Artigo Do Grau De Moto?
O que é o grau de moto? – O grau de moto, também conhecido como malabarismo, é o movimento de empinar a motocicleta, equilibrando-a apenas em uma roda e controlando-a com o freio traseiro. A técnica foi criada na década de 70, pelo californiano Doug Domokos, que se tornou o maior recordista da categoria e ficou conhecido como “The Wheelie King”.
Ver resposta completa
Multa por grau pode custar moto nova – Aqui no Brasil o ato de ‘dar grau’ no trânsito é um ato infracional punido com multa, Essa regra tem até seu próprio inciso, no Artigo 244 do Código de Trânsito Brasileiro, o CTB. ” Conduzir motocicleta, motoneta e ciclomotor fazendo malabarismo ou equilibrando-se apenas em uma roda “. Dar grau nas ruas não é uma boa ideia. No Brasil a multa gera suspensão da CNH, enquanto em outros países pode custar mais de uma 650cc zerinho – e o piloto ainda pode ficar a pé Por tanto: estamos falando de uma infração gravíssima e que tem multa cotada em R$ 293,47 – junto da suspensão do direito de dirigir, Na Áustria, a multa por grau pode chegar a 10 mil euros, mil a mais que uma CB 650R zero km E por lá não custa barato! Os valores partem dos 300 Euros (cerca de R$ 1.500) e podem variar até os 10 mil Euros (aproximadamente R$ 51 mil ). Ou seja, mais que o valor de uma CB 650R zero km, vendida lá por 9.090 euros.
Três bobeiras que podem gerar suspensão da CNH Big Brother do trânsito; Você já pode ser multado por câmeras Se deu mal! Piloto de F1 dá ‘role’ de scooter e toma multa
Contents
O que aconteceu com o grau da moto?
Todo mundo tem pressa e eles estão ali para resolver a urgência de geral. “Formigas” da economia de serviços em São Paulo, os entregadores de aplicativo vivem a adrenalina das ruas, mas na hora do lazer não largam a moto e a bike. Grauzeiros fazem dos parcos momentos de ócio uma diversão, sem descer das rodinhas. No último dado divulgado pelo Detran de São Paulo, em agosto de 2019, a frota de motocicletas, motonetas e afins, só na capital paulista, chega a mais de 1,2 milhão. Isso dá mais ou menos uma moto a cada 9,7 habitantes da capital. No estado de São Paulo, as motos passam da marca dos 5 milhões. Aos finais de semana rolam encontros de amigos, os fluxos do grau, onde geralmente os motoqueiros ocupam ruas sem saída ou pouco movimentadas, onde não há o risco de trombar com a Polícia Militar. Um desses rolês é o Quintal do Grau, um lugar quase secreto que existe há quase um ano, localizado na Favela da Coca, em Diadema.
A poucos metros do local, já é possível escutar o barulho de escapamento estalando e de placa raspando no chão. O Quintal é formado por duas ruas de asfalto sem saída e com uma única entrada. Ali, mais de vinte motos andam de um lado para o outro, dando grau em alta velocidade, enquanto outros motocas e crianças observam o fluxo.
“Achamos esse espaço bem isolado, longe da população, sem oferecer risco para ninguém”, conta Vitor Hugo, 22, de São Bernardo do Campo, sobre o surgimento do Quintal do Grau. O motoboy perdeu as contas de quantos acidentes já sofreu em cima da moto. “Liberdade total” é como ele define o grau.
- Marcos Vinícius, 21, autônomo e morador de Diadema, costuma ir ao menos duas vezes por semana no Quintal.
- O jovem se considera um alucinado em grau desde muito pequeno.
- Pra mim, a emoção é muito boa.
- Só quem tá nesse rolê do grau sabe.
- Dar grau não é zoeira, é pra desestressar.
- Grau é terapia.” Aliás, o certo é falar em “grauterapia”, como descreve Osmar Machado, 25, motoboy de Interlagos que está sempre praticando grau no Quintal.
“Grau significa muito para mim. Me traz calmaria. O efeito de quebrar limites vicia, você sente que é capaz de fazer cada vez melhor. Traz liberdade e concentração”, conta ele. Trombar com a Polícia Militar é um risco porque a diversão é considerada infração gravíssima, com perda de sete pontos na carteira, multa, suspensão do direito de dirigir e recolhimento do documento de habilitação.
O artigo 244-III do Código de Brasileiro de Trânsito proíbe “a realização de malabarismo ou equilíbrio em apenas em uma roda” como “demonstração ou exibição de manobra perigosa”. O problema é maior porque as autoridades podem abusar do poder e fazer mais que multar e apreender a carteira de motorista.
Carlos João*, 20, sabe bem como isso rola. Era quinta-feira, 19 de setembro de 2019, quando, assim que chegou do trabalho, por volta das 17h, pegou sua moto de 160 cilindradas para fazer um favor para a mãe. “Já é de lei na rua de casa sair chamando no grau”, diz.
Quando saiu surgiram dois policiais militares, cada um em uma moto. Enquadro na certa. “Disseram que iam apreender minha moto e aplicar multa. Depois decidiram me levar para uma rua deserta”, lembra. Ele pensava que ia tomar um “sacode” (agressão física). Mas foi sua moto quem sofreu as consequências do grau.
“Um deles puxou uma faca, mandou eu cortar os dois pneus, cabos de freio e cachimbo da vela de ignição. Depois disso, me liberaram”, conta o jovem. Segundo Carlos, ele gastou R$ 650 para consertar a moto para voltar ao trabalho. Mesmo com o risco, o prejuízo financeiro e as quedas, ele diz que não vai deixar de empinar sua moto. Se antes parecia que grau era algo que se fazia escondido, hoje os praticantes querem mesmo é divulgar suas manobras. O próximo passo de Carlos é fazer um canal no YouTube para compartilhar suas façanhas em cima da motinha. Outros praticantes que já têm canais na plataforma rodam a cidade para filmar a galera roletando (andando) pelas quebradas e para mostrar os fluxos do grau. A trajetória do grau — assim esperam os praticantes — pode imitar a de outra modalidade: o skate também já foi muito mal visto e até combatido. Vale lembrar que praticar skate em São Paulo era proibido nos anos 1980. Segundo a Folha de S.Paulo, um memorando do então prefeito Jânio Quadros solicitava a detenção de “todos aqueles que praticarem esse esporte, no leito das ruas e nos logradouros públicos”.
- Skates eram apreendidos e havia o risco de os menores serem levados ao juizado.
- A frase “andar de skate não é crime” estampou a capa de uma das primeiras edições da revista Yeah!, que fazia campanha contra sua proibição.
- O título foi inspirado em um movimento dos anos 1970, nos Estados Unidos.
- A lei paulistana só seria revogada em 1990, com Luiza Erundina.
Em tempo: em 2020, o skate irá estrear como esporte olímpico nas Olimpíadas de Tóquio, no Japão. “É difícil fazer as pessoas entender que o grau é um esporte e não um crime, que ele tem que ser valorizado e que pode tirar muitas pessoas do errado”, diz Osmar. Garotas também dão grau e têm feito muito pelo respeito à modalidade. Karollinny Nathalia Leão acabou aprendendo sozinha, assistindo a canais de grau no YouTube. Nathy desenrola bem no RL, sigla em inglês para “Rear Lift”, ou Elevador Traseiro. Ela empina a roda traseira da moto e se apoia na dianteira, uma das manobras mais difíceis de ver nos fluxos.
Sempre fui uma mina que gosta de desafios”, conta. O desejo de Nathy, que tem mais de 13 mil seguidores em sua conta no Instagram, é influenciar mais mulheres no grau. ” Lethycia Wheeling, Andressa Araújo e Bia Do Grau. De fora do Maranhão, tem a Juuh do Grau e a Amanda Massafera. Mano, essas guria são o toque, manja pra caramba, sou fã!” Nathy organiza eventos de grau em sua cidade, Montes Altos, no Maranhão.
O Campeonato de Wheeling, que está na 5ª edição, reúne mais de 2 mil pessoas e uma média de 50 participantes, e ainda conta com o apoio da prefeitura. “Há regras, juízes, pontuação e premiação”, explica Nathy. “Também temos as categorias iniciantes, amadores e avançadas, onde os participantes vão fazendo manobras livres e a pontuação é de acordo com a dificuldade”.
Outra modalidade da competição é a de Grau de Rua, onde Nathy participa como jurada e considera, por exemplo, o tempo e distância que os motocas percorrem com o grau. Os participantes precisam ser maiores de 18 anos e usar itens básicos de proteção, como capacete e tênis. “Não é um esporte sem lei”, destaca Nathy.
Jeferson Delgado/UOL
Ver resposta completa
Quantos motoqueiros têm em São Paulo?
Todo mundo tem pressa e eles estão ali para resolver a urgência de geral. “Formigas” da economia de serviços em São Paulo, os entregadores de aplicativo vivem a adrenalina das ruas, mas na hora do lazer não largam a moto e a bike. Grauzeiros fazem dos parcos momentos de ócio uma diversão, sem descer das rodinhas. No último dado divulgado pelo Detran de São Paulo, em agosto de 2019, a frota de motocicletas, motonetas e afins, só na capital paulista, chega a mais de 1,2 milhão. Isso dá mais ou menos uma moto a cada 9,7 habitantes da capital. No estado de São Paulo, as motos passam da marca dos 5 milhões. Aos finais de semana rolam encontros de amigos, os fluxos do grau, onde geralmente os motoqueiros ocupam ruas sem saída ou pouco movimentadas, onde não há o risco de trombar com a Polícia Militar. Um desses rolês é o Quintal do Grau, um lugar quase secreto que existe há quase um ano, localizado na Favela da Coca, em Diadema.
- A poucos metros do local, já é possível escutar o barulho de escapamento estalando e de placa raspando no chão.
- O Quintal é formado por duas ruas de asfalto sem saída e com uma única entrada.
- Ali, mais de vinte motos andam de um lado para o outro, dando grau em alta velocidade, enquanto outros motocas e crianças observam o fluxo.
“Achamos esse espaço bem isolado, longe da população, sem oferecer risco para ninguém”, conta Vitor Hugo, 22, de São Bernardo do Campo, sobre o surgimento do Quintal do Grau. O motoboy perdeu as contas de quantos acidentes já sofreu em cima da moto. “Liberdade total” é como ele define o grau.
- Marcos Vinícius, 21, autônomo e morador de Diadema, costuma ir ao menos duas vezes por semana no Quintal.
- O jovem se considera um alucinado em grau desde muito pequeno.
- Pra mim, a emoção é muito boa.
- Só quem tá nesse rolê do grau sabe.
- Dar grau não é zoeira, é pra desestressar.
- Grau é terapia.” Aliás, o certo é falar em “grauterapia”, como descreve Osmar Machado, 25, motoboy de Interlagos que está sempre praticando grau no Quintal.
“Grau significa muito para mim. Me traz calmaria. O efeito de quebrar limites vicia, você sente que é capaz de fazer cada vez melhor. Traz liberdade e concentração”, conta ele. Trombar com a Polícia Militar é um risco porque a diversão é considerada infração gravíssima, com perda de sete pontos na carteira, multa, suspensão do direito de dirigir e recolhimento do documento de habilitação.
O artigo 244-III do Código de Brasileiro de Trânsito proíbe “a realização de malabarismo ou equilíbrio em apenas em uma roda” como “demonstração ou exibição de manobra perigosa”. O problema é maior porque as autoridades podem abusar do poder e fazer mais que multar e apreender a carteira de motorista.
Carlos João*, 20, sabe bem como isso rola. Era quinta-feira, 19 de setembro de 2019, quando, assim que chegou do trabalho, por volta das 17h, pegou sua moto de 160 cilindradas para fazer um favor para a mãe. “Já é de lei na rua de casa sair chamando no grau”, diz.
Quando saiu surgiram dois policiais militares, cada um em uma moto. Enquadro na certa. “Disseram que iam apreender minha moto e aplicar multa. Depois decidiram me levar para uma rua deserta”, lembra. Ele pensava que ia tomar um “sacode” (agressão física). Mas foi sua moto quem sofreu as consequências do grau.
“Um deles puxou uma faca, mandou eu cortar os dois pneus, cabos de freio e cachimbo da vela de ignição. Depois disso, me liberaram”, conta o jovem. Segundo Carlos, ele gastou R$ 650 para consertar a moto para voltar ao trabalho. Mesmo com o risco, o prejuízo financeiro e as quedas, ele diz que não vai deixar de empinar sua moto. Se antes parecia que grau era algo que se fazia escondido, hoje os praticantes querem mesmo é divulgar suas manobras. O próximo passo de Carlos é fazer um canal no YouTube para compartilhar suas façanhas em cima da motinha. Outros praticantes que já têm canais na plataforma rodam a cidade para filmar a galera roletando (andando) pelas quebradas e para mostrar os fluxos do grau. A trajetória do grau — assim esperam os praticantes — pode imitar a de outra modalidade: o skate também já foi muito mal visto e até combatido. Vale lembrar que praticar skate em São Paulo era proibido nos anos 1980. Segundo a Folha de S.Paulo, um memorando do então prefeito Jânio Quadros solicitava a detenção de “todos aqueles que praticarem esse esporte, no leito das ruas e nos logradouros públicos”.
- Skates eram apreendidos e havia o risco de os menores serem levados ao juizado.
- A frase “andar de skate não é crime” estampou a capa de uma das primeiras edições da revista Yeah!, que fazia campanha contra sua proibição.
- O título foi inspirado em um movimento dos anos 1970, nos Estados Unidos.
- A lei paulistana só seria revogada em 1990, com Luiza Erundina.
Em tempo: em 2020, o skate irá estrear como esporte olímpico nas Olimpíadas de Tóquio, no Japão. “É difícil fazer as pessoas entender que o grau é um esporte e não um crime, que ele tem que ser valorizado e que pode tirar muitas pessoas do errado”, diz Osmar. Garotas também dão grau e têm feito muito pelo respeito à modalidade. Karollinny Nathalia Leão acabou aprendendo sozinha, assistindo a canais de grau no YouTube. Nathy desenrola bem no RL, sigla em inglês para “Rear Lift”, ou Elevador Traseiro. Ela empina a roda traseira da moto e se apoia na dianteira, uma das manobras mais difíceis de ver nos fluxos.
- Sempre fui uma mina que gosta de desafios”, conta.
- O desejo de Nathy, que tem mais de 13 mil seguidores em sua conta no Instagram, é influenciar mais mulheres no grau.
- Lethycia Wheeling, Andressa Araújo e Bia Do Grau.
- De fora do Maranhão, tem a Juuh do Grau e a Amanda Massafera.
- Mano, essas guria são o toque, manja pra caramba, sou fã!” Nathy organiza eventos de grau em sua cidade, Montes Altos, no Maranhão.
O Campeonato de Wheeling, que está na 5ª edição, reúne mais de 2 mil pessoas e uma média de 50 participantes, e ainda conta com o apoio da prefeitura. “Há regras, juízes, pontuação e premiação”, explica Nathy. “Também temos as categorias iniciantes, amadores e avançadas, onde os participantes vão fazendo manobras livres e a pontuação é de acordo com a dificuldade”.
- Outra modalidade da competição é a de Grau de Rua, onde Nathy participa como jurada e considera, por exemplo, o tempo e distância que os motocas percorrem com o grau.
- Os participantes precisam ser maiores de 18 anos e usar itens básicos de proteção, como capacete e tênis.
- Não é um esporte sem lei”, destaca Nathy.
Jeferson Delgado/UOL
Ver resposta completa
O que é grauterapia?
Todo mundo tem pressa e eles estão ali para resolver a urgência de geral. “Formigas” da economia de serviços em São Paulo, os entregadores de aplicativo vivem a adrenalina das ruas, mas na hora do lazer não largam a moto e a bike. Grauzeiros fazem dos parcos momentos de ócio uma diversão, sem descer das rodinhas. No último dado divulgado pelo Detran de São Paulo, em agosto de 2019, a frota de motocicletas, motonetas e afins, só na capital paulista, chega a mais de 1,2 milhão. Isso dá mais ou menos uma moto a cada 9,7 habitantes da capital. No estado de São Paulo, as motos passam da marca dos 5 milhões. Aos finais de semana rolam encontros de amigos, os fluxos do grau, onde geralmente os motoqueiros ocupam ruas sem saída ou pouco movimentadas, onde não há o risco de trombar com a Polícia Militar. Um desses rolês é o Quintal do Grau, um lugar quase secreto que existe há quase um ano, localizado na Favela da Coca, em Diadema.
- A poucos metros do local, já é possível escutar o barulho de escapamento estalando e de placa raspando no chão.
- O Quintal é formado por duas ruas de asfalto sem saída e com uma única entrada.
- Ali, mais de vinte motos andam de um lado para o outro, dando grau em alta velocidade, enquanto outros motocas e crianças observam o fluxo.
“Achamos esse espaço bem isolado, longe da população, sem oferecer risco para ninguém”, conta Vitor Hugo, 22, de São Bernardo do Campo, sobre o surgimento do Quintal do Grau. O motoboy perdeu as contas de quantos acidentes já sofreu em cima da moto. “Liberdade total” é como ele define o grau.
- Marcos Vinícius, 21, autônomo e morador de Diadema, costuma ir ao menos duas vezes por semana no Quintal.
- O jovem se considera um alucinado em grau desde muito pequeno.
- Pra mim, a emoção é muito boa.
- Só quem tá nesse rolê do grau sabe.
- Dar grau não é zoeira, é pra desestressar.
- Grau é terapia.” Aliás, o certo é falar em “grauterapia”, como descreve Osmar Machado, 25, motoboy de Interlagos que está sempre praticando grau no Quintal.
“Grau significa muito para mim. Me traz calmaria. O efeito de quebrar limites vicia, você sente que é capaz de fazer cada vez melhor. Traz liberdade e concentração”, conta ele. Trombar com a Polícia Militar é um risco porque a diversão é considerada infração gravíssima, com perda de sete pontos na carteira, multa, suspensão do direito de dirigir e recolhimento do documento de habilitação.
O artigo 244-III do Código de Brasileiro de Trânsito proíbe “a realização de malabarismo ou equilíbrio em apenas em uma roda” como “demonstração ou exibição de manobra perigosa”. O problema é maior porque as autoridades podem abusar do poder e fazer mais que multar e apreender a carteira de motorista.
Carlos João*, 20, sabe bem como isso rola. Era quinta-feira, 19 de setembro de 2019, quando, assim que chegou do trabalho, por volta das 17h, pegou sua moto de 160 cilindradas para fazer um favor para a mãe. “Já é de lei na rua de casa sair chamando no grau”, diz.
- Quando saiu surgiram dois policiais militares, cada um em uma moto.
- Enquadro na certa.
- Disseram que iam apreender minha moto e aplicar multa.
- Depois decidiram me levar para uma rua deserta”, lembra.
- Ele pensava que ia tomar um “sacode” (agressão física).
- Mas foi sua moto quem sofreu as consequências do grau.
“Um deles puxou uma faca, mandou eu cortar os dois pneus, cabos de freio e cachimbo da vela de ignição. Depois disso, me liberaram”, conta o jovem. Segundo Carlos, ele gastou R$ 650 para consertar a moto para voltar ao trabalho. Mesmo com o risco, o prejuízo financeiro e as quedas, ele diz que não vai deixar de empinar sua moto. Se antes parecia que grau era algo que se fazia escondido, hoje os praticantes querem mesmo é divulgar suas manobras. O próximo passo de Carlos é fazer um canal no YouTube para compartilhar suas façanhas em cima da motinha. Outros praticantes que já têm canais na plataforma rodam a cidade para filmar a galera roletando (andando) pelas quebradas e para mostrar os fluxos do grau. A trajetória do grau — assim esperam os praticantes — pode imitar a de outra modalidade: o skate também já foi muito mal visto e até combatido. Vale lembrar que praticar skate em São Paulo era proibido nos anos 1980. Segundo a Folha de S.Paulo, um memorando do então prefeito Jânio Quadros solicitava a detenção de “todos aqueles que praticarem esse esporte, no leito das ruas e nos logradouros públicos”.
- Skates eram apreendidos e havia o risco de os menores serem levados ao juizado.
- A frase “andar de skate não é crime” estampou a capa de uma das primeiras edições da revista Yeah!, que fazia campanha contra sua proibição.
- O título foi inspirado em um movimento dos anos 1970, nos Estados Unidos.
- A lei paulistana só seria revogada em 1990, com Luiza Erundina.
Em tempo: em 2020, o skate irá estrear como esporte olímpico nas Olimpíadas de Tóquio, no Japão. “É difícil fazer as pessoas entender que o grau é um esporte e não um crime, que ele tem que ser valorizado e que pode tirar muitas pessoas do errado”, diz Osmar. Garotas também dão grau e têm feito muito pelo respeito à modalidade. Karollinny Nathalia Leão acabou aprendendo sozinha, assistindo a canais de grau no YouTube. Nathy desenrola bem no RL, sigla em inglês para “Rear Lift”, ou Elevador Traseiro. Ela empina a roda traseira da moto e se apoia na dianteira, uma das manobras mais difíceis de ver nos fluxos.
“Sempre fui uma mina que gosta de desafios”, conta. O desejo de Nathy, que tem mais de 13 mil seguidores em sua conta no Instagram, é influenciar mais mulheres no grau. ” Lethycia Wheeling, Andressa Araújo e Bia Do Grau. De fora do Maranhão, tem a Juuh do Grau e a Amanda Massafera. Mano, essas guria são o toque, manja pra caramba, sou fã!” Nathy organiza eventos de grau em sua cidade, Montes Altos, no Maranhão.
O Campeonato de Wheeling, que está na 5ª edição, reúne mais de 2 mil pessoas e uma média de 50 participantes, e ainda conta com o apoio da prefeitura. “Há regras, juízes, pontuação e premiação”, explica Nathy. “Também temos as categorias iniciantes, amadores e avançadas, onde os participantes vão fazendo manobras livres e a pontuação é de acordo com a dificuldade”.
- Outra modalidade da competição é a de Grau de Rua, onde Nathy participa como jurada e considera, por exemplo, o tempo e distância que os motocas percorrem com o grau.
- Os participantes precisam ser maiores de 18 anos e usar itens básicos de proteção, como capacete e tênis.
- Não é um esporte sem lei”, destaca Nathy.
Jeferson Delgado/UOL
Ver resposta completa
Quais são os principais encontros de motoqueiros aos finais de semana?
Todo mundo tem pressa e eles estão ali para resolver a urgência de geral. “Formigas” da economia de serviços em São Paulo, os entregadores de aplicativo vivem a adrenalina das ruas, mas na hora do lazer não largam a moto e a bike. Grauzeiros fazem dos parcos momentos de ócio uma diversão, sem descer das rodinhas. No último dado divulgado pelo Detran de São Paulo, em agosto de 2019, a frota de motocicletas, motonetas e afins, só na capital paulista, chega a mais de 1,2 milhão. Isso dá mais ou menos uma moto a cada 9,7 habitantes da capital. No estado de São Paulo, as motos passam da marca dos 5 milhões. Aos finais de semana rolam encontros de amigos, os fluxos do grau, onde geralmente os motoqueiros ocupam ruas sem saída ou pouco movimentadas, onde não há o risco de trombar com a Polícia Militar. Um desses rolês é o Quintal do Grau, um lugar quase secreto que existe há quase um ano, localizado na Favela da Coca, em Diadema.
- A poucos metros do local, já é possível escutar o barulho de escapamento estalando e de placa raspando no chão.
- O Quintal é formado por duas ruas de asfalto sem saída e com uma única entrada.
- Ali, mais de vinte motos andam de um lado para o outro, dando grau em alta velocidade, enquanto outros motocas e crianças observam o fluxo.
“Achamos esse espaço bem isolado, longe da população, sem oferecer risco para ninguém”, conta Vitor Hugo, 22, de São Bernardo do Campo, sobre o surgimento do Quintal do Grau. O motoboy perdeu as contas de quantos acidentes já sofreu em cima da moto. “Liberdade total” é como ele define o grau.
Marcos Vinícius, 21, autônomo e morador de Diadema, costuma ir ao menos duas vezes por semana no Quintal. O jovem se considera um alucinado em grau desde muito pequeno. “Pra mim, a emoção é muito boa. Só quem tá nesse rolê do grau sabe. Dar grau não é zoeira, é pra desestressar. Grau é terapia.” Aliás, o certo é falar em “grauterapia”, como descreve Osmar Machado, 25, motoboy de Interlagos que está sempre praticando grau no Quintal.
“Grau significa muito para mim. Me traz calmaria. O efeito de quebrar limites vicia, você sente que é capaz de fazer cada vez melhor. Traz liberdade e concentração”, conta ele. Trombar com a Polícia Militar é um risco porque a diversão é considerada infração gravíssima, com perda de sete pontos na carteira, multa, suspensão do direito de dirigir e recolhimento do documento de habilitação.
- O artigo 244-III do Código de Brasileiro de Trânsito proíbe “a realização de malabarismo ou equilíbrio em apenas em uma roda” como “demonstração ou exibição de manobra perigosa”.
- O problema é maior porque as autoridades podem abusar do poder e fazer mais que multar e apreender a carteira de motorista.
Carlos João*, 20, sabe bem como isso rola. Era quinta-feira, 19 de setembro de 2019, quando, assim que chegou do trabalho, por volta das 17h, pegou sua moto de 160 cilindradas para fazer um favor para a mãe. “Já é de lei na rua de casa sair chamando no grau”, diz.
Quando saiu surgiram dois policiais militares, cada um em uma moto. Enquadro na certa. “Disseram que iam apreender minha moto e aplicar multa. Depois decidiram me levar para uma rua deserta”, lembra. Ele pensava que ia tomar um “sacode” (agressão física). Mas foi sua moto quem sofreu as consequências do grau.
“Um deles puxou uma faca, mandou eu cortar os dois pneus, cabos de freio e cachimbo da vela de ignição. Depois disso, me liberaram”, conta o jovem. Segundo Carlos, ele gastou R$ 650 para consertar a moto para voltar ao trabalho. Mesmo com o risco, o prejuízo financeiro e as quedas, ele diz que não vai deixar de empinar sua moto. Se antes parecia que grau era algo que se fazia escondido, hoje os praticantes querem mesmo é divulgar suas manobras. O próximo passo de Carlos é fazer um canal no YouTube para compartilhar suas façanhas em cima da motinha. Outros praticantes que já têm canais na plataforma rodam a cidade para filmar a galera roletando (andando) pelas quebradas e para mostrar os fluxos do grau. A trajetória do grau — assim esperam os praticantes — pode imitar a de outra modalidade: o skate também já foi muito mal visto e até combatido. Vale lembrar que praticar skate em São Paulo era proibido nos anos 1980. Segundo a Folha de S.Paulo, um memorando do então prefeito Jânio Quadros solicitava a detenção de “todos aqueles que praticarem esse esporte, no leito das ruas e nos logradouros públicos”.
Skates eram apreendidos e havia o risco de os menores serem levados ao juizado. A frase “andar de skate não é crime” estampou a capa de uma das primeiras edições da revista Yeah!, que fazia campanha contra sua proibição. O título foi inspirado em um movimento dos anos 1970, nos Estados Unidos. A lei paulistana só seria revogada em 1990, com Luiza Erundina.
Em tempo: em 2020, o skate irá estrear como esporte olímpico nas Olimpíadas de Tóquio, no Japão. “É difícil fazer as pessoas entender que o grau é um esporte e não um crime, que ele tem que ser valorizado e que pode tirar muitas pessoas do errado”, diz Osmar. Garotas também dão grau e têm feito muito pelo respeito à modalidade. Karollinny Nathalia Leão acabou aprendendo sozinha, assistindo a canais de grau no YouTube. Nathy desenrola bem no RL, sigla em inglês para “Rear Lift”, ou Elevador Traseiro. Ela empina a roda traseira da moto e se apoia na dianteira, uma das manobras mais difíceis de ver nos fluxos.
Sempre fui uma mina que gosta de desafios”, conta. O desejo de Nathy, que tem mais de 13 mil seguidores em sua conta no Instagram, é influenciar mais mulheres no grau. ” Lethycia Wheeling, Andressa Araújo e Bia Do Grau. De fora do Maranhão, tem a Juuh do Grau e a Amanda Massafera. Mano, essas guria são o toque, manja pra caramba, sou fã!” Nathy organiza eventos de grau em sua cidade, Montes Altos, no Maranhão.
O Campeonato de Wheeling, que está na 5ª edição, reúne mais de 2 mil pessoas e uma média de 50 participantes, e ainda conta com o apoio da prefeitura. “Há regras, juízes, pontuação e premiação”, explica Nathy. “Também temos as categorias iniciantes, amadores e avançadas, onde os participantes vão fazendo manobras livres e a pontuação é de acordo com a dificuldade”.
Outra modalidade da competição é a de Grau de Rua, onde Nathy participa como jurada e considera, por exemplo, o tempo e distância que os motocas percorrem com o grau. Os participantes precisam ser maiores de 18 anos e usar itens básicos de proteção, como capacete e tênis. “Não é um esporte sem lei”, destaca Nathy.
Jeferson Delgado/UOL
Ver resposta completa