Artigo Sobre Transfusao De Sangue?
REVISÃO REVIEW Caracterização, produção e indicação clínica dos principais hemocomponentes Characterization, production and indication of the principal blood components Fernanda H. Razouk I ; Edna M.V. Reiche II I Farmacêutica Bioquímica, Laboratório Oscar Pereira, Ponta Grossa, PR II Professor Adjunto de Imunologia Clínica, Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas, Universidade Estadual de Londrina Endereço para correspondência RESUMO A prática da transfusão de sangue é uma ciência que cresce rapidamente, modifica-se continuamente e que apresenta uma grande perspectiva de desenvolvimento futuro.
A rotina habitual dos serviços de hemoterapia requer o aperfeiçoamento de técnicas, pois o fracionamento do sangue coletado se faz necessário, uma vez que cada unidade doada pode beneficiar diversos pacientes e permitir que sejam transfundidas grandes quantidades de um determinado componente que o paciente necessite.
O objetivo do presente trabalho foi revisar os procedimentos de coleta, produção, armazenamento e a indicação clínica dos principais hemocomponentes, como concentrado de hemácias, concentrado de hemácias lavadas, eritrócitos pobres em leucócitos, concentrado de plaquetas, concentrado de plaquetas por aférese, concentrado de granulócitos, plasma fresco congelado, plasma normal ou comum e crioprecipitado.
Perspectivas futuras apontam para mudanças na terapia transfusional, e o maior foco será no aperfeiçoamento da segurança, havendo aumento de produtos manufaturados, desenvolvimento de produtos acelulares, tecnologias em aféreses, atenuação microbiana e proteínas recombinantes do plasma, que poderão substituir produtos derivados plasmáticos dentro de poucas décadas.
Rev. bras. hematol. hemoter.2004; 26 (2):126-134. Palavras-chaves: Hemocomponentes, hemoterapia, transfusão de sangue. ABSTRACT The practice of blood transfusion is a science which has been showing fast growth, continuous changes and a great perspective of future development.
The day-to-day routines of hemotherapy services require the improvement of techniques, as the fractionation of collected blood is necessary and each donated unit may benefit several patients and allow large amounts of a certain component to be transfused. The purpose of the present work is to revise the collection, production and storage procedures and the clinical indication of the main blood components such as concentrated red blood cells, concentrated washed red blood cells, erythrocytes with low numbers of leucocytes, concentrated platelets, apheresis concentrated platelets, concentrated granulocytes, frozen fresh plasma and regular plasma and cryoprecipited.
Future perspectives suggest there will be changes in transfusion therapy with its main purpose stressing an improvement of security, with an increase of manufactured products, development of non-cellular products, apheresis technology, microbial attenuation and plasma recombining proteins, which may replace plasma products within a few decades.
Rev. bras. hematol. hemoter.2004; 26 (2):126-134. Key words: Blood components, hemotherapy, blood transfusion. Introdução Transfusão de sangue, técnicas e estratégias que evitam a necessidade de sangue são atividades complementares que constituem a área clínica da Medicina Transfusional. Recentes avanços na segurança e qualidade do sangue e o aumento dos custos associados com a terapia transfusional têm levado a uma reavaliação da prática desta área da medicina.
O fracionamento do sangue total traz como vantagens o uso otimizado em relação ao aproveitamento e eficácia, aumento do tempo de validade de todos os componentes sangüíneos, além de diminuir, consideravelmente, o risco de reação transfusional. Contudo, essas vantagens somente são obtidas quando há a real necessidade da transfusão e prescrição adequada com a indicação clínica.
A realização desse procedimento de forma não criteriosa expõe o receptor a sérias complicações como a aquisição de doenças transmissíveis, reações transfusionais (hemolíticas ou não) que podem ser graves, sensibilização imunológica, falha terapêutica, aumento no custo do tratamento e ansiedade gerada no paciente e nos familiares envolvidos.
Acrescenta-se, ainda, o desperdício de um material nobre, devido ao generoso ato da doação e ao elevado custo na adequação do mesmo para fins terapêuticos. De acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada RDC n 343, de 13 de dezembro de 2002, Anexo 1- Regulamento Técnico dos Serviços de Hemoterapia, 1 os componentes sangüíneos são preparações obtidas pelo processamento, após centrifugação das bolsas de sangue total.
Podem ser obtidos, também, mediante aféreses. A esterilidade dos componentes deverá ser mantida durante o processamento empregando-se métodos assépticos, equipamentos e soluções estéreis e livres de pirogênicos. A transferência de componente de uma bolsa-satélite para outra deverá realizar-se em circuito fechado.
Se durante o processamento o circuito for aberto, os componentes devem ser descartados. Posteriores manipulações dos hemocomponentes que exijam a abertura do circuito deverão ser feitas sob câmara de fluxo laminar. Se os componentes vão ser criopreservados, deverão ser depositados no congelador até no máximo quatro horas depois da abertura do circuito.
- O objetivo deste artigo foi revisar os principais hemocomponentes quanto à sua caracterização, produção, armazenamento, indicação clínica e reações adversas.
- Sangue total (ST) O ST se caracteriza como o sangue coletado de um doador misturado com a solução preservativa e anticoagulante, na proporção de aproximadamente 450 mL de sangue para 63 mL de solução preservativa.
O hematócrito dessa unidade varia de 36% a 44%. Deve ser estocado em refrigerador monitorizado entre 1º e 6º C. Seu prazo de validade depende do anticoagulante utilizado na bolsa de coleta: Citrato-Fosfato-Dextrose (CPD) é de 21 dias e Citrato – Fosfato-Dextrose- Adenina (CPDA – 1) é de 35 dias.2 A indicação primária para a transfusão de sangue total é para pacientes com sangramento ativo que tenham perdido mais que 25% de seu volume sangüíneo total e que possam desenvolver choque hemorrágico.
- O sangue total restaura a capacidade de transporte do oxigênio e também promove expansão de volume.3 Uma contra-indicação definitiva para o emprego do sangue total é a anemia crônica severa.2 O ST estocado por mais de 24 horas contém poucas plaquetas e leucócitos viáveis.
- Também os níveis de Fator V e Fator VIII decrescem durante a estocagem, mantendo-se na unidade de sangue total apenas os fatores estáveis da coagulação.3 Em um indivíduo adulto, uma unidade de sangue total aumenta a hemoglobina em aproximadamente 1g/dL ou o hematócrito em 3%-4%.
Para se obter este resultado em pacientes pediátricos, recomenda-se a transfusão de 8 mL/kg de sangue total. Deve ser administrado através de filtro de transfusão no período de quatro horas. Não há indicações precisas para a transfusão de sangue total fresco.
- Nos casos de exosangüíneo transfusão, a prática tem sido a reconstituição do volume a ser trocado com concentrado de hemácias e plasma fresco congelado em proporções adequadas ao hematócrito desejado.
- O desenvolvimento de hemocomponentes tem limitado o uso de sangue total a poucas condições clínicas.
O uso de ST fresco não é mais aceito na hemoterapia atual e traduz apenas a falta de disponibilidade de produtos mais adequados. Portanto, seu uso deverá ser apenas como matéria-prima para o preparo de hemocomponentes. O ST estocado deverá ser usado nos casos em que tenha ocorrido uma perda superior a 30% da volemia.
Todavia, essas hemorragias também poderão ser manuseadas com concentrado de glóbulos vermelhos e soluções eletrolíticas e/ou coloidais.5 Concentrado de hemácias (CH) O CH é constituído por eritrócitos que permanecem na bolsa depois que esta é centrifugada, e o plasma extraído para uma bolsa-satélite.
Este procedimento pode ser realizado em qualquer momento antes da data de expiração do sangue coletado. O hematócrito do CH deve estar entre 65% a 75%, nas bolsas cuja solução preservativa seja CPDA-1, e permanecer armazenados à temperatura de 4º-2º C, por 35 dias.1 CH estocados em soluções aditivas têm hematócritos entre 52%-60% e validade de 42 dias.
- A estocagem de hemácias em CPD resulta em hematócritos similares aos obtidos com CPDA-1, mas o prazo de validade é de 21 dias.
- CH estocado não contém plaquetas ou granulócitos funcionais.3 Como vantagens do emprego de eritrócitos sobre o sangue total tem-se a obtenção da mesma capacidade de oxigênio com a metade do volume; redução no nível de isoaglutininas naturais (anti-A e anti-B) e redução significativa nos níveis de citrato e potássio, principalmente para doentes cardíacos, renais e/ou hepáticos.6 CH é indicado para aumentar a massa eritrocitária em pacientes que necessitem aumentar sua capacidade de transporte de oxigênio.2 Uma unidade de eritrócitos aumenta a hemoglobina do adulto de 1 g/dL, e, o hematócrito, de 3%.7 Alguns princípios devem ser levados em conta para a prática da transfusão de células vermelhas em adultos, entre eles: o prescritor clínico da transfusão de eritrócitos deve estar ciente da indicação apropriada e dos riscos e benefícios dessa transfusão; os pacientes devem receber informações sobre os riscos e benefícios da transfusão de células vermelhas, incluindo a possibilidade de transfusão autóloga; a causa da anemia deve ser estabelecida e o tratamento com transfusão de hemácias não deve ser alternativo para o tratamento de deficiências de ferro, anemia megaloblástica e anemia hemolítica auto-imune, a menos que esta anemia ameace a vida do paciente; não existe um consenso mundial da concentração de hemoglobina para a transfusão de concentrado de hemácias.
Os critérios clínicos têm um papel vital na decisão da transfusão ou não; na perda aguda de sangue, cristalóides e colóides sintéticos podem ser usados para restabelecer rapidamente o volume inicial. Os efeitos da anemia precisam ser considerados separadamente dos efeitos da hipovolemia.
É aceitável que, em pacientes com perda aguda de massa sangüínea maior que 50% do volume de sangue circulante, a decisão empírica da imediata transfusão de células vermelhas tenha de ser tomada. Entretanto, é importante definir os pacientes que precisam restabelecer componentes sangüíneos e fluidos o mais especificadamente possível, para garantir que o uso de hemocomponentes seja feito de forma racional; deve haver um local apropriado para providenciar a transfusão urgente para pacientes com hemorragia importante, incluindo o uso emergencial de sangue O Rh negativo; a razão da administração de células vermelhas deve ser documentada no prontuário do paciente.8 As principais situações descritas na literatura em que a transfusão de CH não se encontra justificada são: hematócrito superior a 30%, exceto nos casos com queda superior a 6% em 24 horas ou superior a 12% em 48 horas; hematócrito entre 24% a 30% desde que não ocorram as seguintes alterações: queda do hematócrito superior a 6% nas últimas 24 horas; angina e dor torácica nas 24 horas que antecedem o ato transfusional; infarto agudo do miocárdio (IAM) até seis semanas antes da transfusão; perda de sangue superior a 1.000 mL antes da transfusão; eletrocardiograma indicando isquemia coronariana ou IAM.5 Há considerável controvérsia sobre o nível de hemoglobina no qual a transfusão de CH pode ser apropriada, mas, em geral, pacientes com hemoglobina menor que 7 g/dL, particularmente pessoas idosas, podem apresentar sintomas clínicos consistentes com transporte insuficiente de oxigênio.9 A controvérsia existe em relação à transfusão de CH a pacientes com anemia normovolêmica e hemoglobina entre 7 e 10 g/dL e a prática transfusional varia entre médicos, mesmo dentro da mesma instituição.
Em um estudo multiinstitucional realizado no Canadá, 418 pacientes criticamente doentes com normovolemia receberam transfusão de CH quando o valor de hemoglobina estava abaixo de 7 g/dL, com o objetivo de mantê-lo em uma escala de 7 a 9 g/dL, e 420 pacientes receberam transfusão de CH quando o valor de hemoglobina estava abaixo de 10 g/dL, para mantê-lo em uma escala de 10 a 12 g/dL.
O índice de mortalidade no 30º dia foi similar em ambos os grupos (18,7% versus 23,3%, p= 0,11), indicando que a transfusão em um limiar abaixo de 7 g/dL de hemoglobina é tão segura quanto a transfusão em um limite superior (10 g/dL), em pacientes criticamente doentes. No entanto, os autores concluem que mais informações são necessárias para determinar quando a transfusão em unidades de terapia intensiva é benéfica.10 Outros estudos encontraram substancial variabilidade no uso de transfusão de CH em pacientes submetidos a cirurgias de quadril e joelho e esta variabilidade foi atribuída à falta de critérios claramente definidos para a transfusão de CH e de diferenças na disponibilidade de transfusão autóloga entre os hospitais.11,12,13 O CH deve ser administrado através de filtro de transfusão com velocidade de infusão no máximo em quatro horas.
Nenhuma medicação ou solução (exceto salina isotônica) deve ser adicionada à bolsa de sangue.3 Concentrado de hemácias pobre em leucócitos A doação de 450 mL de sangue contém cerca de 3,0×10 9 leucócitos. Em pacientes politransfundidos, pode-se observar a presença de anticorpos antileucocitários, que produzem reações febris não hemolíticas (RFNH) em transfusões que contenham essas células.5 Concentrado de hemácias pobre em leucócitos são hemácias preparadas por um método que assegure a remoção de, pelo menos, 85% dos leucócitos originalmente presentes na bolsa de sangue coletado.
- Os métodos de remoção podem ser a lavagem, a centrifugação invertida com retirada da camada leucoplaquetária do buffy-coat ou a extração automática do buffy-coat durante a preparação e uso de filtro leucodepletores.
- O número de leucócitos no componente final deverá ser menos de 5×10 6 células.
- Sua validade é de 24 horas quando preparado em sistema aberto e mantém a validade original se for em sistema fechado.1 A maioria das reações transfusionais febris ocorre devido à presença de leucócitos na bolsa de sangue a ser transfundida.
Atualmente, o método mais eficiente que remove aproximadamente 99% dos leucócitos é o uso de filtros leucodepletores. Pacientes que tiveram reações febris repetidas (duas ou mais) são candidatos ao uso de hemácias pobres em leucócitos.2 O uso do filtro de leucodepleção está indicado para os pacientes cronicamente dependentes de transfusões, particularmente os talassêmicos.
- Embora questionável, esse produto tem sido utilizado para prevenção da transmissão de infecção pelo Citomegalovírus (CMV) e infeção pelo Vírus Linfotrópico de Células T Humanas tipo I (HTLV-I).
- Um nível de leucócitos menor que 5×10 8 células poderá prevenir RFNH.
- Muitos filtros sangüíneos garantem níveis menores que 1×10 6 células ou até 1×10 4 células.
Baixos níveis de leucócitos podem prevenir ou retardar a sensibilização com antígenos leucocitários humanos (HLA) ou possivelmente prevenir a transmissão da infecção pelo CMV, uma vez que o CMV é transportado nas formas latentes ou infecção ativa pelos leucócitos polimorfonucleares e monócitos.2 O efeito da leucorredução na transmissão de outros vírus, como o Vírus da Imunodeficiência Humana tipo 1 (HIV-1), ainda vem sendo investigado.
Estudos preliminares têm sugerido que a redução leucocitária pode também diminuir a incidência de crescimento bacteriano, principalmente Yersinia enterocolítica ou outras bactérias durante o estoque refrigerado de glóbulos vermelhos.4 Concentrado de hemácias lavadas Pacientes que tiveram reações transfusionais alérgicas com CH normal poderão ser beneficiados com o uso de hemácias lavadas.
Hemácias lavadas são usadas para pacientes com deficiência de IgA e anticorpos anti-IgA. A resposta esperada com relação ao hematócrito é a mesma que com a transfusão de CH não lavados.2 Entretanto, há relatos contraditórios afirmando que pacientes que são cronicamente transfundidos com hemácias lavadas podem necessitar de um maior número de unidades para atingir o hematócrito apropriado, devido à perda de glóbulos vermelhos durante a lavagem.3 O procedimento de lavagem deverá ser realizado com solução isotônica de cloreto de sódio.1 Para esse processo ser efetivo, deve compreender pelo menos três ciclos de lavagem.14 Este procedimento pode ser realizado a qualquer momento dentro do prazo de validade do componente, mas uma vez que a lavagem é realizada em sistema aberto, o CH resultante pode ser estocado por apenas 24 horas, entre 1º e 6ºC, devido ao risco de contaminação bacteriana.
CH lavadas devem ser administrados através de filtros de transfusão em até quatro horas.3 Concentrado de hemácias congeladas Concentrado de hemácias congeladas é constituído por hemácias conservadas em temperaturas iguais ou inferiores a -65ºC na presença de um agente crioprotetor como o glicerol ou amido hidroxilado.
Na utilização de glicerol, este deve ser removido por meio de lavagem, depois que as hemácias forem descongeladas. Os concentrados de hemácias poderão ser congelados em até 15 dias, embora se recomendam seis dias, e sua validade é de dez anos, a contar da data da doação do sangue.1 A unidade de CH descongelada é reconstituída com salina estéril, usualmente com hematócritos entre 70%-80% e pode ser estocada entre 1º e 6ºC por até 24 horas, uma vez que a lavagem é realizada em sistema aberto.
Normalmente não é necessário o uso de hemácias deglicerolizadas para a prevenção de reações transfusionais febris, pois estes produtos são de baixo estoque devido ao custo e tempo necessário para sua estocagem. Podem ser utilizados como alternativa de conservação e disponibilidade de bolsas coletadas de doadores CMV negativos, com a intenção de diminuir a incidência de soroconversão para CMV em paciente suscetíveis.3 Células vermelhas congeladas permitem o estoque por um longo tempo de unidades de sangue raro, bolsas autólogas e unidades para situações especiais, como a transfusão intra-uterina.
Através do processo de deglicerolização com a remoção de, aproximadamente, todos os leucócitos e plasma, as células vermelhas congeladas podem ser usadas alternativamente com hemácias lavadas, diminuindo o custo do tratamento. O aumento do hematócrito no paciente é o mesmo de quando se utiliza concentrado de hemácias normal.2 Todas as unidades de hemácias congeladas devem ser transfundidas através de filtros de transfusão.3 Hemácias rejuvenescidas São hemácias tratadas por um método que restabelece os níveis normais de 2,3 Difosfato glicerol (2,3-DPG) e Adenina Trifosfato (ATP).
- As hemácias podem ser rejuvenescidas até três dias após seu vencimento, desde que tenham sido mantidas a 4º – 2ºC.
- Depois desse procedimento, os glóbulos vermelhos podem ser lavados e transfundidos dentro de 24 horas.
- Os rótulos dessas unidades devem indicar o uso de soluções de rejuvenescimento.1 Concentrado de plaquetas (CP) O CP consiste de uma suspensão de plaquetas em plasma, preparado mediante dupla centrifugação de uma unidade de sangue total.
É importante que este sangue total não seja colhido em tempo maior que 15 minutos. O CP deve conter, pelo menos, 5,5×10 10 plaquetas e deverão ser armazenados à temperatura de 20º a 24ºC, sob agitação constante, pelo prazo máximo de cinco dias.1 Vários autores citam a preocupação especial com a contaminação bacteriana do CP devido à sua estocagem à temperatura ambiente, devendo-se respeitar seu prazo de validade.3,5,15 O risco de sepsis relacionado à plaqueta é estimado ser de 1:12.000, mas é maior quando a transfusão de CP é obtida de múltiplos doadores do que a transfusão de uma unidade de plaqueta obtida por aférese de um único doador.
- O aumento do risco de crescimento bacteriano com o tempo justifica a vida média das plaquetas estocadas a 20º-24ºC ser de cinco dias.
- Em ordem decrescente, os microrganismos mais comumente envolvidos em mortes são Staphylococcus aureus, Klebsiella pneumoniae, Serratia marcescens e Staphylococcus epidermidis,16 Após a monitorização de alguns parâmetros visando atingir a qualidade de produtos plaquetários, como a calibração dos equipamentos, determinação do tempo ideal de coleta do sangue e escolha do melhor método de definição do pH, constatou-se que algumas centrífugas não atingem a velocidade exigida pela técnica de calibração, não sendo, portanto, indicada para este fim.
Relatou ainda que os CP produzidos a partir de ST, colhidos em intervalo de tempo inferior a oito minutos, apresentaram os melhores resultados, e a determinação do pH pelo método da fita, que é simples, rápido e de baixo custo, também apresentou os melhores resultados, sendo indicado seu uso antes da liberação imediata do hemocomponente.17 A efetividade de uma transfusão de plaquetas é determinada pelo cálculo do Incremento Plaquetário Corrigido (ICP), que consiste de: onde, o Incremento Plaquetário (IP) é a contagem de plaquetas após a transfusão subtraída da contagem pré-transfusional. Este procedimento será considerado efetivo quando o IPC for maior que 7.500 em uma hora ou maior que 4.500 após vinte horas da transfusão.15 As plaquetas possuem a função de controlar o sangramento ao atuar como tampão hemostático no endotélio vascular.7 A utilização de plaquetas ABO compatíveis com o receptor é aconselhável, porém não é obrigatória, não sendo necessária a realização dos testes de compatibilidade pré-transfusionais.5 As indicações clínicas para transfusão de plaquetas são para prevenir ou controlar a hemorragia em pacientes com baixas contagens de plaquetas (trombocitopenia), ou, menos freqüentemente, em pacientes com disfunção plaquetária (trombocitopatias). Em pacientes com trombocitopenia, o CP está indicado para prevenir hemorragia espontânea, particularmente intracraniana, condição que pode ocorrer em pacientes que apresentam contagens de plaquetas abaixo de 10.000/mm 3, Pacientes que apresentam valores inferiores a 5.000/mm 3 apresentam alto risco para hemorragias espontâneas. Outra indicação clínica seria em pacientes trombocitopênicos (<50.000/mm 3 ) submetidos a procedimentos invasivos de diagnóstico como biópsia hepática, colonoscopia com biópsia, broncoscopia com bióspia, entre outros. Uma terceira situação clínica é a presença de trombocitopenia em pacientes que serão submetidos a procedimentos cirúrgicos. Uma quarta situação é uma trombocitopenia (<100.000/mm 3 ) em pacientes com hemorragia ativa como a hemorragia aguda gastrointestinal. Uma quinta situação seria quando o número de plaquetas é normal, mas são consideradas disfuncionais. Verifica-se o desenvolvimento de uma anormalidade plaquetária funcional proporcional à extensão da derivação cardiopulmonar durante a cirurgia cardíaca e em pacientes que estão em uso de aspirina ou drogas com efeitos farmacológicos similares. Nestes casos, há indicação de CP quando procedimentos cirúrgicos ou procedimentos invasivos de diagnóstico de urgência são necessários.9 Transfusão de plaquetas profiláticas e terapêuticas vem sendo cada vez mais usada para pacientes com condições associadas a trombocitopenia, com o objetivo de prevenir o desenvolvimento de um provável sangramento que possa ameaçar a vida do paciente.18 A dose usual para pacientes adultos e pediátricos varia muito segundo a literatura. Para um paciente adulto trombocitopênico, 6 - 10 unidades de CP, e para pacientes pediátricos, 1 unidade para cada 10 kg de peso.3 Outros estudos recomendam o uso de 5 - 8 unidades de CP ou 1 unidade de plaquetas por aférese para um adulto e 10 mL de CP por quilo de peso para crianças.15 O principal uso da transfusão profilática de plaquetas é na prevenção de sangramento em pacientes com doenças hematológicas, especialmente as leucemias, que apresentam insuficiência medular causada pela doença ou seu tratamento. Nestes pacientes, usualmente transfundem-se plaquetas quando os níveis estão em torno de 10.000/mm 3, Se o paciente apresenta algum outro fator de risco (sepsis, uso de antibióticos), adota-se um limiar transfusional em torno de 30.000/mm 3,15 Em cirurgias cardíacas, o número mínimo aceitável de plaquetas com CEC não está bem estabelecido. Este valor pode variar entre os diferentes serviços, diferentes pacientes e diferenças de função plaquetária. Neste caso, a transfusão profilática pré-cirúrgica de plaquetas é indicada em pacientes com contagem inferior a 100.000/mm 3,15 Outros autores defendem que uma contagem plaquetária superior a 60.000/mm 3, na vigência de função plaquetária normal, poderá ser suficiente para uma hemostasia adequada em um procedimento cirúrgico de grande porte.19 Esplenomegalia, púrpura trombocitopênica imune e coagulação intravascular disseminada (CIVD) são condições onde é desnecessária a transfusão de concentrados plaquetários. Transfusões repetidas podem levar a aloimunização a antígenos do sistema HLA, resultando em um estado refratário que se manifesta pela ausência de resposta às transfusões de plaquetas. Tais pacientes, usualmente, necessitam plaquetas HLA compatíveis. A irradiação de plaquetas está indicada para prevenção da doença do enxerto versus hospedeiro (DEVH) em pacientes imunodeprimidos.3 Plasma fresco congelado (PFC) O plasma é composto primariamente de água, com aproximadamente 7% de proteínas e 2% de carboidratos e lipídeos. É preparado a partir do ST, após centrifugação e congelamento do plasma dentro de seis horas após a coleta.3 O PFC pode ser totalmente congelado em até oito horas após a coleta. Deve ficar armazenado a uma temperatura de, no mínimo, - 20º C, tendo a validade de 12 meses. Porém, a temperatura mais recomendada é a de -30º C e, assim, a validade do PFC passa a ser de 24 meses.1 O volume de uma unidade de plasma fresco deve ficar em torno de 200 a 250 mL. Sob as condições de temperaturas citadas, é mínima a perda dos fatores V e VIII, os fatores lábeis da coagulação. Um mL de PFC contém, aproximadamente, uma unidade de atividade de fator de coagulação.3 De acordo com o Colégio Americano de Patologistas, o uso do PFC deve ser considerado nas seguintes situações: coagulopatia congênita ou adquirida, com sangramento ativo e previamente a procedimentos invasivos; transfusão maciça de hemácias associada à deficiência da coagulação; reversão rápida da anticoagulação pela warfarina; deficiência congênita de fator II, V, VII, X, XI ou XIII, com sangramento anormal; púrpura trombocitopênica trombótica (PTT); deficiência da antitrombina III, co-fator II de heparina, proteína C ou proteína S.15 A compatibilidade ABO deve ser respeitada na administração de plasma fresco, com o objetivo de evitar hemólise no receptor, embora não sejam necessários testes de compatibilidade.5 O PFC não deve ser utilizado para expansão de volume ou reposição protéica, visto que produtos mais seguros, que não oferecem risco de transmissão de doenças ou reações alérgicas aos receptores, estão disponíveis com este fim, como a albumina sérica, soluções colóides sintéticas e soluções balanceadas de salina.2,7 De acordo com um estudo experimental realizado com recém-nascidos com poliglobulia, não se observaram diferenças estatisticamente significativas nos valores plasmáticos de sódio, cloro e bicarbonato, ao se administrarem plasma e solução salina. Concluiu-se que o uso de solução salina é tão eficaz quanto o plasma para diminuir significativamente o valor do hematócrito nos pacientes com a referida patologia. Prefere-se a administração de solução salina, pois não oferece os riscos imunológicos nem infecciosos do plasma, sendo também um produto mais acessível e com menor custo.20 Em cirurgias cardíacas, há indicação da transfusão de PFC na fase pré-cirúrgica nos casos de insuficiência hepática com alteração dos fatores de coagulação, na indisponibilidade de concentrados específicos de um fator em pacientes portadores de deficiência congênita ou adquirida e nas cirurgias de emergência em indivíduos que recebem terapia de anticoagulação oral. Na fase pós-operatória, recomenda-se a transfusão de plasma fresco em pacientes que apresentam sangramento aumentado por drenos torácicos, na presença de exames laboratoriais sugerindo coagulopatia de causa não plaquetária. O PFC deve ser administrado na dose de 10 a 20 mL/kg de peso na criança e de uma a duas bolsas no adulto, podendo variar em função da indicação.19 Plasma comum (PC) Pode ser chamado também de plasma normal, plasma simples ou plasma de banco, diferencia-se do PFC, pois seu congelamento se dá mais de oito horas depois da coleta do ST que lhe deu origem. Pode resultar também da transformação de um PFC cujo período de validade expirou. Deve ser armazenado em temperatura igual ou inferior a -20º C e tem a validade de cinco anos. O PC não pode ser utilizado para transfusão.1 Existem controvérsias com relação ao uso de plasma com remoção de crioprecipitado para o tratamento da PTT. Algumas indicações do PC são absolutamente injustificadas, como expansão de volume plasmático, complementação nutricional, uso profilático em cirurgias cardiopulmonares com CEC e transfusão maciça, melhora da cicatrização de ferimentos e fonte de imunoglobulinas para pacientes com hipogamaglobulinemia severa.15 Crioprecipitado (CRIO) Constitui-se da fração de plasma insolúvel ao frio, obtida a partir do PFC. Para sua produção, o PFC deverá ser descongelado a 4 ± 2º C. Após completado o descongelamento, este plasma deverá ser centrifugado à temperatura de 4 ± 2º C e separado do material insolúvel ao frio em circuito fechado. O CRIO resultante deverá ser recongelado em até uma hora após sua obtenção a -20º C e sua validade é de um ano a partir da data de doação. Se permanecer conservado à temperatura de -30º C sua validade passa a ser de dois anos. O produto final deverá conter 80 unidades internacionais de Fator VIII e 150 mg/dL de fibrinogênio em todas as unidades analisadas.1 O número de unidades de CRIO necessárias para corrigir o déficit de fibrinogênio pode ser calculado pela seguinte fórmula: 15 Recomenda-se administrar 1 unidade de CRIO para cada 5 kg de peso do paciente. O fibrinogênio possui meia-vida entre quatro e seis dias e a recuperação transfusional é de 50%. Atualmente, a principal fonte de fibrinogênio concentrado é o CRIO.3 A infusão de CRIO pode ser realizada a partir de bolsas individuais ou reunidas em pool, devido ao seu pequeno volume.
O produto deve ser aplicado logo após o descongelamento, pois se observa uma rápida perda de atividade do Fator VIII em altas temperaturas. Se o título de isoaglutininas for superior a 1:32, deve-se respeitar a compatibilidade ABO, especialmente em crianças, pois pode-se observar um teste de Coombs direto positivo no receptor que receba unidades ABO incompatíveis.5 As principais indicações da transfusão de CRIO são no tratamento da hemofilia A, doença de von Willebrand, deficiência de fibrinogênio congênita ou adquirida, deficiência de Fator XIII e complicações obstétricas ou outras situações associadas com o consumo de fibrinogênio, como CIVD.
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Transfusão Sanguínea e os Cuidados de Enfermagem
Seu uso também é benéfico no tratamento da tendência hemorrágica associada à uremia. No caso da hemofilia A, no Brasil existe uma normatização do Ministério da Saúde, onde os hemofílicos deveriam ser tratados apenas com Fator VIII industrializado. Quantidades pequenas de CRIO são utilizadas no preparo de “cola de fibrina” para o auxílio de hemostasia cirúrgica ou para remoção de cálculos renais.3 Em cirurgias cardíacas, portadores de disfunção plaquetária decorrente de insuficiência renal poderão se beneficiar com a transfusão pré-cirúrgica de CRIO, devido ao aumento do fator de von Willebrand.
No período pós-operatório, a infusão de CRIO está indicada no sangramento devido a hipofibrinogenemia. Deve ser administrado na dose de uma bolsa/10 kg de peso do paciente.19 O CRIO não deve ser utilizado no tratamento de pacientes com deficiências de outros fatores que não os já citados. O risco de transmissão de doenças infecciosas, para cada unidade de CRIO, é o mesmo do PFC.
Quando altas quantidades de CRIO são transfundidas, o nível de fibrinogênio do indivíduo deve ser monitorizado, pois este pode atingir níveis bastante elevados (hiperfibrinogenemia), levando a um risco aumentado de tromboembolismo.3 Concentrado de granulócitos Concentrado de granulócitos se caracteriza por uma suspensão de granulócitos em plasma obtida por aférese.
Este componente deverá conter, no mínimo, 1010 granulócitos em, pelo menos, 90% das unidades avaliadas. Possui validade de apenas 24 horas e deve ser conservado a temperatura de 22 ± 2º C.1 Os concentrados de granulócitos possuem uma aplicação muito limitada. Pacientes com neutropenia severa (menos que 500 leucócitos/mL), febre que não responde a terapia antibiótica, hipoplasia mielóide da medula óssea e que apresentam uma possibilidade razoável de sobrevivência são candidatos à transfusão de granulócitos.6 A administração de granulócitos deverá ser realizada através de filtros normais, não se usando filtros de microagregados.
São necessárias as provas de compatibilidade devido ao número elevado de hemácias presentes neste produto. Não devem se utilizar doadores familiares em candidatos a transplante de medula óssea sob o risco de aloimunização.5 A utilização de concentrado de granulócitos está em declínio nos Estados Unidos, uma vez que a antibioticoterapia apropriada pode ser mais eficaz que transfusões de granulócitos em pacientes neutropênicos infectados.
Não há consenso sobre a dose e duração desta terapêutica, entretanto existem relatos sobre pacientes que indicam ser necessário um mínimo de quatro dias de terapia para demonstrar algum efeito benéfico.3 As reações pulmonares severas ocorrem em pacientes que recebem transfusão de granulócitos, especialmente os pacientes com infecção pulmonar ou aloimunização a antígenos HLA presentes nas células do doador.
Quando esta reação é muito grave, a infusão do concentrado de granulócitos deve ser interrompida e deve haver uma suplementação com oxigênio. Também podem ocorrer reações febris que podem ser tratadas com antipiréticos e com uma transfusão mais lenta.
O risco de transmissão de doenças como o CMV e a DEVH está presente na terapia com granulócitos.4 Albumina humana A albumina humana constitui-se de uma proteína altamente solúvel, simétrica, heterogênea, com peso de aproximadamente 67.000 daltons (D). Carrega uma alta carga negativa que possibilita a ligação desta a uma grande quantidade de componentes, incluindo drogas.
É produzida no fígado, sendo que o organismo de um indivíduo adulto de aproximadamente 70 kg armazena cerca de 300g de albumina, das quais 60% a 65% extravascular em pele, músculos e intestinos.15 A solução de albumina é derivada do plasma de doadores, obtido a partir de ST ou de plasmaférese.
- É preparada através do processo de fracionamento por álcool a frio e subseqüente aquecimento a 60ºC por dez horas.
- Estes produtos não oferecem riscos de transmissão de doenças virais devido ao período de aquecimento a que são submetidos.3 Este produto encontra-se disponível em soluções a 25% e 5%, armazenadas à temperatura de 1º a 6º C, e possui uma vida de armazenamento de cinco anos.6 A albumina humana pode ser usada para o tratamento de pacientes que requerem expansão de volume.
Surgem controvérsias quanto ao uso deste produto ou de cristalóides (salina ou soluções eletrolíticas) como melhor opção para o tratamento de hipovolemia. É usada rotineiramente como fluido de reposição em muitos procedimentos de plasmaféreses. Também pode ser utilizada, assim como a fração protéica plasmática, juntamente com diuréticos, para induzir a diurese em pacientes com baixa dosagem de proteína total ou perda protéica.
Pacientes que recebem 25% de albumina precisam adequar a água extravascular e compensar o mecanismo para tratar a expansão do volume sangüíneo.2 O uso de albumina está contra-indicado como suporte nutricional, pois o mesmo apresenta resultado mais efetivo se ocorrer por nutrição parenteral, para melhoria de cicatrização no período pós-operatório ou para correção de hipoproteinemias associadas a hepatopatias ou enteropatia com perda protéica.
Outra contra-indicação do uso de albumina humana seria nos casos de mobilização de ascite e terapêutica única para desidratados.19 Perspectivas futuras A prática da transfusão sangüínea sofrerá mudanças brevemente, no século 21. O maior foco será no aperfeiçoamento da segurança, havendo aumento de produtos manufaturados.
- A leucorredução universal de todos os produtos celulares sangüíneos (exceto granulares) e, talvez, produtos acelulares, é um acontecimento que provavelmente ocorra dentro dos primeiros anos.
- Diversos países da Europa e Canadá têm no momento utilizado leucorredução universal.
- Isto ocorre para evitar os efeitos adversos conhecidos associados com leucócitos alogênicos, a difícil associação da administração de duas invenções de produtos sangüíneos (leucorreduzidos e não-leucorreduzidos) e o risco teórico de uma nova variante da transmissão da doença de Creutzfeldt-Jakob pela transfusão de sangue.
Também ocorrerão benefícios como a redução da reação transfusional não-hemolítica, a eliminação da transmissão de vírus presentes em leucócitos como os da família Herpesvirus (Citomegalovírus, Epstein Barr Vírus, Herpes Vírus tipo 6 e Herpes Vírus tipo 8), a redução da transmissão de vírus que estão presentes tanto em leucócitos como na forma de virions livres no plasma (Vírus Linfotrópico de Células T Humanas Tipos I e II e o Vírus da imunodeficiência Humana tipos 1 e 2) e uma provável redução nas reações alérgicas.
O efeito na redução da morbidez pós-operatória em pacientes cirúrgicos será antecipado sendo também importante vantagem.9 Tecnologias em aféreses serão mais amplamente utilizadas para coleta de doadores sangüíneos e poderão substituir o padrão mundial da coleta de sangue dentro das duas primeiras décadas nos países economicamente desenvolvidos.
Isto porque, devido à idade populacional, poucos doadores são vantajosos e pessoas idosas são os maiores consumidores de produtos sangüíneos. Maximizar a coleta desses doadores será de suprema importância. Quando isso ocorrer, “unidades” de sangue não estarão em apropriados pedidos, como a coleta de células vermelhas irá conter 380 – 400 mL de células vermelhas e todas as plaquetas serão derivadas de aféreses (doador único); plasma será a “unidade” de 500 – 600 mL, enfatizando a necessidade da prescrição em mL/kg.
A atenuação microbiana de produtos acelulares, com a destruição de vírus e bactérias, está avançando desde 1999 e será, provavelmente, suplementada em 2010. Isto geralmente ocorre pela adição de azul de metileno nas unidades únicas com subseqüente exposição à luz fluorescente, a quarentena das unidades únicas, pasteurização ou tratamento dos pools de plasma com detergente solvente.
Já a atenuação microbiana de produtos sangüíneos celulares está mais desafiadora. Para células vermelhas, fitalociaminas (quando expostas à luz vermelha) e psoralen derivados inativam bactérias e vírus. Entretanto, ocorre algum dano para a membrana das células vermelhas.
Para plaquetas, derivados psoralen mostram-se extremamente promissores. Produtos celulares inativados utilizando estes processos (ou outros) irão continuar em experiências clínicas próximo a primeira década. Proteínas recombinantes do plasma vêm sendo eficazes para fator VIII e fator IX. Albumina recombinante e outras proteínas poderão substituir produtos derivados plasmáticos dentro de poucas décadas.9 Endereço para correspondência Fernanda Horn Razouk Rua Prudente de Morais, 200/42, Vila Estrela 84040-150 Ponta Grossa-PR.
E-mail: Recebido: 12/04/2004 Aceito após modificações: 05/06/2004 Avaliação: Editor e dois revisores externos. Conflito de interesse: não declarado Endereço para correspondência Fernanda Horn Razouk Rua Prudente de Morais, 200/42, Vila Estrela 84040-150 Ponta Grossa-PR.
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O que é uma transfusão de sangue?
Recursos do assunto Uma transfusão de sangue é a transferência de sangue ou de um dos seus componentes de uma pessoa saudável (um doador) para uma pessoa doente (um receptor). As transfusões são administradas para aumentar a capacidade do sangue de transportar oxigênio, restaurar a quantidade de sangue no corpo (volume sanguíneo) e corrigir problemas de coagulação.
Pessoas que sofreram lesões Pessoas submetidas a cirurgia
Nos Estados Unidos, a Agência de Administração de Alimentos e Medicamentos (Food and Drug Administration, FDA) regula de maneira rigorosa a coleta, o transporte e o armazenamento de sangue e dos seus componentes. Esses regulamentos foram desenvolvidos para proteger tanto o doador quanto o receptor.
Muitas autoridades sanitárias estaduais e municipais, assim como organizações como a Cruz Vermelha norte-americana (consulte Exigências de elegibilidade ) e a AABB (anteriormente conhecida como Associação Norte-Americana de Bancos de Sangue), mantêm padrões adicionais. Devido a esses regulamentos, doar e receber sangue é muito seguro.
Contudo, as transfusões ainda representam riscos para o receptor, como reações alérgicas Considerações gerais sobre reações alérgicas As reações alérgicas (reações de hipersensibilidade) são respostas inadequadas do sistema imunológico a uma substância que normalmente é inofensiva., febre e calafrios, excesso de volume sanguíneo e infecções bacterianas e virais. Embora a possibilidade de contrair AIDS, hepatite ou outras infecções através de transfusões seja remota, os médicos estão muito cientes desses riscos e solicitam transfusões somente quando não há alternativa.
Antes de solicitar uma transfusão (exceto numa emergência), os médicos explicam os riscos das transfusões às pessoas e pedem que elas assinem um documento no qual afirmam que entendem os riscos e dão seu consentimento para a transfusão (o chamado termo de consentimento livre e esclarecido Consentimento livre e esclarecido Antes de realizar um teste invasivo ou fornecer tratamento médico, os médicos devem obter a permissão de um paciente competente de forma que seja esclarecida e voluntária.
O processo é conhecido. leia mais ). Em casos raros, alguns doadores também podem desenvolver efeitos colaterais após a doação, incluindo vertigem, hipotensão arterial, náusea e formigamento/dormência ou hematoma no local da inserção da agulha para a coleta de sangue.
As pessoas têm diferentes tipos sanguíneos. O que determina o tipo sanguíneo é a presença de certos antígenos (moléculas complexas de açúcar ou proteína que podem desencadear uma resposta imune) na superfície dos glóbulos vermelhos. Os antígenos de células sanguíneas incluem antígenos dos grupos sanguíneos A e B e fator Rh.
Os quatro tipos sanguíneos principais são A, B, AB e O (distribuição na população geral)
A: o antígeno A (mas não o B) está presente. (40%) B: o antígeno B (mas não o A) está presente. (10%) AB: os antígenos A e B estão presentes. (5%) O: nem o antígeno A nem o B estão presentes. (45%)
Além disso, o sangue pode ser Rh positivo (o fator Rh está presente na superfície dos glóbulos vermelhos, 85% das pessoas) ou Rh negativo (o fator Rh está ausente, 15% das pessoas). Normalmente, quando as pessoas não têm o antígeno A e/ou o antígeno B, elas possuem anticorpos de ocorrência natural contra o antígeno ou os antígenos que elas não possuem.
- Pessoas com sangue do tipo A, por exemplo, possuem o anticorpo anti-B de ocorrência natural e as pessoas com sangue do tipo O (que não têm nem o antígeno A nem o B) possuem os anticorpos de ocorrência natural anti-A e anti-B.
- Além dos antígenos A e B, há diversos outros antígenos de grupos sanguíneos presentes nos glóbulos vermelhos.
Contudo, as pessoas não possuem anticorpos de ocorrência natural contra esses antígenos. Esses anticorpos se desenvolvem somente se as pessoas forem expostas a esses antígenos por transfusão. Alguns tipos de sangue são muito mais comuns que outros. Nos Estados Unidos, os tipos sanguíneos mais comuns em brancos são O positivo (37%) e A positivo (33%), seguidos dos tipos B positivo (9%), O negativo (8%), A negativo (7%), AB positivo (3%), B negativo (2%) e AB negativo (1%).
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Quais as alternativas à transfusão de sangue?
Hoje já existem vários tratamentos alternativos às transfusões de sangue, entre os tratamentos mais utilizados, podemos citar o sangue artificial ou substituto do sangue, mais conhecido por expansores do volume do sangue e terapias de oxigênio. (CONTRIBUIDORES DA WIKIPÉDIA, 2008).
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Qual a importância da tecnologia dos bancos de sangue para a segurança da transfusão?
Possíveis complicações associadas a transfusão – Dentre as complicações relacionadas à transfusão, destacam-se a transmissão de doenças infecciosas como o HIV (vírus da imunodeficiência humana), hepatites B e C, infecções bacterianas, doenças por príons, e outras doenças emergentes como a febre chikungunya e protozooses, as complicações inflamatórias como a sepse (infecção generalizada), a imunodepressão e reativação de doenças autoimunes, e reações sistêmicas, como o edema pulmonar por inflamação ou sobrecarga hídrica e as reações transfusionais.
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Quando é indicada a transfusão de hemácias?
Transfusion – Pasqual Barretti Alvimar Gonçalves Delgado Sobre os autores O emprego de transfusões de hemácias em pacientes com DRC deve ser criterioso e maximamente restrito (Evidência B). Na piora aguda da anemia, a transfusão está indicada nas seguintes situações:
• Independentemente da concentração de hemoglobina: perda volêmica maior que 30-40% do volume corporal; perda volêmica menor que 30% com sinais de inadequada oxigenação tecidual (angina, alterações eletrocardiográficas, instabilidade hemodinâmica, insuficiência cardíaca e alterações do estado de consciência); perda sanguínea aguda ativa sem controle imediato ou sem melhora clínica após reposição fluida (coloides ou cristaloides) (Evidência C). • Na ausência de manifestações clínicas, se a concentração de hemoglobina for ≤ 7 g/dL. (Evidência A).
Nas anemias crônicas associadas à inadequada resposta aos AEE, hemoglobinopatias ou falência medular, a transfusão sanguínea está indicada:
• quando houver hemoglobina ≤ 7 g/dL; • em caso de hemoglobina ≤ 8 g/dl em pacientes com doença cardiovascular preexistente ou • quando o paciente apresentar sinais e sintomas clínicos (instabilidade hemodinâmica durante a hemodiálise, hipotensão postural, fraqueza intensa, letargia, insuficiência cardíaca, angina, etc). (Evidência B).
Em pacientes em preparo eletivo para cirurgia, a transfusão deve ser indicada quando a hemoglobina for ≤ 7 g/dL, estando contraindicada se a hemoglobina for maior que 10 g/dL (Evidência B). Para pacientes com mais de 65 anos ou com doença cardiovascular preexistente, deve-se considerar como indicativo de transfusão uma concentração de Hb ≤ 8 g/dL. Em pacientes elegíveis para transplante de órgãos é recomendado evitar, quando possível, transfusão sanguínea para minimizar o risco de alossensibilização (Evidência A). Quando indicado o uso de concentrado de hemácias, o tempo de infusão deve ser de, no máximo, duas horas. A quantidade a ser infundida deve levar em conta a necessidade do paciente e o risco de hipervolemia (Opinião). A transfusão sanguínea é um procedimento de alto custo e associado ao risco de eventos adversos imunológicos como reações alérgicas e febris, hemólise fatal e não fatal, injúria pulmonar aguda associada à transfusão (TRALI), anafilaxia, sobrecarga circulatória, sobrecarga de ferro corporal, reação enxerto versus hospedeiro, ao lado de risco aumentado de transmissão do vírus da hepatite B, hepatite C e HIV, assim como de morte associada à sepse. Dados quantitativos sobre o risco destas complicações em pacientes transfundidos podem ser encontrados em publicações recentes, com destaque para as últimas recomendações da AABB ( American Association of Blood Bank ).1 1. Klein HG, Spahn DR, Carson JL. Red blood cell transfusion in clinical practice. Lancet 2007;370:415-26. PMID: 17679019 DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(07)61197-0 http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(07).2. Rawn J. The silent risks of blood transfusion. Curr Opin Anaesthesiol 2008;21:664-8. DOI: http://dx.doi.org/10.1097/ACO.0b013e32830f1fd1 http://dx.doi.org/10.1097/ACO.0b013e3283.3. Klein HG. How safe is blood, really? Biologicals 2010;38:100-4. PMID: 20074975 – 4 4. Carson JL, Grossman BJ, Kleinman S, Tinmouth AT, Marques MB, Fung MK, et al.; Clinical Transfusion Medicine Committee of the AABB. Red blood cell transfusion: a clinical practice guideline from the AABB*. Ann Intern Med 2012;157:49-58. Segundo as recomendações do KDIGO ( Kidney Disease: Improving Global Outcomes ), publicadas em 2012, 5 5. Locatelli F, Bárány P, Covic A, De Francisco A, Del Vecchio L, Goldsmith D, et al.; ERA-EDTA ERBP Advisory Board. Kidney Disease: Improving Global Outcomes guidelines on anaemia management in chronic kidney disease: a European Renal Best Practice position statement. Nephrol Dial Transplant 2013;28:1346-59. a decisão de transfundir um paciente com DRC e anemia aguda deve ser baseada não em um valor determinado da concentração de Hb, mas principalmente no quadro clínico e nas condições de controle do sangramento. Assim, pacientes com hemoglobina < 10 g/dL poderiam ser transfundidos apenas em decorrência dos sinais e sintomas de anemia. Mais recentemente, as diretrizes da AABB 4 4. Carson JL, Grossman BJ, Kleinman S, Tinmouth AT, Marques MB, Fung MK, et al.; Clinical Transfusion Medicine Committee of the AABB. Red blood cell transfusion: a clinical practice guideline from the AABB*. Ann Intern Med 2012;157:49-58. mostram que não há, até o momento, evidências de que a estratégia de uso liberal de transfusões, independentemente da Hb, seja melhor que o seu uso restrito. Há também várias evidências, incluindo dados recentes do US Renal Data System (USRDS), de que a transfusão aumenta o risco de isossensibilização 6 6.U.S. Renal Data System. USRDS 2010 Annual Data Report: Atlas of Chronic Kidney Disease and End-Stage Renal Disease in the United States, Bethesda: National Institutes of Health, National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases; 2010., 7 7.U.S. Renal Data System. USRDS 2011 Annual Data Report: Atlas of Chronic Kidney Disease and End-Stage Renal Disease in the United States, Bethesda: National Institutes of Health, National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases; 2011. em pacientes candidatos ao transplante renal, não havendo dados consistentes de que esse risco possa ser reduzido com o uso da leucorredução, 8 8. Karpinski M, Pochinco D, Dembinski I, Laidlaw W, Zacharias J, Nickerson P. Leukocyte reduction of red blood cell transfusions does not decrease allosensitization rates in potential kidney transplant candidates. J Am Soc Nephrol 2004;15:818-24. PMID: 14978185 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/01.ASN.0000115399.80913.B1 http://dx.doi.org/10.1097/01.ASN.0000115. hemácias lavadas, 9 9. Opelz G, Graver B, Mickey MR, Terasaki PI. Lymphocytotoxic antibody responses to transfusions in potential kidney transplant recipients. Transplantation 1981;32:177-83. PMID: 7025368 transfusão de doador 10 10. Reed A, Pirsch J, Armbrust MJ, Burlingham WJ, Knechtle SJ, D'Alessandro AM, et al. Multivariate analysis of donor-specific versus random transfusion protocols in haploidentical living-related transplants. Transplantation 1991;51:382-4. PMID: 1994532 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/00007890-199102000-00022 http://dx.doi.org/10.1097/00007890-19910. ou HLA-DR específicos.11 11. Christiaans MH, van Hooff JP, Nieman F, van den Berg-Loonen EM. HLA-DR matched transfusions: development of donor-specific T- and B-cell antibodies and renal allograft outcome. Transplantation 1999;67:1029-35. DOI: http://dx.doi.org/10.1097/00007890-199904150-00016 http://dx.doi.org/10.1097/00007890-19990. Nas anemias crônicas0, os sinais e sintomas associados a diferentes níveis de Hb são bastante variáveis. Em voluntários sadios em repouso, a redução isovolêmica da hemoglobina para 5 g/dL foi relativamente bem tolerada do ponto de vista cardiovascular e metabólico, embora alguns indivíduos apresentassem taquicardia e sinais eletrocardiográficos de isquemia.12 12. Weiskopf RB, Viele MK, Feiner J, Kelley S, Lieberman J, Noorani M, et al. Human cardiovascular and metabolic response to acute, severe isovolemic anemia. JAMA 1998;279:217-21. PMID: 9438742 DOI: http://dx.doi.org/10.1001/jama.279.3.217 http://dx.doi.org/10.1001/jama.279.3.217. No que concerne à função cognitiva, valores abaixo de 6 g/dL associaram-se a alterações que foram revertidas após transfusão com elevação da hemoglobina para 7 g/dL.13 13. Weiskopf RB, Kramer JH, Viele M, Neumann M, Feiner JR, Watson JJ, et al. Acute severe isovolemic anemia impairs cognitive function and memory in humans. Anesthesiology 2000;92:1646-52. PMID: 10839915 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/00000542-200006000-00023 http://dx.doi.org/10.1097/00000542-20000. Em outro estudo, concentrações de hemoglobina menores que 5 g/dL associaram-se à dispneia e à descompensação cardíaca.14 14. Linman JW. Physiologic and pathophysiologic effects of anemia. N Engl J Med 1968;279:812-8. PMID: 5676226 DOI: http://dx.doi.org/10.1056/NEJM196810102791508 http://dx.doi.org/10.1056/NEJM1968101027. O estudo TRICC ( Transfusion Requirements in Critical Care ), 15 15. Hébert PC, Yetisir E, Martin C, Blajchman MA, Wells G, Marshall J, et al.; Transfusion Requirements in Critical Care Investigators for the Canadian Critical Care Trials Group. Is a low transfusion threshold safe in critically ill patients with cardiovascular diseases? Crit Care Med 2001;29:227-34. PMID: 11246298 no qual 43% dos pacientes apresentavam doença cardiovascular, não observou diferenças na mortalidade entre pacientes transfundidos com hemoglobina menor que 7 g/dL e aqueles com níveis mais elevados que 7 g/dL.9 9. Opelz G, Graver B, Mickey MR, Terasaki PI. Lymphocytotoxic antibody responses to transfusions in potential kidney transplant recipients. Transplantation 1981;32:177-83. PMID: 7025368 No estudo FOCUS 16 16. Carson JL, Terrin ML, Noveck H, Sanders DW, Chaitman BR, Rhoads GG, et al.; FOCUS Investigators. Liberal or restrictive transfusion in high-risk patients after hip surgery. N Engl J Med 2011;365:2453-62. PMID: 22168590 ( Transfusion Trigger Trial for Functional Outcomes in Cardiovascular Patients Undergoing Surgical Hip Fracture Repair ), que incluiu 63% dos pacientes com doença cardiovascular e fatores de risco cardiovascular, e cuja estratégia restritiva era a indicação de transfusão se as concentrações de hemoglobina fossem ≤ 8 g/dL, também não se observaram diferenças entre os transfundidos com Hb ≤ 8 g/dL e aqueles transfundidos com Hb ≤ 10 g/dL, quanto à mortalidade e recuperação funcional. Em pacientes cirúrgicos não transfundidos por motivos religiosos, a mortalidade foi maior se a Hb no pós-operatório era menor que 7,0 g/dL e drasticamente mais elevada com níveis inferiores a 6g/dL.17 17. Carson JL, Noveck H, Berlin JA, Gould SA. Mortality and morbidity in patients with very low postoperative Hb levels who decline blood transfusion. Transfusion 2002;42:812-8. PMID: 12375651 DOI: http://dx.doi.org/10.1046/j.1537-2995.2002.00123.x http://dx.doi.org/10.1046/j.1537-2995.20. No estudo TRICC, 15 15. Hébert PC, Yetisir E, Martin C, Blajchman MA, Wells G, Marshall J, et al.; Transfusion Requirements in Critical Care Investigators for the Canadian Critical Care Trials Group. Is a low transfusion threshold safe in critically ill patients with cardiovascular diseases? Crit Care Med 2001;29:227-34. PMID: 11246298 com 838 pacientes, um grupo recebeu transfusões apenas quando a Hb caía a menos de 7 g/dL e o segundo (com 420 pacientes) era transfundido quando a hemoglobina estava abaixo de 10 g/dL para manter concentrações de Hb entre 10 e 12 g/dL; houve maior mortalidade nos pacientes com indicação liberal de transfusão. Entretanto, com base no estudo FOCUS 16 16. Carson JL, Terrin ML, Noveck H, Sanders DW, Chaitman BR, Rhoads GG, et al.; FOCUS Investigators. Liberal or restrictive transfusion in high-risk patients after hip surgery. N Engl J Med 2011;365:2453-62. PMID: 22168590 e na diretriz do KDIGO 11 11. Christiaans MH, van Hooff JP, Nieman F, van den Berg-Loonen EM. HLA-DR matched transfusions: development of donor-specific T- and B-cell antibodies and renal allograft outcome. Transplantation 1999;67:1029-35. DOI: http://dx.doi.org/10.1097/00007890-199904150-00016 http://dx.doi.org/10.1097/00007890-19990. considerou-se que, para pacientes com doença cardiovascular ou com alto risco cardiovascular, como aqueles com idade maior que 65 anos, a transfusão estaria indicada quando a concentração de Hb for ≤ 8 g/dL. Em caso de necessidade de transfusão, a utilização de sangue total se faz desnecessária, em virtude de a maior parte dos casos de hipovolemia poderem ser tratados com soluções cristaloides em associação com concentrado de hemácias. A leucorredução deve ser reservada para casos de reações transfusionais febris não hemolíticas 18 18. Narvios AB, Lichtiger B. Bedside leukoreduction of cellular blood components in preventing cytomegalovirus transmission in allogeneic bone marrow transplant recipients: a retrospective study. Haematologica 2001;86:749-52. PMID: 11454531 e para pacientes transplantados CMV IgG negativos, reduzindo o risco de transmissão do citomegalovírus.19 19. Karpinski M, Pochinco D, Dembinski I, Laidlaw W, Zacharias J, Nickerson P. Leukocyte reduction of red blood cell transfusions does not decrease allosensitization rates in potential kidney transplant candidates. J Am Soc Nephrol 2004;15:818-24. PMID: 14978185 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/01.ASN.0000115399.80913.B1 http://dx.doi.org/10.1097/01.ASN.0000115. Vale ressaltar que é recomendado que o tempo de infusão de hemocomponentes não seja maior que quatro horas, devido ao risco de contaminação bacteriana.20 20. Hospital Sírio Libanês- Manual de Conduta Hemoterápicas, 2a edição, Disponível em: http://www.hospitalsiriolibanes.org.br/hospital/banco-de-sangue/PublishingImages/guia-de-conduta.pdf http://www.hospitalsiriolibanes.org.br/h.
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Publicação nesta coleção Jan-Mar 2014
Recebido 23 Ago 2013 Aceito 10 Jan 2014
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O que é uma transfusão de sangue?
Recursos do assunto Uma transfusão de sangue é a transferência de sangue ou de um dos seus componentes de uma pessoa saudável (um doador) para uma pessoa doente (um receptor). As transfusões são administradas para aumentar a capacidade do sangue de transportar oxigênio, restaurar a quantidade de sangue no corpo (volume sanguíneo) e corrigir problemas de coagulação.
Pessoas que sofreram lesões Pessoas submetidas a cirurgia
Nos Estados Unidos, a Agência de Administração de Alimentos e Medicamentos (Food and Drug Administration, FDA) regula de maneira rigorosa a coleta, o transporte e o armazenamento de sangue e dos seus componentes. Esses regulamentos foram desenvolvidos para proteger tanto o doador quanto o receptor.
Muitas autoridades sanitárias estaduais e municipais, assim como organizações como a Cruz Vermelha norte-americana (consulte Exigências de elegibilidade ) e a AABB (anteriormente conhecida como Associação Norte-Americana de Bancos de Sangue), mantêm padrões adicionais. Devido a esses regulamentos, doar e receber sangue é muito seguro.
Contudo, as transfusões ainda representam riscos para o receptor, como reações alérgicas Considerações gerais sobre reações alérgicas As reações alérgicas (reações de hipersensibilidade) são respostas inadequadas do sistema imunológico a uma substância que normalmente é inofensiva., febre e calafrios, excesso de volume sanguíneo e infecções bacterianas e virais. Embora a possibilidade de contrair AIDS, hepatite ou outras infecções através de transfusões seja remota, os médicos estão muito cientes desses riscos e solicitam transfusões somente quando não há alternativa.
Antes de solicitar uma transfusão (exceto numa emergência), os médicos explicam os riscos das transfusões às pessoas e pedem que elas assinem um documento no qual afirmam que entendem os riscos e dão seu consentimento para a transfusão (o chamado termo de consentimento livre e esclarecido Consentimento livre e esclarecido Antes de realizar um teste invasivo ou fornecer tratamento médico, os médicos devem obter a permissão de um paciente competente de forma que seja esclarecida e voluntária.
O processo é conhecido. leia mais ). Em casos raros, alguns doadores também podem desenvolver efeitos colaterais após a doação, incluindo vertigem, hipotensão arterial, náusea e formigamento/dormência ou hematoma no local da inserção da agulha para a coleta de sangue.
As pessoas têm diferentes tipos sanguíneos. O que determina o tipo sanguíneo é a presença de certos antígenos (moléculas complexas de açúcar ou proteína que podem desencadear uma resposta imune) na superfície dos glóbulos vermelhos. Os antígenos de células sanguíneas incluem antígenos dos grupos sanguíneos A e B e fator Rh.
Os quatro tipos sanguíneos principais são A, B, AB e O (distribuição na população geral)
A: o antígeno A (mas não o B) está presente. (40%) B: o antígeno B (mas não o A) está presente. (10%) AB: os antígenos A e B estão presentes. (5%) O: nem o antígeno A nem o B estão presentes. (45%)
Além disso, o sangue pode ser Rh positivo (o fator Rh está presente na superfície dos glóbulos vermelhos, 85% das pessoas) ou Rh negativo (o fator Rh está ausente, 15% das pessoas). Normalmente, quando as pessoas não têm o antígeno A e/ou o antígeno B, elas possuem anticorpos de ocorrência natural contra o antígeno ou os antígenos que elas não possuem.
Pessoas com sangue do tipo A, por exemplo, possuem o anticorpo anti-B de ocorrência natural e as pessoas com sangue do tipo O (que não têm nem o antígeno A nem o B) possuem os anticorpos de ocorrência natural anti-A e anti-B. Além dos antígenos A e B, há diversos outros antígenos de grupos sanguíneos presentes nos glóbulos vermelhos.
Contudo, as pessoas não possuem anticorpos de ocorrência natural contra esses antígenos. Esses anticorpos se desenvolvem somente se as pessoas forem expostas a esses antígenos por transfusão. Alguns tipos de sangue são muito mais comuns que outros. Nos Estados Unidos, os tipos sanguíneos mais comuns em brancos são O positivo (37%) e A positivo (33%), seguidos dos tipos B positivo (9%), O negativo (8%), A negativo (7%), AB positivo (3%), B negativo (2%) e AB negativo (1%).
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Quais são as complicações da transfusão?
As complicações mais comuns da transfusão são As complicações mais graves, com taxas de mortalidade muito elevadas, são Outras complicações incluem O reconhecimento precoce dos sintomas sugestivos de reação transfusional e a informação imediata ao banco de sangue são essenciais.
- Os sintomas mais comuns são calafrios, rigidez, febre, dispneia, tontura, urticária, coceira e dor no flanco.
- Se qualquer um desses sintomas (que não seja urticária e coceira localizada) ocorrer, a transfusão deve ser interrompida imediatamente e o acesso IV mantido pérvio com soro fisiológico normal.
Resto do produto do sangue e amostras anticoaguladas e coaguladas do sangue do paciente devem ser enviadas para o banco de sangue para investigação. NOTA: a unidade em questão não deve ser reiniciada e a transfusão de qualquer unidade previamente providenciada não deve ser iniciada.
- Transfusão adicional deve ser retardada até que a causa da reação seja conhecida, a menos que a necessidade seja urgente, caso em que eritrócitos tipo O Rh negativo devem ser utilizados.
- Reações febris podem ocorrer sem hemólise.
- Os anticorpos direcionados contra o antígeno leucocitário humano (HLA) dos leucócitos no sangue de um doador de outra maneira compatível são uma possível causa.
Essa causa é a mais comum em pacientes multitransfundidos ou em multíparas. As citocinas liberadas dos leucócitos durante o armazenamento, em particular em concentrados de plaquetas, são outra causa possível. A maioria das reações febris é tratada, com sucesso, com paracetamol e, se necessário, difenidramina.
Os pacientes também devem ser tratados (p. ex., com paracetamol) antes das transfusões futuras. Se o receptor teve mais de uma reação febril, filtros especiais de leucorredução são usados para transfusões futuras; a maioria dos hospitais utiliza componentes pré-armazenados leucorreduzidos do sangue (eritrócitos com depleção de leucócitos).
Cerca de 20 pessoas morrem todos os anos nos EUA em decorrência de reação transfusional hemolítica aguda. RTHA geralmente resulta da reação dos anticorpos do plasma do receptor contra os eritrócitos do doador. A incompatibilidade de antígenos ABO é a causa mais comum de reação transfusional hemolítica aguda.
Grau de incompatibilidade Quantidade de sangue administrada Velocidade de administração Integridade dos rins, fígado e coração
A fase aguda normalmente ocorre na 1ª hora do início da transfusão, mas pode ocorrer mais tarde durante a transfusão ou imediatamente depois. O início é muitas vezes abrupto. O paciente pode se queixar de desconforto e ansiedade. Pode haver dispneia, febre, calafrios, rubor facial e dor intensa, em especial na área lombar.
Pode haver evolução para choque, com pulso rápido e fraco; pele fria e pegajosa; baixa pressão arterial; e náuseas e vômitos. Icterícia pode se seguir após hemólise aguda. Se ocorrer RTHA sob anestesia geral, os únicos sintomas podem ser hipotensão, sangramento incontrolável em locais de incisão e nas mucosas provocado por coagulação intravascular disseminada (CIVD) associada, ou urina escura que reflete hemoglobinúria.
Se há suspeita de RTHA, um dos primeiros passos é verificar novamente os rótulos de identificação na amostra e no paciente. Confirma-se o diagnóstico por um teste de antiglobulina direta Teste direto da antiglobulina (Coombs direto) positivo, medição da hemoglobina urinária, desidrogenase láctica (LDH) sérica, bilirrubina e haptoglobina. A hemólise intravascular produz hemoglobina livre no plasma e na urina; os níveis de haptoglobina são muito baixos. Pode ocorrer hiperbilirrubinemia subsequente. Se houver suspeita de RTHA, a transfusão deve ser interrompida e o tratamento de suporte iniciado. A meta da terapia inicial é atingir e manter adequadamente a pressão arterial e o fluxo de sangue renal com soro fisiológico a 0,9% IV e furosemida. O soro fisiológico IV é administrado para manter a eliminação da urina em 100 mL/h por 24 h. A dose inicial de furosemida é de 40 a 80 mg (1 a 2 mg/kg em crianças), com doses futuras ajustadas para manter o fluxo urinário > 100 mL/h no primeiro dia. O tratamento medicamentoso da hipotensão deve ser feito com cautela. Os fármacos pressóricos, que diminuem o fluxo sanguíneo renal (p. ex., adrenalina, noradrenalina, alta dose de dopamina ), são contraindicados. Se o fármaco pressórico é necessário, normalmente dopamina, 2 a 5 mcg/kg/min, é utilizada. Sinais e sintoms incluem febre, exantema (erupções cutâneas que se disseminam centrifugamente, tornando-se eritroderma com bolhas), vômito, diarreia aquosa e sanguinolenta, linfadenopatia e pancitopenia decorrente de aplasia da medula óssea. Icterícia e níveis elevados de enzimas no fígado também são comuns. A doença enxerto versus hospedeiro ocorre 4 a 30 dias após a transfusão, sendo diagnosticada com base na suspeita clínica e nas biópsias da pele e medula óssea. A DEVH apresenta > 90% de mortalidade, pois não há tratamento específico disponível. A prevenção de doença enxerto versus hospedeiro é feita com irradiação (para lesar o DNA dos linfócitos doadores) de todos os hemocomponentes transfundidos. Ela é feita
Quando o receptor for imunocomprometido (p. ex., paciente com síndrome de imunodeficiência congênita, neoplasias hematológicas, transplante de células-tronco hematopoiéticas; recém-nascidos) Se o sangue do doador é obtido de um parente de 1º grau Quando há transfusão de componentes compatíveis com o HLA, excetuando-se as células-tronco
O tratamento com corticoides e outros imunossupressores, incluindo aqueles usados em transplante de órgão sólido, não necessita do uso de irradiação. O tratamento típico é com um diurético, como furosemida 20 a 40 mg IV. Ocasionalmente, nos pacientes que necessitam maior volume de infusão plasmática para reverter sobrecarga de varfarina, pode-se aplicar dose baixa de furosemida simultaneamente; no entanto, o CCP é a primeira escolha para esses pacientes. Os pacientes em alto risco de sobrecarga circulatória associada a transfusões (p. ex., com insuficiência cardíaca ou insuficiência renal grave) são tratados profilaticamente com um diurético (p. ex., furosemida 20 a 40 mg IV). A lesão aguda no pulmão relacionada à transfusão consiste em complicação não frequente causada por anticorpos anti-HLA e/ou antigranulócitos no plasma do doador que aglutina e desgranula os granulócitos do receptor dentro do pulmão. Os sintomas respiratórios agudos se desenvolvem e a radiografia torácica tem padrão característico de edema pulmonar não cardiogênico. Essa complicação é a segunda causa mais comum de morte relacionada com transfusões. A incidência é 1 em 5.000 a 1 em 10.000 transfusões, mas muitos casos são leves. A lesão de pulmão aguda leve a moderada, relacionada à transfusão, é provavelmente despercebida. A terapia de suporte geral tipicamente causa a recuperação sem sequelas que durem muito. Os diuréticos devem ser evitados. Usar sangue doado por homens reduz o risco dessa reação. Os casos devem ser comunicados ao serviço de hemotransfusão do hospital em onde está sendo feita a transfusão ou ao banco de sangue. As reações alérgicas para componente desconhecido no sangue do doador são comuns, quase sempre em decorrência de alergênios no plasma do doador, ou, com menos frequência, anticorpos de um doador alérgico. Essas reações são normalmente leves e incluem urticária, edema, tontura ocasional e cefaleia durante ou imediatamente após a transfusão. A febre simultânea é comum. Com menos frequência, podem ocorrer dispneia, respiração ofegante e incontinência, indicando espasmo generalizado da musculatura lisa. Raramente ocorre anafilaxia Anafilaxia Anafilaxia é uma reação alérgica aguda potencialmente fatal mediada por IgE que ocorre em pessoas previamente sensibilizadas quando são expostas novamente ao antígeno sensibilizador. Os sintomas. leia mais, sobretudo nos receptores com deficiência de IgA Deficiência seletiva de IgA A deficiência seletiva de imunoglobulina A é um nível de IgA < 7 mg/dL (< 70 mg/L, < 0,4375 micromol/L)com níveis normais de IgG e IgM. É a imunodeficiência primária mais comum. Muitos. leia mais, Em paciente com história de alergias ou reação alérgica à transfusão, um anti-histamínico pode ser administrado profilaticamente logo antes ou no começo da transfusão (p. ex., 50 mg de difenidramina por via oral ou IV). NOTA: os fármacos nunca devem ser misturados ao sangue. Se uma reação alérgica ocorrer, interrompe-se a transfusão. Um anti-histamínico (p. ex., 50 mg de difenidramina IV) geralmente controla urticária e prurido leves e a transfusão pode ser retomada. No entanto, uma reação alérgica moderada (urticária generalizada ou broncospasmo leve) também requer hidrocortisona (100 a 200 mg IV) e reação anafilática grave requer tratamento adicional com 0,5 mL de solução de adrenalina 1:1.000 por via subcutânea e soro fisiológico a 0,9% IV juntamente com investigação pelo banco de sangue. Outra transfusão não deve ocorrer até que a investigação esteja completa. Os pacientes com deficiência grave de IgA grave necessitam de transfusão de eritrócitos lavados, plaquetas lavadas e plasma do doador deficiente em IgA. Ocasionalmente, um paciente sensibilizado a um antígeno eritrocitário apresenta níveis de anticorpos muito baixos e testes pré-transfusão negativos. Após a transfusão com eritrócitos com esse antígeno, resposta primária ou anamnéstica pode ocorrer (normalmente em 1 a 4 semanas) e causar reação hemolítica tardia. A reação transfusional hemolítica tardia geralmente não é tão catastrófica quanto a reação transfusional hemolítica aguda. Os pacientes podem ser assintomáticos ou ter febre leve. Raramente, ocorrem sintomas graves (p. ex., febre baixa, icterícia). Com frequência, ocorre somente destruição dos eritrócitos transfundidos (com o antígeno), resultando em queda do hematócrito e discreto aumento da desidrogenase láctica e da bilirrubina, com teste de antiglobulina direta positivo. Como a reação transfusional hemolítica tardia é quase sempre leve e autolimitada, muitas vezes não é identificada e o indício clínico pode ser queda inexplicável na hemoglobina para o nível pré-transfusão ocorrendo em 1 ou 2 semanas pós-transfusão. As reações graves são tratadas de modo similar às reações agudas. Contaminação bacteriana de concentrados de eritrócitos ocorre raramente, talvez em razão de técnica asséptica inadequada durante a coleta ou bacteremia transitória do doador assintomático. O resfriamento dos eritrócitos costuma limitar o crescimento bacteriano, exceto por microrganismos criofílicos como Yersinia, que pode produzir níveis perigosos de endotoxina. Todas as bolsas de concentrado de hemácias são examinadas quanto a crescimento bacteriano antes de serem liberadas, que é indicado por uma mudança na cor. Como os concentrados de plaquetas são armazenados à temperatura ambiente, têm potencial maior para crescimento bacteriano e produção de endotoxina se contaminadas. Para minimizar o crescimento, o armazenamento é limitado a 5 dias. O risco de contaminação bacteriana das plaquetas é de 1:2.500. Dessa forma, as plaquetas são rotineiramente testadas para bactérias. O vírus linfotrópico 1 da célula T humana (HTLV-1), que pode causar linfoma-leucemia da célula T em adultos e mielopatia associada ao HTLV-1/paraparesia espástica tropical, promove soroconversão pós-transfusional em alguns receptores. Todos os doadores de sangue são testados para anticorpos contra HTLV-1 e -HTLV-2. O risco estimado de resultados falso-negativos no teste do doador de sangue é de 1:641.000. A púrpura pós-transfusional é uma complicação muito rara na qual a contagem de plaquetas cai rapidamente de 4 a 14 dias após a transfusão de concentrado de hemácias, causando trombocitopenia Trombocitopenia As plaquetas são fragmentos de células circulantes que funcionam no sistema de coagulação. A trombopoietina ajuda a controlar o número de plaquetas circulantes estimulando a medula óssea a produzir. leia mais moderada a grave. Quase todas as pacientes são multíparas que normalmente receberam a hemotransfusão durante um procedimento cirúrgico. A etiologia exata não está esclarecida. No entanto, a hipótese mais aceita é a de que a paciente negativa para o antígeno plaquetário humano 1a (HPA1a) produz aloanticorpos por causa da exposição ao antígeno HPA1a do feto durante a gestação. Como os eritrócitos armazenados contêm micropartículas de plaquetas e como a maioria dos doadores (99%) é positiva para HPA1a, as micropartículas das plaquetas do sangue do doador podem deflagrar uma resposta de anticorpos nos pacientes previamente sensibilizados (resposta anamnéstica). Como essas micropartículas das plaquetas se ligam às plaquetas do receptor (e, portanto, revestem-nas com o antígeno HPA1a), os aloanticorpos destroem as plaquetas do receptor, causando trombocitopenia. O distúrbio desaparece espontaneamente à medida que as plaquetas revestidas de antígeno são destruídas. Os pacientes apresentam púrpura juntamente com sangramento moderado a grave — geralmente no local da cirurgia. As transfusões de plaquetas e hemácias pioram o quadro. A transfusão maciça é a transfusão de um volume de sangue maior ou igual a uma volemia de sangue em 24 h (p. ex., 10 unidades em adulto de 70 kg). Quando um paciente recebe reposição volêmica convencional com papa de hemácia (coloide) e cristaloides (soro fisiológico ou Ringer lactato) em um volume tão alto, os fatores de coagulação e as plaquetas no plasma são diluídos, causando coagulopatia (coagulopatia dilucional). Essa coagulopatia agrava a coagulopatia por consumo decorrente do próprio trauma grave (isto é, resultante da extensa ativação da cascata de coagulação) e leva a uma tríade letal de acidose, hipotermia e sangramento. Foram elaborados protocolos de transfusão maciça nos quais as plaquetas e o plasma fresco congelado são administrados mais cedo na reanimação, antes de haver coagulopatia, em vez de tentar "recuperar o terreno perdido". Demonstrou-se que esses protocolos diminuem a taxa de mortalidade, embora as proporções ideais de hemácias, plasma e plaquetas ainda estejam sendo investigadas. Um estudo não mostrou diferença significativa na mortalidade entre administrar uma unidade de plasma e um concentrado de plaquetas a cada 2 unidades de concentrado de hemácias (1:1:2) versus administrar uma unidade de plasma e um concentrado de plaquetas a cada 1 unidade de concentrado de hemácias, Os efeitos tóxicos do citrato e do potássio geralmente não são preocupantes, mesmo na transfusão maciça; entretanto, os efeitos tóxicos de ambos podem ser potencializados em caso de hipotermia. Os pacientes com insuficiência hepática podem ter dificuldade para metabolizar o citrato. Pode ocorrer hypocalcemia Hipocalcemia A hipocalcemia é a concentração total de cálcio < 8,8 mg/dL (< 2,20 mmol/L) na presença de concentrações normais de proteínas plasmáticas ou concentração plasmática de cálcio iônico <. leia mais, mas raramente é necessário tratar (com 10 mL de solução de gliconato de cálcio a 10% IV diluída em 100 mLD5W, administrada durante 10 minutos). Os pacientes com insuficiência renal podem ter aumento dos níveis de potássio se forem transfundidos com sangue armazenado por > 1 semana (o acúmulo de potássio normalmente é insignificante no sangue armazenado por < 1 semana). A hemólise mecânica durante a transfusão pode aumentar os níveis de potássio. Pode ocorrer hipopotassemia Hipopotassemia A hipopotassemia consiste na concentração plasmática de potássio < 3,5 mEq/L (< 3,5 mmol/L), provocada por uma deficiência nos depósitos corporais totais de potássio ou movimentação anormal. leia mais cerca de 24 h após a transfusão de eritrócitos senescentes ( > 3 semanas), que absorvem potássio.
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Quando é indicada a transfusão de hemácias?
Transfusion – Pasqual Barretti Alvimar Gonçalves Delgado Sobre os autores O emprego de transfusões de hemácias em pacientes com DRC deve ser criterioso e maximamente restrito (Evidência B). Na piora aguda da anemia, a transfusão está indicada nas seguintes situações:
• Independentemente da concentração de hemoglobina: perda volêmica maior que 30-40% do volume corporal; perda volêmica menor que 30% com sinais de inadequada oxigenação tecidual (angina, alterações eletrocardiográficas, instabilidade hemodinâmica, insuficiência cardíaca e alterações do estado de consciência); perda sanguínea aguda ativa sem controle imediato ou sem melhora clínica após reposição fluida (coloides ou cristaloides) (Evidência C). • Na ausência de manifestações clínicas, se a concentração de hemoglobina for ≤ 7 g/dL. (Evidência A).
Nas anemias crônicas associadas à inadequada resposta aos AEE, hemoglobinopatias ou falência medular, a transfusão sanguínea está indicada:
• quando houver hemoglobina ≤ 7 g/dL; • em caso de hemoglobina ≤ 8 g/dl em pacientes com doença cardiovascular preexistente ou • quando o paciente apresentar sinais e sintomas clínicos (instabilidade hemodinâmica durante a hemodiálise, hipotensão postural, fraqueza intensa, letargia, insuficiência cardíaca, angina, etc). (Evidência B).
Em pacientes em preparo eletivo para cirurgia, a transfusão deve ser indicada quando a hemoglobina for ≤ 7 g/dL, estando contraindicada se a hemoglobina for maior que 10 g/dL (Evidência B). Para pacientes com mais de 65 anos ou com doença cardiovascular preexistente, deve-se considerar como indicativo de transfusão uma concentração de Hb ≤ 8 g/dL. Em pacientes elegíveis para transplante de órgãos é recomendado evitar, quando possível, transfusão sanguínea para minimizar o risco de alossensibilização (Evidência A). Quando indicado o uso de concentrado de hemácias, o tempo de infusão deve ser de, no máximo, duas horas. A quantidade a ser infundida deve levar em conta a necessidade do paciente e o risco de hipervolemia (Opinião). A transfusão sanguínea é um procedimento de alto custo e associado ao risco de eventos adversos imunológicos como reações alérgicas e febris, hemólise fatal e não fatal, injúria pulmonar aguda associada à transfusão (TRALI), anafilaxia, sobrecarga circulatória, sobrecarga de ferro corporal, reação enxerto versus hospedeiro, ao lado de risco aumentado de transmissão do vírus da hepatite B, hepatite C e HIV, assim como de morte associada à sepse. Dados quantitativos sobre o risco destas complicações em pacientes transfundidos podem ser encontrados em publicações recentes, com destaque para as últimas recomendações da AABB ( American Association of Blood Bank ).1 1. Klein HG, Spahn DR, Carson JL. Red blood cell transfusion in clinical practice. Lancet 2007;370:415-26. PMID: 17679019 DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(07)61197-0 http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(07).2. Rawn J. The silent risks of blood transfusion. Curr Opin Anaesthesiol 2008;21:664-8. DOI: http://dx.doi.org/10.1097/ACO.0b013e32830f1fd1 http://dx.doi.org/10.1097/ACO.0b013e3283.3. Klein HG. How safe is blood, really? Biologicals 2010;38:100-4. PMID: 20074975 – 4 4. Carson JL, Grossman BJ, Kleinman S, Tinmouth AT, Marques MB, Fung MK, et al.; Clinical Transfusion Medicine Committee of the AABB. Red blood cell transfusion: a clinical practice guideline from the AABB*. Ann Intern Med 2012;157:49-58. Segundo as recomendações do KDIGO ( Kidney Disease: Improving Global Outcomes ), publicadas em 2012, 5 5. Locatelli F, Bárány P, Covic A, De Francisco A, Del Vecchio L, Goldsmith D, et al.; ERA-EDTA ERBP Advisory Board. Kidney Disease: Improving Global Outcomes guidelines on anaemia management in chronic kidney disease: a European Renal Best Practice position statement. Nephrol Dial Transplant 2013;28:1346-59. a decisão de transfundir um paciente com DRC e anemia aguda deve ser baseada não em um valor determinado da concentração de Hb, mas principalmente no quadro clínico e nas condições de controle do sangramento. Assim, pacientes com hemoglobina < 10 g/dL poderiam ser transfundidos apenas em decorrência dos sinais e sintomas de anemia. Mais recentemente, as diretrizes da AABB 4 4. Carson JL, Grossman BJ, Kleinman S, Tinmouth AT, Marques MB, Fung MK, et al.; Clinical Transfusion Medicine Committee of the AABB. Red blood cell transfusion: a clinical practice guideline from the AABB*. Ann Intern Med 2012;157:49-58. mostram que não há, até o momento, evidências de que a estratégia de uso liberal de transfusões, independentemente da Hb, seja melhor que o seu uso restrito. Há também várias evidências, incluindo dados recentes do US Renal Data System (USRDS), de que a transfusão aumenta o risco de isossensibilização 6 6.U.S. Renal Data System. USRDS 2010 Annual Data Report: Atlas of Chronic Kidney Disease and End-Stage Renal Disease in the United States, Bethesda: National Institutes of Health, National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases; 2010., 7 7.U.S. Renal Data System. USRDS 2011 Annual Data Report: Atlas of Chronic Kidney Disease and End-Stage Renal Disease in the United States, Bethesda: National Institutes of Health, National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases; 2011. em pacientes candidatos ao transplante renal, não havendo dados consistentes de que esse risco possa ser reduzido com o uso da leucorredução, 8 8. Karpinski M, Pochinco D, Dembinski I, Laidlaw W, Zacharias J, Nickerson P. Leukocyte reduction of red blood cell transfusions does not decrease allosensitization rates in potential kidney transplant candidates. J Am Soc Nephrol 2004;15:818-24. PMID: 14978185 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/01.ASN.0000115399.80913.B1 http://dx.doi.org/10.1097/01.ASN.0000115. hemácias lavadas, 9 9. Opelz G, Graver B, Mickey MR, Terasaki PI. Lymphocytotoxic antibody responses to transfusions in potential kidney transplant recipients. Transplantation 1981;32:177-83. PMID: 7025368 transfusão de doador 10 10. Reed A, Pirsch J, Armbrust MJ, Burlingham WJ, Knechtle SJ, D'Alessandro AM, et al. Multivariate analysis of donor-specific versus random transfusion protocols in haploidentical living-related transplants. Transplantation 1991;51:382-4. PMID: 1994532 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/00007890-199102000-00022 http://dx.doi.org/10.1097/00007890-19910. ou HLA-DR específicos.11 11. Christiaans MH, van Hooff JP, Nieman F, van den Berg-Loonen EM. HLA-DR matched transfusions: development of donor-specific T- and B-cell antibodies and renal allograft outcome. Transplantation 1999;67:1029-35. DOI: http://dx.doi.org/10.1097/00007890-199904150-00016 http://dx.doi.org/10.1097/00007890-19990. Nas anemias crônicas0, os sinais e sintomas associados a diferentes níveis de Hb são bastante variáveis. Em voluntários sadios em repouso, a redução isovolêmica da hemoglobina para 5 g/dL foi relativamente bem tolerada do ponto de vista cardiovascular e metabólico, embora alguns indivíduos apresentassem taquicardia e sinais eletrocardiográficos de isquemia.12 12. Weiskopf RB, Viele MK, Feiner J, Kelley S, Lieberman J, Noorani M, et al. Human cardiovascular and metabolic response to acute, severe isovolemic anemia. JAMA 1998;279:217-21. PMID: 9438742 DOI: http://dx.doi.org/10.1001/jama.279.3.217 http://dx.doi.org/10.1001/jama.279.3.217. No que concerne à função cognitiva, valores abaixo de 6 g/dL associaram-se a alterações que foram revertidas após transfusão com elevação da hemoglobina para 7 g/dL.13 13. Weiskopf RB, Kramer JH, Viele M, Neumann M, Feiner JR, Watson JJ, et al. Acute severe isovolemic anemia impairs cognitive function and memory in humans. Anesthesiology 2000;92:1646-52. PMID: 10839915 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/00000542-200006000-00023 http://dx.doi.org/10.1097/00000542-20000. Em outro estudo, concentrações de hemoglobina menores que 5 g/dL associaram-se à dispneia e à descompensação cardíaca.14 14. Linman JW. Physiologic and pathophysiologic effects of anemia. N Engl J Med 1968;279:812-8. PMID: 5676226 DOI: http://dx.doi.org/10.1056/NEJM196810102791508 http://dx.doi.org/10.1056/NEJM1968101027. O estudo TRICC ( Transfusion Requirements in Critical Care ), 15 15. Hébert PC, Yetisir E, Martin C, Blajchman MA, Wells G, Marshall J, et al.; Transfusion Requirements in Critical Care Investigators for the Canadian Critical Care Trials Group. Is a low transfusion threshold safe in critically ill patients with cardiovascular diseases? Crit Care Med 2001;29:227-34. PMID: 11246298 no qual 43% dos pacientes apresentavam doença cardiovascular, não observou diferenças na mortalidade entre pacientes transfundidos com hemoglobina menor que 7 g/dL e aqueles com níveis mais elevados que 7 g/dL.9 9. Opelz G, Graver B, Mickey MR, Terasaki PI. Lymphocytotoxic antibody responses to transfusions in potential kidney transplant recipients. Transplantation 1981;32:177-83. PMID: 7025368 No estudo FOCUS 16 16. Carson JL, Terrin ML, Noveck H, Sanders DW, Chaitman BR, Rhoads GG, et al.; FOCUS Investigators. Liberal or restrictive transfusion in high-risk patients after hip surgery. N Engl J Med 2011;365:2453-62. PMID: 22168590 ( Transfusion Trigger Trial for Functional Outcomes in Cardiovascular Patients Undergoing Surgical Hip Fracture Repair ), que incluiu 63% dos pacientes com doença cardiovascular e fatores de risco cardiovascular, e cuja estratégia restritiva era a indicação de transfusão se as concentrações de hemoglobina fossem ≤ 8 g/dL, também não se observaram diferenças entre os transfundidos com Hb ≤ 8 g/dL e aqueles transfundidos com Hb ≤ 10 g/dL, quanto à mortalidade e recuperação funcional. Em pacientes cirúrgicos não transfundidos por motivos religiosos, a mortalidade foi maior se a Hb no pós-operatório era menor que 7,0 g/dL e drasticamente mais elevada com níveis inferiores a 6g/dL.17 17. Carson JL, Noveck H, Berlin JA, Gould SA. Mortality and morbidity in patients with very low postoperative Hb levels who decline blood transfusion. Transfusion 2002;42:812-8. PMID: 12375651 DOI: http://dx.doi.org/10.1046/j.1537-2995.2002.00123.x http://dx.doi.org/10.1046/j.1537-2995.20. No estudo TRICC, 15 15. Hébert PC, Yetisir E, Martin C, Blajchman MA, Wells G, Marshall J, et al.; Transfusion Requirements in Critical Care Investigators for the Canadian Critical Care Trials Group. Is a low transfusion threshold safe in critically ill patients with cardiovascular diseases? Crit Care Med 2001;29:227-34. PMID: 11246298 com 838 pacientes, um grupo recebeu transfusões apenas quando a Hb caía a menos de 7 g/dL e o segundo (com 420 pacientes) era transfundido quando a hemoglobina estava abaixo de 10 g/dL para manter concentrações de Hb entre 10 e 12 g/dL; houve maior mortalidade nos pacientes com indicação liberal de transfusão. Entretanto, com base no estudo FOCUS 16 16. Carson JL, Terrin ML, Noveck H, Sanders DW, Chaitman BR, Rhoads GG, et al.; FOCUS Investigators. Liberal or restrictive transfusion in high-risk patients after hip surgery. N Engl J Med 2011;365:2453-62. PMID: 22168590 e na diretriz do KDIGO 11 11. Christiaans MH, van Hooff JP, Nieman F, van den Berg-Loonen EM. HLA-DR matched transfusions: development of donor-specific T- and B-cell antibodies and renal allograft outcome. Transplantation 1999;67:1029-35. DOI: http://dx.doi.org/10.1097/00007890-199904150-00016 http://dx.doi.org/10.1097/00007890-19990. considerou-se que, para pacientes com doença cardiovascular ou com alto risco cardiovascular, como aqueles com idade maior que 65 anos, a transfusão estaria indicada quando a concentração de Hb for ≤ 8 g/dL. Em caso de necessidade de transfusão, a utilização de sangue total se faz desnecessária, em virtude de a maior parte dos casos de hipovolemia poderem ser tratados com soluções cristaloides em associação com concentrado de hemácias. A leucorredução deve ser reservada para casos de reações transfusionais febris não hemolíticas 18 18. Narvios AB, Lichtiger B. Bedside leukoreduction of cellular blood components in preventing cytomegalovirus transmission in allogeneic bone marrow transplant recipients: a retrospective study. Haematologica 2001;86:749-52. PMID: 11454531 e para pacientes transplantados CMV IgG negativos, reduzindo o risco de transmissão do citomegalovírus.19 19. Karpinski M, Pochinco D, Dembinski I, Laidlaw W, Zacharias J, Nickerson P. Leukocyte reduction of red blood cell transfusions does not decrease allosensitization rates in potential kidney transplant candidates. J Am Soc Nephrol 2004;15:818-24. PMID: 14978185 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/01.ASN.0000115399.80913.B1 http://dx.doi.org/10.1097/01.ASN.0000115. Vale ressaltar que é recomendado que o tempo de infusão de hemocomponentes não seja maior que quatro horas, devido ao risco de contaminação bacteriana.20 20. Hospital Sírio Libanês- Manual de Conduta Hemoterápicas, 2a edição, Disponível em: http://www.hospitalsiriolibanes.org.br/hospital/banco-de-sangue/PublishingImages/guia-de-conduta.pdf http://www.hospitalsiriolibanes.org.br/h.
1 Klein HG, Spahn DR, Carson JL. Red blood cell transfusion in clinical practice. Lancet 2007;370:415-26. PMID: 17679019 DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(07)61197-0 » http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(07)61197-0 2 3 Klein HG. How safe is blood, really? Biologicals 2010;38:100-4. PMID: 20074975 4 Carson JL, Grossman BJ, Kleinman S, Tinmouth AT, Marques MB, Fung MK, et al.; Clinical Transfusion Medicine Committee of the AABB. Red blood cell transfusion: a clinical practice guideline from the AABB*. Ann Intern Med 2012;157:49-58. 5 Locatelli F, Bárány P, Covic A, De Francisco A, Del Vecchio L, Goldsmith D, et al.; ERA-EDTA ERBP Advisory Board. Kidney Disease: Improving Global Outcomes guidelines on anaemia management in chronic kidney disease: a European Renal Best Practice position statement. Nephrol Dial Transplant 2013;28:1346-59. 6 U.S. Renal Data System. USRDS 2010 Annual Data Report: Atlas of Chronic Kidney Disease and End-Stage Renal Disease in the United States, Bethesda: National Institutes of Health, National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases; 2010. 7 U.S. Renal Data System. USRDS 2011 Annual Data Report: Atlas of Chronic Kidney Disease and End-Stage Renal Disease in the United States, Bethesda: National Institutes of Health, National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases; 2011. 8 Karpinski M, Pochinco D, Dembinski I, Laidlaw W, Zacharias J, Nickerson P. Leukocyte reduction of red blood cell transfusions does not decrease allosensitization rates in potential kidney transplant candidates. J Am Soc Nephrol 2004;15:818-24. PMID: 14978185 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/01.ASN.0000115399.80913.B1 » http://dx.doi.org/10.1097/01.ASN.0000115399.80913.B1 9 Opelz G, Graver B, Mickey MR, Terasaki PI. Lymphocytotoxic antibody responses to transfusions in potential kidney transplant recipients. Transplantation 1981;32:177-83. PMID: 7025368 10 Reed A, Pirsch J, Armbrust MJ, Burlingham WJ, Knechtle SJ, D’Alessandro AM, et al. Multivariate analysis of donor-specific versus random transfusion protocols in haploidentical living-related transplants. Transplantation 1991;51:382-4. PMID: 1994532 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/00007890-199102000-00022 » http://dx.doi.org/10.1097/00007890-199102000-00022 11 Christiaans MH, van Hooff JP, Nieman F, van den Berg-Loonen EM. HLA-DR matched transfusions: development of donor-specific T- and B-cell antibodies and renal allograft outcome. Transplantation 1999;67:1029-35. DOI: http://dx.doi.org/10.1097/00007890-199904150-00016 » http://dx.doi.org/10.1097/00007890-199904150-00016 12 Weiskopf RB, Viele MK, Feiner J, Kelley S, Lieberman J, Noorani M, et al. Human cardiovascular and metabolic response to acute, severe isovolemic anemia. JAMA 1998;279:217-21. PMID: 9438742 DOI: http://dx.doi.org/10.1001/jama.279.3.217 » http://dx.doi.org/10.1001/jama.279.3.217 13 Weiskopf RB, Kramer JH, Viele M, Neumann M, Feiner JR, Watson JJ, et al. Acute severe isovolemic anemia impairs cognitive function and memory in humans. Anesthesiology 2000;92:1646-52. PMID: 10839915 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/00000542-200006000-00023 » http://dx.doi.org/10.1097/00000542-200006000-00023 14 Linman JW. Physiologic and pathophysiologic effects of anemia. N Engl J Med 1968;279:812-8. PMID: 5676226 DOI: http://dx.doi.org/10.1056/NEJM196810102791508 » http://dx.doi.org/10.1056/NEJM196810102791508 15 Hébert PC, Yetisir E, Martin C, Blajchman MA, Wells G, Marshall J, et al.; Transfusion Requirements in Critical Care Investigators for the Canadian Critical Care Trials Group. Is a low transfusion threshold safe in critically ill patients with cardiovascular diseases? Crit Care Med 2001;29:227-34. PMID: 11246298 16 Carson JL, Terrin ML, Noveck H, Sanders DW, Chaitman BR, Rhoads GG, et al.; FOCUS Investigators. Liberal or restrictive transfusion in high-risk patients after hip surgery. N Engl J Med 2011;365:2453-62. PMID: 22168590 17 Carson JL, Noveck H, Berlin JA, Gould SA. Mortality and morbidity in patients with very low postoperative Hb levels who decline blood transfusion. Transfusion 2002;42:812-8. PMID: 12375651 DOI: http://dx.doi.org/10.1046/j.1537-2995.2002.00123.x » http://dx.doi.org/10.1046/j.1537-2995.2002.00123.x 18 Narvios AB, Lichtiger B. Bedside leukoreduction of cellular blood components in preventing cytomegalovirus transmission in allogeneic bone marrow transplant recipients: a retrospective study. Haematologica 2001;86:749-52. PMID: 11454531 19 Karpinski M, Pochinco D, Dembinski I, Laidlaw W, Zacharias J, Nickerson P. Leukocyte reduction of red blood cell transfusions does not decrease allosensitization rates in potential kidney transplant candidates. J Am Soc Nephrol 2004;15:818-24. PMID: 14978185 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/01.ASN.0000115399.80913.B1 » http://dx.doi.org/10.1097/01.ASN.0000115399.80913.B1 20
Publicação nesta coleção Jan-Mar 2014
Recebido 23 Ago 2013 Aceito 10 Jan 2014
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Quais são as indicações da transfusão de crio?
As principais indicações da transfusão de CRIO são no tratamento da hemofilia A, doença de von Willebrand, deficiência de fibrinogênio congênita ou adquirida, deficiência de Fator XIII e complicações obstétricas ou outras situações associadas com o consumo de fibrinogênio, como CIVD.
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