, mas lembremos sempre: vamos começar por nós a mudança de sermos melhores a cada dia. Por Érica Moraes – formada em Letras pelo UNIFATEA Fonte: https://embeta.com.br/bom-senso/ Imagem capa: https://unsplash.com/photos/gMPsl1ez-Ts UNIFATEA, confiáveis como sempre, inovadores como nunca. Agora também é EAD! Clique aqui e saiba mais!
O que é o oposto do senso comum?
Já o senso crítico é o seu oposto, é baseado no questionamento, na reflexão, na pesquisa e no pensamento crítico.
O que é oposto ao senso comum?
Conhecimento científico Representa o oposto do conhecimento empírico (senso comum).
Quando algo se torna comum?
Ideia muito divulgada ou expressão muito repetida, estereotipada ; banalidade; lugar-comum.
Quando o senso comum se torna perigoso?
Um dos grandes problemas que o conhecimento baseado no senso comum pode causar é o preconceito. Muitas opiniões racistas, machistas, xenofóbicas são pautadas em discursos que foram passados de geração em geração, e eles têm base na sabedoria popular.
Qual o perigo do conhecimento do senso comum?
Quais são as principais características do senso comum? – As principais características do senso comum são:
- É passível de ser aceito ou rejeitado por um grupo social: o senso comum é geralmente baseado nas crenças compartilhadas por uma comunidade ou sociedade, mas pode ser questionado e modificado ao longo do tempo.
- É impreciso e incompleto : o senso comum muitas vezes é baseado em generalizações simplistas ou incompletas, que não refletem adequadamente a complexidade do mundo ao nosso redor.
- É influenciado por fatores subjetivos : o senso comum pode ser influenciado por crenças preconcebidas, emoções, interesses pessoais e outros fatores subjetivos que podem levar a conclusões equivocadas.
- É menos rigoroso e crítico que o conhecimento científico: o senso comum é menos rigoroso e crítico em relação a suas fontes e métodos de validação, e pode ser mais suscetível a erros e vieses,
- É útil e importante para a vida cotidiana: apesar de suas limitações, o senso comum é uma forma útil de conhecimento para a tomada de decisões e a resolução de problemas na vida cotidiana.
Quais os problemas que o senso comum ajudam a solucionar?
Senso comum. A importância do senso comum Na história da filosofia, o problema do senso comum sempre foi um ponto de enorme importância e grandes debates. Os filósofos clássicos, como Sócrates, Platão e Aristóteles, dedicaram-se a refletir sobre isso e situar esse tema dentro dos problemas que interessam à reflexão filosófica.
- Grosso modo, o sentido mais profundo da expressão “senso comum” remete ao tipo de experiência que é propriamente humana, isto é, a experiência do sofrimento ou a experiência tradicional.
- Um dos elementos que tornam o homem diferente das outras criaturas é a sua capacidade de refletir sobre o sofrimento, de saber que vai morrer, que pode ser acometido por catástrofes, doenças, etc.
A experiencia tradicional nos dá os elementos para a compreensão de nossa condição de seres falíveis. As tragédias antigas (tão valorizadas por Aristóteles) davam conta dessa experiência. A literatura moderna e contemporânea também o faz. Sendo assim, o senso comum é o tipo de saber que busca fornecer orientação ao homem e não deixá-lo repetir os erros do passado.
- Por intermédio da experiência, o homem pode exercer virtudes, como a prudência e a paciência, e aprender a não se deixar levar por aventuras emocionais, que o desviam para a irracionalidade, bem como não se deixar levar por “sonhos racionais” de progresso a qualquer custo.
- Como disse o pintor espanhol Goya, “O sonho da razão produz monstros”.
Não pare agora. Tem mais depois da publicidade 😉 O conceito de senso comum sofreu certa desvalorização após o período do Renascimento. O humanismo renascentista foi a última corrente de reflexão que levava em conta o potencial orientador do senso comum.
- A partir do século XVII, sobretudo com o desenvolvimento da ciência moderna e da filosofia racionalista cartesiana, o senso comum passou, de forma geral, a ser identificado como “falta de rigor metodológico” e a ser rivalizado com o “senso crítico” ou “senso científico”.
- Dessa forma, até o início do século XX, eram poucas as defesas filosóficas que se faziam do senso comum, haja vista que a expressão havia sido alijada de seu sentido tradicional.
Os filósofos ligados à fenomenologia e à hermenêutica do século XX, como Heidegger e Gadamer, passaram a refletir novamente sobre o senso comum, colocando-o diante do problema da historicidade, isto é, da experiência histórica humana. Autores de outras tradições, como o católico leigo G.K.
Como podemos sair do senso comum?
Fugindo do senso comum – Para realizar uma boa redação é necessário conhecimento gramatical, Mas, além disso, um conhecimento satisfatório sobre o tema é importante. Provando este com base científica e estatística para dar credibilidade ao que é afirmado.
- Entretanto, somente essas características não são suficientes para fugir do senso comum e se tornar uma redação ímpar.
- Existem outras características necessárias para fugir desse senso comum,
- Algumas delas são: originalidade, soluções interessantes para o problema, evitar frases clichês, ter um senso crítico ao tema e outras.
Combinando-as na sua redação, é possível que você fuja totalmente do senso comum e se torne um redator de grande sucesso. Veja: 4 erros a serem evitados em uma redação Entretanto, é possível que alguns problemas surjam durante a escrita, como a falta de ideias ao solucionar o problema ou escrever alguma frase que possa comprometer o seu texto, por exemplo.
O que é um argumento de senso comum?
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição: Ouça este artigo: Chamamos informatividade as informações veiculadas através dos textos escritos ou visuais, como anúncios, artes plásticas, artigos, dentro outros tipos de textos, O grau de informatividade de um texto é medido de acordo com o conhecimento de mundo das pessoas a que ele se destina.
- Ou seja, dizemos que um texto possui um alto grau de informatividade quando a compreensão mais ampla desse texto depender do repertório cultural do leitor.
- Um texto é mais informativo quanto menor for sua previsibilidade, e vice-versa.
- Para que haja sucesso na interação verbal, é preciso que a informatividade do texto seja adequada ao interlocutor.
Uma grande parcela dos textos de circulação nacional veiculados pela mídia possui um grau médio de informatividade. Desta maneira, eles conseguem prender a atenção do leitor e, ao mesmo tempo, acrescentar-lhe novas informações. Assim, textos contendo relatos de experiência em Química Orgânica, por exemplo, apresentará um alto grau de informatividade, quando direcionado a todos os públicos, pois na verdade ele interessa apenas a um público restrito: aqueles que dominam os conceitos desta área científica.
- No entanto, se a informatividade do texto for muito baixa, o leitor pode desinteressar-se por ele, pelo fato de não apresentar nada de novo ou importante.
- Este tem sido um dos grandes problemas das redações de vestibulares,
- É necessário que estas produções apresentem um grau médio de informatividade, para que o texto não corra o risco de cair na obscuridade ou relatar o óbvio.
Um exemplo de informação óbvia é o que comumente chamamos ” senso comum “. São argumentos aceitos universalmente, sem necessidade de comprovação. Por exemplo: “o homem depende do ambiente para viver”, ou ainda “a mulher de hoje ocupa um papel social diferente da mulher do século XIX”.
- Informações como estas já foram comprovadas historicamente, não precisam de justificativa.
- Por apresentarem um grau de informatividade muito baixo, têm um valor persuasivo menor.
- Às vezes, o senso comum é confundido com “lugar comum”.
- Estas são informações obscuras, traduzidas em expressões como “o homem não chora”, “todo político é ladrão”, “mulheres dirigem mal”.
Além de preconceituosas, não têm base científica, mas mesmo assim vêm sendo repetidas como se representassem uma “verdade universal”. Empregada dentro do texto dissertativo, acabam por causar incoerência textual, já que não têm base na realidade. Assim, para que se construa um texto dissertativo que contenha informações relevantes ao leitor, é preciso pesquisar e confrontar diversas fontes sobre a mesma temática, a fim de que o texto apresente argumentos suficientes para levar o leitor a compreender seu raciocínio lógico.
O que é senso comum prefiro não definir?
10: O que é o senso comum? Prefiro não definir. Talvez simplesmente dizer que senso comum é aquilo que não é ciência e isto inclui todas as receitas para o dia-a-dia, bem como os ideais e esperanças que constituem a capa do livro de receitas.